domingo, 6 de junho de 2010

Mosteiro de Sanfins de Valença

Mais uma arrancada à descoberta dos tesouros arquitectónicos que ainda se podem apreciar pelo Vale do Minho mas que o ostracismo a que são votados parece destinar a fazer desaparecer.
Desta vez atravessei o Vale do Gadanha, rumei a Alderiz, Lara, Gondomil e desde aqui ataquei a serra, pela Estrada Nacional n.º 101-1. A meio da encosta segui as indicações e virei à direita. O objectivo era ir à descoberta do famoso Mosteiro Beneditino de Sanfins, onde existe um dos melhores exemplares da arquitectura românica do norte de Portugal.
Sobre uma plataforma ergue-se a igreja de uma nave, muito alta relativamente à largura, de grande qualidade construtiva, decoração rica e exuberante, características que fazem desta igreja um dos melhores exemplares do românico português. No exterior, as cornijas da nave e da cabeceira são ritmadas por cachorros e capitéis de poderosa volumetria na escultura e assinalável variedade dos temas (link).


A origem deste mosteiro remonta aos primórdios da nacionalidade, embora o convento seja muito posterior. Mas a degradação é bem evidente e a continuar assim não tardará muito que tudo se resumirá a escombros.
Percorri aqueles trilhos numa manhã sombria e solitária. Apenas os fantasmas do passado me acompanharam no reconhecimento breve que fiz por aquelas ruínas, das quais ainda é excepção a Igreja, principal monumento daquele conjunto.
No sepulcral silêncio, apenas quebrado pelo leve agitar dos ramos das frondosas árvores e pelo sonoro canto das aves que por ali esvoaçam e se reproduzem, um arrepio de medo e de raiva percorreu-me diversas vezes o corpo. Medo por sentir-me um intruso num pedaço de história tão longínquo quanto o é, pelo menos, a nossa nacionalidade. Raiva por constatar a triste realidade a que o ostracismo dos homens votou aquele magnífico monumento.
É pena.

9 comentários:

susana disse...

Pois, o costume!
Mas deixa lá, valeu o passeio!
Eu também gosto de ti, maldisposto!
beijinhos missixty

éf disse...

pois...é uma pena. e logo porque é um exemplo importante do "roteiro" românico no nosso país.

«Em Sanfins de Friestas (Valença), a igreja do antigo mosteiro beneditino é um excelente indicador de quanto uma igreja românica deve ser entendida não só pela arquitectura que patenteia, mas pelo local escolhido para a sua implantação.
Sobre uma plataforma ergue-se a igreja de uma nave, muito alta relativamente à largura, de grande qualidade construtiva, decoração rica e exuberante, características que fazem desta igreja um dos melhores exemplares do românico português. No exterior, as cornijas da nave e da cabeceira são ritmadas por cachorros e capitéis de poderosa volumetria na escultura e assinalável variedade dos temas.»

susana disse...

Vem ver a minha reportagem com os UHF!
Foste tu que me mandaste o mail da feira do Alvarinho?
beijinhos missixty

Dylan disse...

Como é possível um património deste votado ao desleixo?! Pobre país!...

Ivy disse...

Ao mesmo tempo da raiva, do medo...certamente misturou-se também uma grande emoção! Acho que repisar lugares assim traz à tona sensações incríveis,pensamentos que nem parecem nossos, imaginar as histórias dos homens e mulheres que andaram por ali num passado tão distante.É pena mesmo perder-se um patrimônio tão rico. No entanto, é assim que o tempo age sobre tudo. Um dia, tudo se vai meu amigo. Com, ou sem o descaso do homem!

Um abraço

Anónimo disse...

sss

Anónimo disse...

Este mosteiro que vos pasma foi da minha familia durante mais de cento e trinta anos. Quando foi vendido na década de setenta pelo meu pai estava longe da escandalosa degradação em que se encontra. Passou nessa altura a ser propriedade do câmara de Valença. Volto lá com alguma frequência. Venho de lá com vergonha deste país.

Felgueiras disse...

Este como outros monumentos está e continua ao abandono! As autarquias preferem construir umas rotundas e outros equipamentos megalómanos e desprezam o património histórico| Neste estão a roubas pedras e colunas do Convento! É uma tristeza!

Felgueiras disse...

Já contactei, a Câmara, GNR e outras entidades mas nada me responderam até ao momento! Provavelmente alguém irá usufruir de forma privada daquilo que é de todos!