domingo, 26 de agosto de 2007

Emigrantes II

São de uma crueza singular, as fotos que uma Franco-Transmontana, Luso-descendente, me ensinou a descobrir.


E eu, que julgava saber tudo sobre o êxodo português dos anos 60, que me cansei de ver esposas e filhas de luto vestidas, viúvas e órfãos com maridos e pais vivos, adquiri uma nova visão do fenómeno pela perspectiva inversa da objectiva de Monseiur Bloncourt, imagens para ver e reflectir no endereço abaixo.


http://www.sudexpress.org/Expositions/Bloncourt/Images/Bloncourt.swf


Há mais documentos, retalhos de uma História ainda viva mas por contar na sua totalidade, na página do autor.



A miséria que se vivia em Portugal forçou muita gente a debandar e procurar melhorar as suas condições de vida. Para eles e para as suas famílias foi a solução.
E para o País?
A melhoria da economia de um País à custa da exportação de mão de obra é apenas ilusória. A riqueza é criada e resulta do trabalho. A História repete-se e não há forma de apreendermos as lições que nos incute. Desperdiçamos a riqueza promovida pelo fluxo das especiarias ocidentais, o mesmo com o ouro e a prata do Brasil, esbanjamos os milhões de €uros de fundos estruturais em investimentos não produtivos.
Hoje estamos no lugar comum que ocupávamos antes da adesão à Europa Comunitária. Em primeiros a contar da cauda.
Só falta virem dizer que estamos orgulhosamente... acompanhados!

16 comentários:

Professor disse...

Caro Eira-Velha,
nós sabemos que não foram os verdadeiros pobres que emigraram - esses não tinham dinheiro para comprar o "salto", nem courelas que pudessem dar como garantia necessária das quantias indispensáveis para o custo da passagem e protecção quase "gangsterial" que era necessária para empreender a viagem. Não, não foram os mais pobres os que emigraram, foram os mais gananciosos.
Tive familiares, irmãos do meu avô materno, que colhiam em vinho, resina, azeite e milho quantias já muito razoáveis naqueles anos que se seguiram à Grande Guerra e mesmo assim emigraram.
Os emigrantes comeram, é verdade, o pão que o diabo amassou mas principalmente para aumentarem a sua conta bancária, comprarem primeiro terrenos na sua freguesia e construirem uma grande "maison", mas depois, terrenos em Lisboa, Algarve e outras cidades. São os actuais empreiteiros, destruidores das nossas paisagens nacionais, esses pobres e ignorantes emigrantes de que a opinião pública politicamente correcta tanto bem diz.
Eu tenho sérias reservas! Mas haverá alguém menos politicamente correcto do que eu?
Um abraço.

Anónimo disse...

o que estas fotografias me trazem à memória...tanta coisa....porque também eu conheci esta dura realidade nas mais variadas vertentes.....

susana disse...

Não concordo totalmente com o professor, há pessoas que emigram sem um tostão no bolso! Vão a pé, à boleia e passam à sucapa a fronteira! Mas também há os que ele diz, pela ganância! Mas será realmente ganância, ir atrás de um sonho que possiblite uma casinha e mais uns trocos????
beijocas miss

pin gente disse...

fantásticas fotos, fantástico registo...
e acho que acabaste o texto divinamente... só falta mesmo isso!
um abraço
luísa

woman feelings disse...

É preciso sorrir á vida...tudo irá parecer bem melhor!...

Vem dançar comigo!... :)))

woman feelings disse...

É preciso sorrir á vida...tudo irá parecer bem melhor!...

Vem dançar comigo!... :)))

Eira-Velha disse...

Olá... em duplicado...
Bem, vamos ver se acertamos o passo...
***
Caro Professor, a sua opinião conta, e muito, embora eu não esteja de acordo, isto é, pelo conhecimento que tenho do fenómeno não posso concordar. É preciso ter muita necessidade e coragem para deixar o nosso canto e eu vi como as famílias se endividavam para pagar a "passagem".
Os empreiteiros egoístas e manipuladores estão aí, por todo o lado, nos átrios das câmaras, nos corredores dos centros de decisão, e não são ex-emigrantes...
Um abraço
***
Da Lapa, Bem-vindo a este humilde espaço.
***
Olá Miss, sempre vistosa... estás com bom ar, americanado...
Beijo.
***
A nortada deixou-te um bocado desgrenhada, amiga Luisa.
Mas a inspiração continua...
Um beijo

Ivy disse...

Olá amigo. Chocantes as fotos, o relato... Até parece um pouco com as favelas do meu imenso Brasil.
Sem dúvida, mudar para outras pátrias em busca de vida melhor não é ganância: é esperança. E tantas vezes ela é desfeita, maltratada...
Um grande abraço!

redonda disse...

