sábado, 19 de janeiro de 2008

Resistências

Já por aqui me pronunciei acerca da última fronteira que urge eliminar, a económica. Verifica-se agora que não é apenas essa. Resiste ainda uma fronteira que se torna absolutamente incompreensível nos tempos que decorrem, a burocrática.
Há alguns dias, ao ler o quinzenário monçanense "A Terra Minhota" apercebi-me do desconforto em que exercem actividade em Portugal as centenas de médicos espanhóis que, segundo se pode ler no artigo sob o título "Médicos espanhóis multados pela BT", se sentem perseguidos pela aplicação de leis obsoletas e anti-europeistas vigentes em Portugal.
Hoje, é o JN que traz o assunto a público fazendo eco do apelo da Associação de Profissionais da Saúde Espanhóis em Portugal (APSEP) "aos primeiros-ministros de Portugal e de Espanha para a resolução imediata do problema da circulação dos trabalhadores que residam em Espanha e trabalham em Portugal, reclamando a revogação da lei 22-A/2007, referente à regulamentação do Imposto sobre Veículos".
Segundo o mesmo artigo, "
em causa está a decisão do Governo português, por norma introduzida pelo Ministério das Finanças, de obrigar os trabalhadores espanhóis a substituírem as matrículas das suas viaturas por matrículas portuguesas nas suas deslocações diárias da sua residência para o local de trabalho, em Portugal, o que, nos últimos três meses, tem levado, junto às zonas transfronteiriças, a Brigada Fiscal da GNR a intensificar detenções, multas, retenções de documentação e até a imobilização de veículos".
É sobejamente conhecida a clamorosa falta de quadros na área da saúde, fruto de políticas proteccionistas de uma elite que tem vivido nas nuvens e que só foi possível superar os perniciosos efeitos nos cuidados de saúde prestados à população através do recurso ao recrutamento de técnicos estrangeiros. E se viessem de Cuba, ou do Brasil, ou da Austrália, ainda vá... Agora, vêm de um espaço onde, pretensamente, foram abolidas as fronteiras e é livre a circulação de trabalhadores e das mercadorias, na maioria dos casos nem necessitam mudar de residência pois fazem deslocações inferiores a muitos trabalhadores nacionais entre o local onde residem e aquele onde exercem a sua actividade profissional e têm de "exportar" o seu automóvel para Portugal? E no regresso a casa vão ter de mudar novamente de matrícula para circular em Espanha?
Dura lex, sed lex e não resta aos agentes da BT, da BF, da GF, dos Carabinieri, da Geandarmerie, do FBI ou da ASAE nada mais que não seja aplicá-la.
Já agora, coloquem um radar junto às fronteiras para "caçar" os infractores.
E já agora, contratem também um robot para cobrar as multas, sempre não terá de sofrer o vexame de se sentir num país do outro mundo.

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois é amigo. Se eu fizesse o meu gato fazer esse trabalho, acho que ele se negava, mas infelizmente essa malta não o pode fazer, porque têm família e não só. Mas não era má ideia fazer a outra malta fazer o trabalhinho, se quizerem manter os bolsos tão recheados.
Há muita coisa mal na mente de certas pessoas. Serão certamente os que nunca fizeram nada e se colocaram em bicos de pés a espreitar o poder e há aqueles que enfim, ainda não aprenderam a olhá-los como eles merecem ser olhados, mas acredito que está por pouco. Esses tipos precisam de ser olhados de sobrolho carregado e fazer-lhes ver que têm rabinho. Este país já me parece um país de paranoicios.

Ivy disse...

Amigo, apesar de não ter deixado comentários, tenho visitado teu espaço sempre.É sempre com interesse que acompanho o que publicas e conheço um pouco mais das realidades da tua terra.
Um grande abraço!

redjan disse...

Irra Sr. Eira .... na mouche ! Mas, num País onde fazemos da estupidez e ganância dois dos mais produzidos bens da industria nacional, pedir a alguém que resolva de facto qualquer problema que a um garoto da 3ª levaria menos que o tempo de aparar o lápis, pedir tal seria no minimo .... naif !!