segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Voz da Nossa Terra

Recebi há algum tempo o meu primeiro número da nova versão da folhinha “Voz da Nossa Terra” e fiquei surpreendido, não com o tamanho, que sempre foi pequeno, mas com o conteúdo que o torna bem grande. Surpreendido ainda pela diversidade, actualidade e pertinência dos temas apresentados. De facto, Riba de Mouro é uma freguesia grande e uma grande terra, fornecendo inúmeros motivos para dar a conhecer, principalmente aos que aqui nasceram e se encontram espalhados pelos quatro cantos do mundo.
A população ribamourense é capaz de grandes empreendimentos embora, numa perspectiva meramente pessoal, me pareça que, enquanto comunidade civil, nunca manifestou uma forte consciência colectiva. Porém, em torno da Igreja as coisas são muito diferentes, gerando-se até uma sã rivalidade entre os diversos lugares para ver quem é capaz de fazer melhor.
Já assim foi com a construção da torre e da igreja paroquial, obras, à data, “megalómanas” mas que hoje são um dos principais motivos de orgulho da nossa terra e, pelo que me tenho apercebido, continua a ser agora com as obras que estão a decorrer em torno do salão e residência paroquial.
Não faço a mínima ideia do que está ali a nascer. Disseram-me que será uma casa mortuária, uma estrutura certamente necessária, se bem que, em meu entender, deveria ser o órgão autárquico a desenvolver e financiar todo o processo.
Mas se há algo de que a freguesia carece urgentemente é de uma estrutura de apoio à terceira idade. A população residente tende a ficar envelhecida e, nesta área, são instituições sediadas noutras freguesias que dão cobertura à satisfação das necessidades básicas daqueles que vão perdendo autonomia.
Não terá de ser a Igreja, necessariamente, a colmatar esta lacuna. Mas em muitas outras localidades é em torno da mesma que se têm criado essas estruturas, apoiadas pela Segurança Social e com bons resultados.
De acordo com os resultados preliminares dos Censos 2011, Riba de Mouro foi, no conjunto das freguesias do concelho, daquelas que mais população perdeu nos últimos dez anos. As causas são bem conhecidas: interioridade, emigração, perda de estruturas essenciais (escolas, posto de saúde, etc.)…
Se “perderem” também os idosos será mais que certo que o fenómeno demográfico agora verificado não só será irreversível como tenderá a agravar-se ainda mais.

NOTA: Para quem não sabe, a folhinha "Voz da Nossa Terra" começou por ser um jornalzito paroquial, criado, redigido e editado durante muitos anos pelo saudoso Padre Manuel António Bernardo Pintor e extinguindo-se ainda em sua vida, quando a idade não lhe permitiu mais continuar a sua edição. Foi um importante meio de divulgação de notícias da freguesia e elo de ligação entre a comunidade ribamourense espalhada pelo mundo. Estão de parabéns todos os que contribuíram para o reactivar e se esforçam por manter vivo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Bode Expiatório

Em sentido figurado, um "bode expiatório" é alguém que é escolhido arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou qualquer evento negativo (que geralmente não tenha cometido)...
Mal refeito da catadupa de medidas de austeridade anunciadas ontem à noite pelo "nosso primeiro" (é o mínimo que posso fazer para não ser injusto com o seu antecessor), estou a tentar perceber até onde nos levará este torniquete que estrangula a classe média e abre portas a uma sociedade terceiromundista com alguns senhores de tudo e muitos possuidores de coisa nenhuma.
Transpondo a velha alegoria para a vida real, constatamos facilmente que o "bode expiatorio" existe e são os trabalhadores da administração pública.
Eles são TODOS os males da economia nacional, eles são aqueles que nada produzem e também são quem contribui, com os seus salários, para a obtenção de oitenta por cento das receitas que servirão para tapar os buracos do orçamento para o ano que vem e compensar os desvios que decorrem da execução orçamental do corrente ano. Isto para já, porque para 2013 poderá ser assim e algo mais e depois, provavelmente, só haverá emprego na comissão liquidatária...
E para quem diz, relativamente à liderança do Governo, que é tudo "farinha do mesmo saco", que também este é mentiroso e tudo mais eu digo que não... Pedro Passos Coelho mostrou-se visivelmente constrangido pelo anúncio destas medidas, obrigado a ir contra o seu programa de governo que já não augurava nada de bom mas muito diferente da realidade.
A governar com um orçamento que não foi o deste executivo e tomando posse numa situação em que alguns ministérios já não dispunham de verbas para pagar os salários dos funcionários não seria possível fazer muito melhor.
Mas há uma coisa que espanta quem, com seráfica resignação, aceita este esforço: onde estão as medidas de emagrecimento das "gorduras" do Estado?
Eu não ousaria recorrer a um chavão que percorre as redes sociais em que se preconiza que aqueles que exercem cargos políticos aufiram o salário mínimo. Mas há, seguramente, muito desperdício, mordomias e mesmo salários incomportáveis na actual conjuntura. Alguns cortes no statu quo, mesmo não resultando daí grandes resultados, sempre serviriam para suavizar o impacto da "bordoada"...



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Alvarinho

O vinho "alvarinho" é de Monção. Até podem vir cá dizer que já não é, que agora também é de Melgaço e tal... Não tenho nada a ver com isso, até porque apenas sou consumidor ocasional e estou à vontade para dizer o que me der na gana. Conforme é de Melgaço também se pode dizer que é de Valença, ou de Vila Nova de Cerveira, ou da Galiza, que também por lá o há, ou de Penafiel que a Sociedade Agrícola e Comercial Quinta da Aveleda também produz e comercializa vinhos dessa casta.
O que me leva a alinhavar estes considerandos é que, sendo o vinho da casta alvarinho um produto sub-regional, de superior qualidade e de produção muito limitada, deveria demarcar-se dos seus congéneres não só na fama mas também nos preços. Acontece que a caça desenfreada à "galinha dos ovos de ouro" acabará por matá-la ou então passará a ser uma galinha vulgar que apenas porá ovos normais. Eu explico.
Como é fácil de constatar, aparecem vinhos da casta alvarinho em todas as grandes, médias e pequenas superfícies comerciais, das mais diversas marcas, sendo que a origem (ainda) é a sub-região de Monção e Melgaço, a preços que eu considero perfeitamente banais e que oscilam entre os três e os seis euros a garrafa. Bem vistas as coisas, são preços comuns e situam-se na média dos vinhos expostos nas prateleiras da generalidade dos estabelecimentos comerciais. Esta "vulgaridade" surgiu com a explosão de novas plantações e novos produtores e engarrafadores, associada à introdução de novas técnicas de produção e ao apuramento da casta que a tornou muito mais produtiva do que a ancestral videira que produzia minúsculos cachos com pequenos e raros bagos, como se pode observar nas poucas explorações que ainda não sofreram transformação.
Será esta a política mais acertada? Haverá muitos argumentos a favor e ando eu, que de vinhos pouco ou nada entendo, a correr o risco de ficar isolado contra o resto do mundo a defender o que não tem defesa...
Não? E se vos disser que aqui bem perto há uma quinta que produz e comercializa a sua própria marca a preços cinco vezes superior ao valor mais baixo de que vos falei mais acima?
Pois é verdade. O alvarinho Quinta da Brejoeira é, realmente, um produto excepcional que se revela no preço e no copo. E, pelo que me consta, mesmo sem concorrer a feiras ou concursos, os estoques esgotam-se com facilidade.
Esta é que deveria ser, em meu entender, a via a seguir.