As imagens fazem-me pensar na vida dura que lá devem ter tido. E agora não seremos um pais que recebe a mão-de-obra?

redonda disse...

Há pouco faltou um acento no país...sorry

Rubia disse...

pois... sendo eu produto dessa mao-de-obra q fugiu pra França, e consequentemente francesa tb... daí q sou revoltada por natureza. Tb me choca a situação de Portugal: como n foi possivel em 20 anos de CEE/CE estar no topo, como já a VIZINHA España, a Irlanda, e até mesmo a Grécia??... penso sinceramente q deveria haver um grupo de sabios a meditar e a pensar sobre o assunto para além do q já sabemos e das frases feitas.

Rubia disse...

ah... acabei de ler este (pobre) professor aqui nos comentários... credo, lá está esta parte do portuga q n suporto, q me revolta: fala e "DÁ PALPITES" sobre o q n domina, pq tem uma dor de corno q se sente a kms de distancia.
Graças a Deus, e ao trabalho arduo do meu pai, que começou a trabalhar aos 12 anos de idade em Lisboa e Leiria, sim a trabalhar 12 horas por dia nas obras... de tal maneira q teve q voltar a casa um ano depois, pq sofria de esgotamento e talvez de falta de carinho da mãe tb,( nem conseguia comer!) O meu pai tb viu o irmão mais velho, os primos, alguns amigos irem pó ultramar: uns voltaram doidos, outro nem regressaram. O meu pai não quis ir ao ultramar, e sp pagou forte e feio pa não ir: continuava a trabalhar em lisboa 12h ou mais. mas houve uma altura em q não deu mais: então teve de deixar de enviar dinheiro pa casa dos pais e de poupá-lo, e tal como todos os seus amigos, guardaram o dinheiro pa "ir a salto" . E assim foi... viveu numa garagem em França durante uns tempos: até nao foi mal, diz ele, estava com os amigos, e aquilo até dava pa rir todos os dias!
Agora, sr. professor, qdo leio q trata o meu pai, como os amigos, e os outros de gananciosos, tenho pena de si. O querer viver, viver melhor, vislumbrar um melhor futuro, AGORA É GANANCIA!!! BRAVO!!! cá na minha linguagem isso chama-se querer viver melhor, assim, simplesmente. E não, o meu pai não é um ignorante como o sr. "professor" estatuiu: pq ele pensa antes de falar, pq é 1 pessoa informada, pq sp teve a vontade q aproveitassemos (a minha irma e eu) qualquer oportunidade que a vida nos desse, e não pa rechear a conta bancaria dele (senão hoje tava rico, e nós, eramos, com mta sorte, cabeleireiras).Sim, houve e continua a haver ignorantes emigrantes, aqui tb os há, em Espanha tb, nos USA, na Papuásia tb, etc, etc. N é proprio do "migra", sabe?
Mais, tanto o meu pai, como a maior parte dos q emigraram não são de modo algum "os actuais empreiteiros, destruidores das nossas paisagens nacionais"... mas será q parou pa pensar, em vez de dizer semelhantes barbaridades???? Houve um exemplo talvez no seu meio, e generaliza certamente; é q n vejo outra explicação!!? quer ofender? porquê? alguma historia mal engolida por causa de um "migra"? ou será somente dor de cotovelo?
Vá, tipos como o sr. professor, até me dão pena, do fundo do coração. Sugiro-lhe q tome um chazinho de camomila, e q pense melhor, reflita antes de falar/escrever... pq parece q é um mal de mta gente, por cá.
(mil desculpas caro EV, por ocupar assim o seu espaço dos comment... obrigada)

belakbrilha disse...

Nem todos aqueles que deram "o SALTO"eram abastados!...esses podiam comprar bilhete.
Aqueles que morriam à míngua, tentaram o "SALTO", correndo todos os riscos...mas o maior risco era viver!
Quanto ao que diz
"Só falta virem dizer que estamos orgulhosamente... acompanhados!"

Já estamos habituados!
...e não digo mais nada! :-#

Até breve

Anónimo disse...

Olá Mano!!
Fiquei impressionada com as fotos.Tentei não comentar, até porque também sou uma emigrante, embora uma emigrante legal e não passei por nenhuma dificuldade, mas imagino o que meus irmãos não passaram quando tiveram que se ausentar do país. Quem falar o contrário, é porque nunca viu o ** à carriça.
Um beijão.

mghorta disse...

Na verdade tudo é muito bonito, só que a factura paga-se cara, e hoje facturamos isso.

As fotos denunciam um portugal escondido.

Anónimo disse...

para saberem mais sobre os novos portugueses na republica da irlanda visitem

www.lusosinireland.org - emigrantes portugueses na irlanda
http://www.lusosinireland.org