quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A Grande Caminhada


"Un avocat de 57 de ani, din Argentina, care a pornit într-o călătorie în jurul lumii pe cal, a ajuns joi la Drobeta Turnu Severin".
http://www.gds.ro/Eveniment/2007-11-24/Ocolul+pamantului+in+saua+unui+cal&hl=Alin%20GHICIULESCU&tip=toate

A saga continua. Mesmo sem saber bem o que está escrito dá para perceber que Eduardo Discoli continua a sua saga pelo Mundo e anda meio perdido algures pela Roménia, quem sabe se à procura do famoso Vampiro da Transilvânia.
Cuidado com o Inverno, D. Eduardo!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Democracia e Intolerância

"O governador Civil de Braga, Fernando Moniz, confirmou ontem ter enviado ao Procurador Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, uma exposição no sentido de que fosse reapreciado o arquivamento do processo contra as pessoas que participaram numa manifestação contra o Governo, aquando de uma reunião do Conselho de Ministros, em Outubro do ano passado, em Guimarães".
http://jn.sapo.pt/2007/11/28/policia_e_tribunais/governador_civil_confirma_exposicao_.html


O Estado moderno, na divisão preconizada por Montesquieu, assenta na teoria dos três poderes e da sua separação: o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judicial.
Teoricamente é assim que se organiza o Estado Português.
Teoricamente também é pressuposto serem independentes.
Mas serão mesmo independentes?
Existem cada vez mais sinais de ingerências e pressões externas em cada um deles. E aqui pode estar um desses sinais.
Ainda de acordo com o mesmo artigo, "A manifestação aconteceu à porta do Centro Cultural Vila Flor. À saída do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, José Sócrates, foi vaiado, num momento de grande tensão, com as forças de segurança a travar o avanço dos manifestantes".
Pelos vistos não se pode vaiar o senhor primeiro-ministro, nem se pode reunir um grupo de cidadãos para o fazer. Isto sem um pré-aviso entregue na câmara municipal.
O mesmo já não acontece se for para aplaudir.
Qualquer dia o nosso primeiro ouve muitas palmas e pensa que estão a aplaudi-lo mas é o mesmo que fazem as criancinhas naqueles seus jogos infantis: o sim é não e o não é sim...

domingo, 25 de novembro de 2007

Carta Aberta ao Senhor Inspector Geral da Administração Interna

Sr. Inspector:
Em mais de trinta anos de serviço na Guarda Nacional Republicana nunca vi uma crítica tão veemente, humilhante e tão desadequada à acção das polícias como esta que V. Ex.ª desferiu na entrevista concedida ao Expresso, especialmente vinda de "dentro".
Conheço as fraquezas da organização em que estou inserido mas também reconheço tudo aquilo que V. Ex.ª omitiu e que é o que nos dá força para prosseguir: o tributo dado diariamente por milhares de agentes em prol de uma causa, amplamente reconhecido e divulgado nos órgãos de comunicação social.
Há alguns anos, Senhor Inspector, ocorreu um envenenamento de animais na via pública na zona da Lourinhã e um canal de televisão efectuou um reportagem naquela área onde entrevistou diversas pessoas anónimas, entre elas um miúdo de uns 9 ou 10 anos, a quem perguntarem o que faria se soubesse quem tinha praticado aquela barbaridade ao que o petiz respondeu: -Se soubesse quem foi informava a Guarda.
A atitude do menino revela confiança e não medo. Medo dos polícias tínhamos nós, nos anos 50 e 60 do século passado. Hoje não é assim e V. Exª sabe-o muito bem.
Então porquê generalizar?
V. Ex.ª tem responsabilidades, dirige o mais importante órgão de controlo (ex)terno da acção das polícias e não ignora a importância do papel desempenhado por aqueles que designou de "cowboys" no combate à criminalidade. Não pode ignorar que o crime organizado não se combate com rosas, nem que o problema da Guarda não é ser uma força militar, nem o facto de chamar "adversários" a quem está à margem da lei. Basta atentarmos no simples facto de eu estar a falar em combate, ou no nome de uma secção da Polícia Judiciária (Combate ao Banditismo) para percebermos que determinada linguagem belicista nada tem de errado mas se adequa àquilo que queremos exprimir.
Sinto-me ofendido, Senhor Inspector. Ofendido e humilhado. E não pense que é um qualquer sentimento corporativista. A minha opinião e visão crítica da Instituição tem sido reafirmada ao longo de dezenas de anos do serviço mais diverso, desde mero executante, nas ruas e nos campos, de pistola e bastão à cinta, até cargos de chefia e de controlo interno, de caneta em riste para "disparar" naqueles que ultrapassam os limites da legalidade... como pode ver aqui se se dignar dar uma espreitadela.
Para quem em cerca de dois anos exerceu o cargo no mais completo obscurantismo acho que escolheu a forma mais errada de dar visibilidade à sua existência.


