sábado, 31 de outubro de 2009

Faces Ocultas II

O "conjunto" nunca ficaria completo sem a presença dos senhores do fisco e da GNR, pois claro. Só não compreendo como é que o senhor Godinho ainda não foi contemplado com uma comenda qualquer... Assim, em vez de ser o "rei" da sucata passava a ser "o senhor comendador" e já podia organizar grandes patuscadas com todo o à-vontade, como fazia o vizinho do Pedro Macau...

Faces Ocultas

"Ó puta deita-te", dizia o "Manda" quando as coisas não corriam bem. Eu faço minhas as suas palavras. E não é caso para menos, se atentarmos nos principais temas da actualidade.
Por um lado vem os gajos da Moody’s dizer cobras e lagartos da nossa economia e a alertar para aquilo que é uma evidência não assumida por quem quer que seja, isto é, por quase todos, porque desde há muito tempo existe uma excepção a quem também ninguém dá ouvidos.
Por outro lado, aí vai mais um caso judicial cujos contornos, mau grado ter sido tornado público apenas agora mas que deveria, digo eu, ser blindado ao assédio dos media para não perturbar a investigação, aparecem muito bem desenvolvidos na comunicação social.
E não é que aparecem aqui figuras gradas de determinada força política que já anteriormente tinham sido conotadas com grandes trafulhices? E à semelhança do que ocorre com certas figuras públicas, a quem o povo manifesta total apoio concedendo-lhes os seus votos, também uma daquelas figuras mantém a confiança da administração do Banco onde detém lugar de destaque?
O que parece não oferecer quaisquer dúvidas é que o "rei" da sucata era mesmo boa pessoa. Vejam só como ele sabia levar a água ao seu moinho:
"Paiva Nunes tinha à sua espera nada mais nada menos que um potente Mercedes SL 500, matrícula 03-27-SQ. Treze dias depois, foi a vez de António Paulo Costa. À espera deste quadro superior da Petrogal, uma sociedade detida pela Galp, estava um Mercedes CL 65 AMG, matrícula 68-GV-25".
Ó puta, deita-te!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O primeiro dia do resto da minha vida

Fechou-se um ciclo.
Hoje, ao fim de quase trinta e três anos de trabalho profissional, quebrou-se a rotina de me levantar, escanhoar, vestir a tradicional farda de gala, apertada até às orelhas, olhar-me uma e outra vez no espelho para ver se não faltava nada e apresentar-me no Comando para assim me integrar no serviço.
Em vez disso, após os cuidados de higiene habituais, equipei-me adequadamente e saí a pé, atravessei a fronteira para um saudável e oxigenante passeio desportivo pela eco-pista galega, na margem direita do Rio Minho, e depois do refrescante banho começo a reflectir sobre esta mudança drástica mas há muito espectável.
Em jeito de despedida, que não o é, ocorrem-me apenas duas palavras: gratidão e perdão.
Gratidão a todos aqueles que me acompanharam naquele longo percurso pela camaradagem, pela entreajuda, pela paciência com que suportaram algumas das minhas impertinências, pela força de ânimo necessária em momentos de desalento. Grato também à Instituição por todas as realizações pessoais e profissionais que me permitiu atingir.
Perdão pelas omissões cometidas e por não ter ido mais além quando era preciso, por qualquer coisinha, não sei o quê mas há sempre qualquer coisinha...
Os bons momentos, guardarei-os para sempre.
Os "coices", que também os levei, não os esqueço mas "deixei-os" no quartel.
Despojei-me do fardo mas mantenho a farda para continuar a pugnar pelo prestígio da Instituição, pela honra e bom nome daqueles que abnegadamente servem a Pátria mesmo com sacrifício, se preciso for, da própria vida, ainda que para tal tenha de fazer, como fiz muitas vezes, de "advogado do diabo".
Mas agora deixem-me descansar.
O trabalho segue dentro de momentos...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tempo de Vacas Magras

O título não vem a propósito de qualquer conclusão acerca daquele "manual de maus costumes", como se referiu José Saramago à Bíblia, com ou sem razão, dependendo da perspectiva. Eu nunca ousaria colocar o debate num plano tão elevado e limito-me a coisas muito mais superficiais mas que continuam a preocupar-me.
É que dá a impressão que os problemas decorrentes da crise económica em que há muito tempo estamos a chafurdar já se diluíram com o entusiasmo das campanhas eleitorais ainda vivas na nossa lembrança e as expectativas que se alimentam tendo em conta os indicadores mais recentes.
Mas a verdade é que não há grandes motivos para deitar foguetes e se alguém tiver dúvidas vá vendo o que se passa aqui ao lado:
"Los propios populares pedirán una rebaja del 3% en el salario de todos los altos cargos. Unos 2.500 euros al año menos en la nómina del presidente de la Xunta y 2.000 en el caso de los conselleiros. "Una sociedad gallega que se está sacrificando necesita un Gobierno que se sacrifique también", anunció ayer Alberto Núñez Feijóo, durante la clausura de la reunión ayer de la interparlamentaria del PPdeG".
Estou à espera (e parece-me que terei de esperar sentado para não me cansar muito) de ver os nossos governantes, quer do governo central, quer dos governos autónomos ou mesmo das autarquias, assumir medidas semelhantes àquela que está a ser delineada pelos Galegos. E também seria louvável ver os empresários renunciar a parte dos seus lucros em prol da melhoria dos salários dos seus empregados ou mesmo para criar mais emprego, já que tanto se preocupam com o previsível aumento dos salários mínimos...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Xacobeo 2010 - II


Estes também lá vão estar...

