domingo, 6 de março de 2011

Um Cheirinho de Abril

A música é muito poderosa. Ela tem sido o primeiro sinal de revolta contra a tirania e a opressão dos povos em todos os quadrantes do globo, porque a cantar também se dizem coisas sérias e, mais do que isso, desperta-se na consciência das pessoas uma força que parecia não existir. Ninguém da minha geração pode ter esquecido as músicas de intervenção que passavam em todas as rádios e nos canais de televisão após a revolução de 25 de Abril de 1975, já que entes não tinham grande "visibilidade".
Jamais esquecerei a peça de teatro que o grupo tripeiro Seiva Trupe levou ao Regimento de Infantaria n.º 6 e o final apoteótico com a canção "Somos Livres", a qual atingiu um nível de popularidade invulgar chegando a ser cantada nos trabalhos do campo como se se tratasse de um ancestral número de folclore...
Depois voltamos ao rame-rame do costume.
Agora que o "€stado de graça" acabou voltamos a ouvir, através da música, os sinais de descontentamento, alguns mais sérios, outros mais cómicos mas não menos indiciadores do desânimo que aflige o nosso povo.
E enquanto alguns cederam ao "cerco" censório que lhe foi montado (o caso dos Xutos e Pontapés e do "senhor engenheiro"), outros aí andam a abanar as consciência como é o caso de Paco Bandeira com a sua "cancão proibida" ou os Deolinda e a sua "parva que eu sou".
Agora foram os Homens da Luta que o voto popular (sim porque os experts elegeram um "fadinho") alcandorou no primeiro lugar do festival da canção da Radiotelevisão Portuguesa, o que lhes permite representar Portugal na farsa chamada Eurofestival ou Festival Eurovisão da Canção, a realizar na Alemanha.
E aquilo que para alguns poderá ser uma brincadeira pode tornar-se um caso sério e a ter muito em conta, sendo que já foi visível algum "desconforto" no final do espectáculo realizado ontem à noite.
Sabemos que não vão ganhar mas que vai ser uma grande reinação, isso vai. As consequências vê-las-hemos mais tarde.