Boaventura Afonso Eira-Velha

P.S. Esta carta foi enviada por correio electrónico ao destinatário em 25 de Novembro de 2007. Poderei ser processado disciplinarmente por ousar dirigir-me a SEXA e manifestar-lhe a minha indignação mas não podia ficar indiferente perante tanta falta de respeito às Instituições e às pessoas.
O Senhor Inspector Geral há-de perceber que ele passará e as Instituições prevalecerão. Já assim foi e continuará a ser.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Cantando e Rindo...

Portugal é o sexto país mais pobre dos 30 estados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Pode ler-se a notícia completa em
http://jn.sapo.pt/2007/11/22/economia_e_trabalho/portugal_sexto_pais_mais_pobre_ocde.html
E assim se faz Portugal... uns vão bem e outros mal...
O que poderemos nós fazer? Talvez...
Acho que já me estou a repetir demais :(

P.S. Para que não subsistam quaisquer dúvidas, declaro solenemente que nunca fiz parte da JP :)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Gémeos

"somo parecidos, temos o riso fácil e damos a mão com o coração"
http://jn.sapo.pt/2007/11/21/ultima/socrates_e_chavez_querem_aprofundar_.html

Eu diria mais: Não são parecidos, são gémeos. Para quem não acreditar sugiro um exercício clássico, descubram as diferenças...

