Recebi há algum tempo o meu primeiro número da
nova versão da folhinha “Voz da Nossa
Terra” e fiquei surpreendido, não com o tamanho, que sempre foi pequeno, mas
com o conteúdo que o torna bem grande. Surpreendido ainda pela diversidade,
actualidade e pertinência dos temas apresentados. De facto, Riba de Mouro é uma
freguesia grande e uma grande terra, fornecendo inúmeros motivos para dar a
conhecer, principalmente aos que aqui nasceram e se encontram espalhados pelos
quatro cantos do mundo.
A população ribamourense é capaz
de grandes empreendimentos embora, numa perspectiva meramente pessoal, me
pareça que, enquanto comunidade civil, nunca manifestou uma forte consciência
colectiva. Porém, em torno da Igreja as coisas são muito diferentes, gerando-se
até uma sã rivalidade entre os diversos lugares para ver quem é capaz de fazer
melhor.
Já assim foi com a construção da
torre e da igreja paroquial, obras, à data, “megalómanas” mas que hoje são um
dos principais motivos de orgulho da nossa terra e, pelo que me tenho
apercebido, continua a ser agora com as obras que estão a decorrer em torno do salão
e residência paroquial.
Não faço a mínima ideia do que
está ali a nascer. Disseram-me que será uma casa mortuária, uma estrutura certamente
necessária, se bem que, em meu entender, deveria ser o órgão autárquico a
desenvolver e financiar todo o processo.
Mas se há algo de que a freguesia
carece urgentemente é de uma estrutura de apoio à terceira idade. A população
residente tende a ficar envelhecida e, nesta área, são instituições sediadas
noutras freguesias que dão cobertura à satisfação das necessidades básicas
daqueles que vão perdendo autonomia.
Não terá de ser a Igreja,
necessariamente, a colmatar esta lacuna. Mas em muitas outras localidades é em
torno da mesma que se têm criado essas estruturas, apoiadas pela Segurança
Social e com bons resultados.
De acordo com os resultados
preliminares dos Censos 2011, Riba de Mouro foi, no conjunto das freguesias do
concelho, daquelas que mais população perdeu nos últimos dez anos. As causas
são bem conhecidas: interioridade, emigração, perda de estruturas essenciais
(escolas, posto de saúde, etc.)…
Se “perderem” também os idosos
será mais que certo que o fenómeno demográfico agora verificado não só será
irreversível como tenderá a agravar-se ainda mais.
NOTA: Para quem não sabe, a folhinha "Voz da Nossa Terra" começou por
ser um jornalzito paroquial, criado, redigido e editado durante muitos
anos pelo saudoso Padre Manuel António Bernardo Pintor e extinguindo-se ainda em sua vida, quando a idade não lhe permitiu mais continuar a sua edição. Foi um importante meio de divulgação de notícias da freguesia e elo de ligação entre a comunidade ribamourense espalhada pelo mundo. Estão de parabéns todos os que contribuíram para o reactivar e se esforçam por manter vivo.