domingo, 10 de outubro de 2010

Os Castros I

Não, não vou referir-me aos célebres Castros da velha nobreza cá do norte. Vou abordar mesmo a temática daqueles velhos aglomerados populacionais, tão velhos que não sabemos ao certo a data da sua implementação. São, seguramente muitos anos mas também não é isso que aqui vou tratar. Vou falar do abandono e do desprezo pelo património da humanidade cujos vestígios quis o destino que chegassem ao nosso tempo.
São três os castros que se situam na margem esquerda do rio Minho, nos limites territoriais do concelho de Monção: Senhora da Graça, em Badim, Senhora da Assunção, em Barbeita e São Caetano, em Longos Vales.
Hoje vou falar apenas do primeiro e que fica mais para nascente.
O castro da Senhora da Graça situa-se no cimo de uma elevação granítica, com cota a rondar os 315 metros, de perfil cónico. Ainda são visíveis algumas estruturas circulares. Provavelmente ocupado desde o Bronze Final à romanização plena, este castro, conjuntamente com os de S. Caetano e Sra. da Assunção, (...) dominava completamente o curso médio do rio Minho, donde tiraria grande parte da sua subsistência. Quanto a cronologias de ocupação, Maia Marques aponta para uma ocupação que iria entre séc. II a.C. ao séc. I d.C. Sendo este sem dúvida um local já intervencionado e que de algum modo se apresenta como um elemento importante para o estudo da Idade do Ferro e do Bronze no Alto Minho (CMMonção).
O acesso ao local faz-se pela estrada municipal n.º 1124 e, à chegada existe um quadro a informar da sua existência, que é um património em vias de classificação e com recomendações para não o destruir nem deixar lixo no local.
No que ao lixo diz respeito, não vale a pena gastar muito tempo. O "turista" interno é insensível a quaisquer apelos dessa natureza. Então mais acima, em torno da capela, o incêndio que abrasou toda a vegetação deixou a descoberto os incombustíveis dejectos que resultam, ao que parece, dos festejos ali realizados anualmente: são dezenas, talvez centenas de garrafas espalhadas pelo monte.
Mas se aqueles dejectos, no que concerne ao património arqueológico, são inofensivos, o mesmo não se pode dizer da abertura dos caminhos de acesso ao santuário que ocupa o topo da colina. Mesmo na borda da estrada podem ver-se a descoberto troços de paredes e muros do antigo povoado, um dos quais pelo lado de dentro de uma habitação castreja, o que revela bem o "cuidado" que (não) houve em preservar aquele património.

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