Imagem: http://dn.sapo.pt/2007/11/20/225900.jpg

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A Bilha



Não era uma bilha qualquer. Era uma bilha única pela qual toda a gente gostava de beber e um instrumento indissociável das jornadas de árduo trabalho do campo sob a inclemência de um sol abrasador. A água que brotava do seu seio arredondado era fresca e cristalina, porque fresca e cristalina era ela ao sair do próprio manancial e a bilha conservava todas essas qualidades acrescentando-lhe um indescritível sabor a barro recosido sabe-se lá em que olaria.
Um dia andavam meus pais e irmãos a sachar milho no Manhuço (raio de nome) e incumbiram-me de ir encher a bilha de água a uma nascente no sítio denominado Uzenda (raio de nome). Todo empertigado e importante, lá me desloquei pé ante pé direitinho à nascente: Desci pelo caminho das Carvalheiras, virei à esquerda por um carreiro estreito até ao Chão do Monte, atravessei a corga que descia a encosta desde o Chão da Aveleira até ao Rio Pequeno ao fundo da Carvalheira e eis-me em frente da pequena mina de onde escorria uma generosa nascente de água do melhor que pode haver. E aqui começam as complicações... Olhei para o buraco, onde teria de me enfiar para aceder à água numa improvisada bica feita de pedras toscas mas recuei cheio de medo. Não que visse ali qualquer fantasma mas... podia estar lá alguma cobra e brrrrrrrr... nãaaa, não meto a cabeça naquele buraco. Recuei, olhei de novo, voltei para trás e fui embora sem uma gota de água. Para cúmulo, pelo estreito carreiro ladeado de ervas quase da minha altura já via cobras por todos os lados e cada vez mais amedrontado acelerei o passo o mais que me permitiam as pequenas pernas. Ao voltar a passar por um valado de onde escorria uma pequena cascata de água que fazia remexer as ervas que a ladeavam e produzir um ténue ruido deu-se o clímax dos medos. Então, desatei a correr com quantas ganas tinha. Ao subir o último troço do caminho, uma calçada tosca de pedras, terra e ervas escorreguei e bem tentei evitar o acidente mas o pior aconteceu: a bilha bateu numa pedra e desfez-se em mil pedaços. Oh que desgraça! Como foi possível aquilo acontecer-me? Que justificação eu ia dar aos meus pais e irmãos que cheios de sede aguardavam que eu lhes levasse o precioso líquido? E que castigo estaria reservado para o sacrilégio de partir a mais preciosa bilha que existia em todo o lugar de Cavenca e arredores?
Automaticamente, recolhi os pedaços de barro que me foi possível apanhar, deixei-os numa borda do campo de milho onde decorria o trabalho e, sem que ninguém me visse nem ao menos dizer "água vai", dei de "frosques" para casa...
Quando meu pai e irmãos regressaram para o almoço, que naquele tempo se chamava jantar, submeteram-me a um intenso e agressivo interrogatório para saber porque não lhes tinha levado a água. Atabalhoadamente defendi-me como pude, argumentando que a cobra tinha soprado e que escorregara... E a bilha, onde está a bilha? A bilha ficou no cimo do campo, no meio de uma ervas... Pois então, diz meu pai, depois de comermos vais comigo mostrar-me onde está.
A tempestade amainou, ganhei tempo e respirei fundo. Depois de ingerirmos o parco almoço deslocámo-nos ao local do "crime". Ao aproximarmo-nos do sítio onde tinha deixado os restos da famosa bilha adiantei-me a meu pai, que andava muito devagar devido a uma avaria no sistema de tracção o qual além das pernas contava com a ajuda de duas bengalas e de longe fui-o informando do sítio onde jaziam os "restos mortais" do estimado objecto.
Pelo sim pelo não fui mantendo uma distância razoável do meu progenitor, não fosse uma das suas auxiliares motrizes assentar-me nas costas...

Imagem: http://www.rt-atb.pt/fotos/C%20-%20Arlindo%20Silva%20-%20bilha%20de%20%C3%A1gua%20c%C3%B3pia.jpg

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Xirarei...



"Xirarei com'a roda do moinho,
Xirarei nas tuas augas de mulher.
Xirarei un por uno os teus caminhos
P'ra namorar-te xirarei e xirarei".

sábado, 10 de novembro de 2007

A Criação

Criar não é apenas alimentar ou propagar a espécie. É também educar, incutir hábitos e princípios adoptados pela sociedade. Por isso é muito comum utilizar a designação "malcriado" em relação a alguém que se comporta de forma incorrecta, tendo em conta os padrões utilizados para distinguir o certo do errado.
O Rogério, uma popular personagem muito conhecida e respeitada na Vila de Monção, era um daqueles indivíduos que não desperdiçava qualquer oportunidade para incutir na sua extensa prole uma criação sustentada em hábitos de respeito e honestidade. Habitava uma velha casa na Rua General Pimenta de Castro que também servia para exercer a sua actividade comercial em vários ramos, ora de taberneiro, ora de sapateiro, ora sei lá de quê. E era usual as pessoas das aldeias, sempre que se deslocavam à Vila para fazer compras ou resolver outras coisas que só ali se podiam decidir, deixarem os seus pertences no estabelecimento do Rogério enquanto deambulavam pelas artérias da localidade na resolução das inúmeras tarefas.
Um dia, ao proceder às ultimas arrumações para encerrar o estabelecimento, o Rogério encontrou perdida no meio da tralha uma carteira bem grossa, indiciando ter um bom recheio de notas, que na altura eram bem escassas.
Meteu a carteira no bolso e, fechadas as portas, dirige-se para a habitação onde a família, à volta da mesa, o esperava ansiosamente para cear.
Sentou-se no seu lugar e, com ar muito sério e em tom baixinho para estabelecer uma maior cumplicidade no acto, pegou na carteira, colocou-a em cima da mesa e disse: - Meus filhos, estamos ricos! Encontrei esta carteira cheia de dinheiro ali na loja e agora podem escolher o que desejarem...
Deslumbrados os filhos começaram cada um a pedir o que mais desejava. Uma queria uma máquina de costura, outro queria um clarinete novo, outro ainda um fato de veludo, enfim, uma lista enorme de pedidos...
Decepcionado com a ganância dos filhos, o Rogério puxou de uma vara apropriada e começou a desancar em todos exclamando: - Seus filhos da p..., eu a pensar que tinha uma família de gente honrada e honesta e estou metido com um bando de ladrões... vão já p'ra cama que hoje não há ceia para ninguém!
Era assim que se dava a criação naquele tempo. Hoje seria um método de educação mal aceite mas em certas circunstâncias ainda fazia jeito...

