domingo, 13 de janeiro de 2008

Linguística de Cavenca II – Pronúncias Dialectais

Linguística de Cavenca III – Pronúncias Dialectais

Isolado na encosta da serra, o povo de Cavenca desenvolveu formas de expressão próprias, algumas bem rudes, que nos faziam corar de vergonha sempre que alguém se ria da nossa “forma” de falar.

E não deixa de ser curioso que tais diferenças constituíam-se em áreas muito próximas. Só que a mobilidade das pessoas era ínfima e os círculos de relações estabeleciam-se quase exclusivamente nas próprias aldeias.

Aqui vão mais alguns dos termos e vocábulos que por lá ainda residem e resistem.

Acotchar Agasalhar, apertar (a roupa)
Arrincar Arrancar
Arrothada Paulada, cacetada
Atotar Amolgar, fazer mossa
Bormelho Vermelho
Cogordos Cogumelos
Escarapolar Escarapelar
Escambrom Escambroeiro, catapereiro, pilriteiro
Fichadura Fechadura
Gram Grão, testículo
Landra Lande, bolota (do carvalho)
Leitaruga Leituga
Malha Sova, tareia (levou uma malha)
Marelo Amarelo
Moutela Moiteira, mouteira
Saragaço Sargaço, caruma
Saramela Salamandra
Soque Soco, tamanco
Tchoutcho Chocho, atrasado mental
Xaragon Enxergão







4 comentários:

Anónimo disse...

Olá mano!!
Adorei a tradução do nosso Cavenquês.
Existem preconceitos de todos os tipos e como Cavenca tinha um dialeto próprio não fugia à regra.Quando a pessoa tentava inovar, logo era criticada. A última vez que estive em Portugal, a minha madrinha, que tb é sua, contava que certa vez, estava conversando com umas pessoas em Monção e quis falar diferente, ou seja, falar assim. Lá pelas tantas, uma pessoa do grupo disse que ela nem parecia de Cavenca, pois falava muito bem. Ela respondeu, mas nem todo mundo fala asi ou axi...aí foi tudo por água abaixo...rsrsrsrsrsrs
Beijos com saudades.

Eira-Velha disse...

É~isso mesmo, Mana.
Eu nasci lá e lá assimilei essa forma de nos expressarmos~, bem rude e parola, mas é nossa. Entretanto tenho-me esforçado por usar uma dicção mais sofisticada e continuo a ser o mesmo campóneo agora mais complicado porque me perguntam sempre se sou transmontano, ou espanhol...
Não vale a pena fugir, o Melro puxa sempre para a silvareira, como já alguém disse por aqui e eu sinto-me bem na silvareira eheheh.
Saudades, minha irmã.

Anónimo disse...

Muitos desses termos, para não dizer todos ou quase, também eram usados em Adrão. Agora, em Adrão, a línguagem deses tempos não existe. A globalização "lingual", acho que lhe posso chamar assim, tomou posse da terra nas quatro estações do ano. Pelo verão, quando muitos regressam á terra, os que nasceram fora e os que lá nasceram já usam uma miscelânia de tal ordem, que será bem mais fácil perceber que a sublevação linguística foi total.

Anónimo disse...

... na Gave - e não só - principalmente em Agosto,fala-se uma mistura de português, galego e francês que eu chamaria de "portugaleguês". Mas eu entendo-a...

Continue a registar os dialectos. Quem sabe se um dia os vindouros não recuperarão algumas dessas palavras? Nunca se sabe...É que a minha filha, nada e criada na cidade, quando se refere ao namorado diz e escreve, principalmente no MSN: o meu "home" tal e qual como as mulheres serranas. A sério!!! eheheheheh.
M. Caldas