sexta-feira, 26 de março de 2010

Até Quando?

http://niviaandres.blogspot.com/2009/02/cinismo-puro.html

Os Estados salvaram os bancos e não exigiram contrapartidas. Os bancos recuperam uma renovada força contra os Estados.

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segunda-feira, 22 de março de 2010

O Portal da Quinta do Crasto

Quem percorre a Estrada Nacional 101 de Monção para Valença, quase na divisória dos dois concelhos e das freguesias vizinhas de Lapela e Friestas, depara-se subitamente com uma imponente frontaria de granito que tem desafiado o decurso dos séculos. É o celebrado portão da Quinta do Crasto, ou de Castro, porque a primeira designação e aquela pela qual é mais conhecido não é mais nem menos do que o mesmo nome que apenas sofreu uma inversão na sua estrutura (metátese), fenómeno muito comum nesta região norte de Portugal.

A sua descoberta, quase repentina, no meio de densa e verdejante vegetação, leva muitos transeuntes a parar no largo fronteiro e indagar do que se trata, talvez alimentando a esperança de poder efectuar uma visita à propriedade que, com uma entrada daquele quilate, se antevê grandiosa e interessante.
Porém, depressa essa expectativa se desvanece. Os ferrugentos portões encontram-se fechados, não há qualquer dispositivo de chamada e não se vislumbra vivalma para fornecer qualquer explicação.
A grandiosidade do portão contrasta com o resto da propriedade que terá pertencido à aristocrática família  Pimenta de Castro, cuja genealogia se perde na memória dos tempos e com a qual não vou perder tempo nem quero fazer "concorrência" nesta matéria ao meu ilustre amigo Alberto Magno Pereira de Castro que, seguramente, já anda a vasculhar nas raízes dessa antiquíssima árvore...
De facto, a casa que agora tem vindo a ser alvo de obras de restauro e se projecta já com uma volumetria solarenga, não passava até há poucos anos de uma modesta habitação rural cercada de vinhas e leiras de cultivo.
À escassez de informação credível sobre a misteriosa quinta, contrapõe-se a lenda e a sabedoria popular consubstanciada em duas narrativas que, como todas as lendas, enfermam de escassa credibilidade.
A primeira é que na freguesia vizinha de Gondomil, dois homens envolveram-se numa contenda por causa dos marcos que dividiam as respectivas propriedades.À boa maneira do norte, o homem que se considerava roubado, puxou da enxada e desferiu um golpe na cabeça do vizinho, matando-o. Entretanto foram chamados os guardas da Rainha para prender o homicida. Este, conhecedor dos direitos e privilégios do Portão da Quinta do Crasto, fugiu e dirigiu-se para ali perseguido pelos guardas e pela população. Chegando lá, agarrou-se ao portal conseguindo eximir-se à justiça porquanto, todos aqueles que se protegessem junto do portal expiavam os crimes cometidos.
A segunda reza que, perante a ameaça das tropas napoleónicas que invadiram Portugal pelo Norte, os proprietários da nobre Quinta reuniram todo o dinheiro e jóias que possuíam e entregaram o fabuloso tesouro a um fiel criado incumbindo-o de o colocar em segurança. O criado apareceu mais tarde morto mas do tesouro nunca mais se soube, o que leva a considerar duas hipóteses: uma que teria o fiel servo escondido o tesouro em local seguro e levado o segredo do seu esconderijo para a eternidade, outra que aponta a possibilidade de ter sido morto e roubado pelos invasores.
Eu quero acreditar mais na primeira e não me espantará se, algum dia, alguém vier a confrontar-se com um achado fabuloso tornando-se em mais um excêntrico, qual vencedor do euromilhões.

domingo, 21 de março de 2010

Ecopista do Rio Minho - de Cortes até Friestas

Percorrer a ecopista do Rio Minho é uma actividade sempre regeneradora e aliciante. Contudo, pode-se tornar ainda mais aliciante se nos dermos ao trabalho de abandonar a pista propriamente dita e efectuar pequenos desvios numa espécie de "caça ao tesouro".
A recompensa aí fica, pedindo desde já a melhor compreensão para a qualidade do registo que se deve, exclusivamente, à natural falta de jeito do fotógrafo...
Este conjunto de fotografias foi recolhido num pequeno troço da magnífica via, entre o Apeadeiro de Cortes, em Monção, e a Estação de Friestas, já no termo de Valença.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Direito de Petição

"O direito de petição é o direito de apresentar exposições escritas para defesa de direitos, da Constituição, da lei ou do interesse geral. Pode ser exercido junto de qualquer órgão de soberania (à excepção dos tribunais) ou de quaisquer autoridades públicas, sobre qualquer matéria desde que a pretensão não seja ilegal e não se refira a decisões dos tribunais".
Está muito em moda, criar petições online por tudo e por nada, banalizando-se um direito que visa reforçar a cidadania e dar voz às pessoas no sentido de levar a administração a tomar, adoptar ou propor determinadas medidas.
Tem-me chegado à caixa de correio electrónico, por diversas vias e de proveniências que considero insuspeitas, o pedido de subscrição de uma petição pública em que é pedida a libertação de um militar da Guarda Nacional Republicana (GNR), condenado judicialmente em pena de prisão por, alegadamente em legítima defesa, ter morto um jovem de dezoito anos.
Seria uma iniciativa muito louvável se viesse acompanhada de toda a informação necessária para podermos aderir à mesma sem reservas.
Contudo, essa informação não existe e, por isso, fui obrigado a vasculhar a web à procura dela. E o que encontrei não me convenceu, muito pelo contrário, induziu-me a pronunciar-me aqui sobre o mérito da mesma e a pedir que deixem de me enviar pedidos desta natureza porque o meu sentido de camaradagem e de defesa de interesses corporativos não me permite agir cegamente nem apoiar incondicionalmente todas as iniciativas que digam respeito ao grupo profissional em que me encontro inserido.
A primeira constatação é que apenas colhe algum apoio em fóruns ou blogues relacionados com movimentos extremistas de direita, o que por si só é suficiente para me suscitar sérias reservas. Outro motivo de desconfiança deriva da análise de alguns comentários que os subscritores adicionam, que denotam muita paixão mas pouca capacidade de análise de matéria tão delicada.
O que está em causa, no caso em apreço, não é uma mera pena de prisão aplicada a um militar da GNR, é uma decisão judicial proferida num órgão de soberania em relação à qual o cidadão dispõe de mecanismos de defesa próprios e que também desconhecemos se foram ou não desencadeados.
Por isso mesmo, a Lei pela qual se rege o Direito de Petição exclui, do seu âmbito, os Tribunais.
Assim sendo, atrevo-me a formular algumas questões que gostaria de ver respondidas:
  • Quem desencadeou a referida petição?
  • A quem é dirigida?
  • Quais os fundamentos para, eventualmente, fazer reverter a decisão do Tribunal de Loures a favor do militar da GNR?
  • Qual a posição dos quadros de topo da GNR em todo este imbróglio?

Pelo que nos é dado observar através da comunicação social, o jovem assaltante que terá arrancado um fio de ouro ao militar foi abatido com três(?) tiros nas costas. A pena aplicada foi a que corresponde ao homicídio simples, à qual acresce uma outra pena por ofensas corporais simples já que um disparo atingiu a perna de uma jovem que passava no local. Perante este cenário, sejamos realistas, isentos e responsáveis, qualquer juiz teria, necessariamente, de condenar o autor dos disparos.
A quem não concordar comigo lanço apenas este repto: imagine que a vítima era vosso irmão, filho, pai ou parente... independentemente de ser um marginal, branco, negro, cigano ou alentejano.