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Usurpação

Usurpação é um tipo de crime praticado com fequência e através do recurso às novas tecnologias, umas vezes inadvertidamente, outras intencionalmente. E de uma forma ou de outra todos nós abusamos um pouco daquilo que pertence a outrém, mesmo que nos seja facilmente acessível através da web, mas uma coisa é relevar algo de que gostamos por mero prazer, outra é retirar proveito económico à custa do património alheio.
Em Portugal a produção artística e literária está protegida por lei (Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março) que considera obras:
Art. 1.º
1 – (...) as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, por qualquer modo exteriorizadas, que, como tais, são protegidas nos termos deste Código, incluindo-se nessa protecção os direitos dos respectivos autores.
2 – As ideias, os processos, os sistemas, os métodos operacionais, os conceitos, os princípios ou as descobertas não são, por si só e enquanto tais, protegidos nos termos deste Código.
3 – (...) a obra é independente da sua divulgação, publicação, utilização ou exploração.

Consideram-se ainda obras originais:
Art. 2.º
1 – As criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, quaisquer
que sejam o género, a forma de expressão, o mérito, o modo de comunicação e o objectivo, compreendem nomeadamente:
a) Livros, folhetos, revistas, jornais e outros escritos;
b) Obras dramáticas e dramático-musicais e a sua encenação;
c) Conferências, lições, alocuções e sermões;
d) Obras coreográficas e pantominas, cuja expressão se fixa por escrito ou por qualquer outra forma;
e) Composições musicais, com ou sem palavras;
f) Obras cinematográficas, televisivas, fonográfica, videográfica e radiofónicas;
g) Obras de desenho, tapeçaria, pintura, escultura, cerâmica, azulejo, gravura, litografia e arquitectura;
h) Obras fotográficas ou produzidas por qualquer processo análogos aos da fotografia;
i) Obras de arte aplicadas, desenho ou modelos industriais e obras de design que constituam criação artística, independentemente da protecção relativa à propriedade industrial;
j) Ilustrações e cartas geográficas;
l) Projectos, esboços e obras plásticas respeitantes à arquitectura, ao urbanismo, à geografia ou às outras ciências;
m) Lemas ou divisas, ainda que de carácter publicitário, se se revestirem de originalidade;
n) Paródias e outras composições literárias ou musicais, ainda que inspiradas num tema ou motivo de outra obra.

As penas para o crime de usurpação podem ser "prisão até três anos e multa de 150 a 250 dias, de acordo com a gravidade da infracção, agravadas uma e outra para o dobro em caso de reincidência, se o facto constitutivo da infracção não tipificar crime punível com pena mais grave".
Serve esta advertência para dizer a alguém, e não vou dizer quem é porque o visado irá dar-se conta, que o meu blog tem como princípio respeitar as fontes. Se por um acaso tal não acontecer também não será grave, não pretendo apropriar-me do alheio e muito menos obter qualquer proveito.
Também quero deixar expresso que não vou exercer o direito de queixa, requisito essencial para desencadear a acção penal.
De resto, espero que os meus leitores e leitoras continuem a visitar, a usar e abusar deste espaço, que continuará a estar disponível enquanto os dedos me permitirem...