Xacobeo 2010

Mais uma vez, em 2010, o dia 25 de Julho vai calhar ao Domingo e, consequentemente, celebrar-se-à mais um Ano Santo Compostelano ou X(J)acobeo. E o programa vai ser aliciante, conforme foi anunciado pelo conselheiro da Cultura.
Entre muitos outros, vai marcar presença Mark Knopfle que, a avaliar pela amostra, valerá a pena ver e, principalmente, escutar.
Se tiver vagar lá estarei...

sábado, 17 de outubro de 2009

Carta de Despedida


Hoje recomendo uns minutos de leitura atenta e de reflexão acerca do teor de um texto maravilhoso da autoria de Gabrial Garcia Marquez, dizem uns, de Johnny Welch, dizem outros.
Eu só sei dizer que gostei e por isso lhe dou este destaque (passe a imodéstia) neste meu recanto.
O acompanhamento musical fica-lhe bem e o texto integral pode ser lido ali

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Saia da Maitê

Agora que já assentou a poeira, enquanto uns arrumam as secretárias para darem lugar a outros, outros respiram de alívio por não terem de fazer mudanças da tralha que vem acumulando nos respectivos gabinetes desde há séculos e outros ainda, os novos inquilinos dos Paços do Conselho que vão querer mostrar o que valem, vou dizer umas coisas acerca do tema da semana (até parece que nem houve eleições).
Eu também fui contemplado com o vídeo do "Saia Justa" que vinha acompanhado de um texto escrito por alguém profundamente indignado e quase a exigir que Maitê Proença fosse declarada persona non grata  e proibida de voltar a entrar em Portugal. Vi e sorri, pensando cá para mim que era mais um email a rodopiar pela web até se cansar. Mas não. De repente, aquele vídeo é transformado num caso do dia, da semana, do mês, quiçá, do ano.
Essa gente não tem mais nada que fazer? Para quê alimentar uma polémica por causa de uma sátira (se se pode chamar àquilo uma sátira), quando há coisas muito mais importantes para discutir?
É que se continuamos assim vamos ter de pedir perdão aos alentejanos, aos minhotos, aos beirões, aos negros, aos brancos, a Samora Machel (por acaso também era negro), aos ciganos, aos polícias, aos ladrões, aos maric, não, aos gays, às lésbicas, aos hetero, tudo grupos formados por pessoas que constantemente servem de tema para todo o tipo de humor...
Onde pára o sentido de humor deste Povo?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Evocação de um Crime


Decorreu menos de um mês da data comemorativa de mais um aniversário do 11 de Setembro, não o que todos temos ainda vivo na memória mas outro mais horroroso provocado precisamente pelo ímpeto colonialista daqueles que sofreram o de 2001.
Este aconteceu no Chile, em 1973, e já pouco se fala nele.
Mas agora que ao actualizar as minhas leituras habituais me deparei com o relato cru da forma como foram tratados os prisioneiros políticos no Estádio de Santiago do Chile, aqui vos deixo esta música e ali o texto que certamente vos fará ficar, como a mim me fez, com a sensação de ter levado um soco no estômago.

domingo, 4 de outubro de 2009

Honras Militares

"O desacordo da GNR em prestar honras militares a António Costa valeu-lhe ser dispensada, quase na véspera, das comemorações na Praça do Município. José Sócrates vai estar presente."
É difícil julgar qualquer caso quando não se tem uma visão completa do problema. Contudo, até que seja prestado qualquer esclarecimento sobre os motivos que levaram o presidente da câmara municipal de Lisboa a "dispensar" a GNR das cerimónias comemorativas da implantação da republica, acto em que sempre participou com brio e profissionalismo, a versão que corre na comunicação social está sintetizada no pequeno extrato do DN online acima referido.
A ser assim, fica-lhe mal, sr. presidente. Essa arrogância só demonstra quão mesquinho é, ao tentar ridicularizar uma Instituição secular que ultrapassou barreiras políticas e ideológicas e continua orgulhosamente a servir a Pátria.
Será a continuação do seu trabalho de descredibilização e descaracterização que iniciou enquanto MEAI?
Será algum trauma de infância, à semelhança de um seu antecessor governamental que dizia constantemente que aquele não era o seu ministério?
Eu aconselho-o a ler, ou mandar ler, o que existe de legislação nesta republica das bananas em que vocês transformaram Portugal. Para ajudar, aqui vão algumas pistas:
Regulamento de Continência e Honras Militares (Decreto Lei n.º 331/80 de 28 de Agosto, alterado pelo Decreto Lei n.º 76/81, de 15 de Abril de 1981)
Art. 11.º
...
3 – Os Presidentes das Assembleias e dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira têm honras de Ministro do Governo da República (categoria III do quadro B do capítulo V) na área das suas regiões.
4 – Os governadores civis têm honras de oficial general (categoria V do quadro B do capítulo V) quando em actos solenes oficiais a que presidam na área dos seus distritos e que exijam essa representação.
5 – Os oficiais estrangeiros, quando em actos oficiais, têm honras iguais aos da mesma patente das forças armadas nacionais.
6 – Nos navios de guerra deve observar-se o que sobre o assunto estatui a Ordenança do Serviço
Lei das Precedências do Protocolo do Estado Português (Lei n.º 40/2006, de 25 de Agosto)
Art. 7.º
...
40) Juízes desembargadores dos tribunais da relação e tribunais equiparados e procuradores-gerais-adjuntos, vice-reitores das universidades e vice-presidentes dos institutos politécnicos de direito público;
41) Presidentes das câmaras municipais;
42) Presidentes das assembleias municipais;
43) Governadores civis;
44) Chefes de gabinete do Presidente da República, do Presidente da Assembleia da República e do Primeiro-Ministro;
...
Artigo 31.º
Presidentes das câmaras municipais
1—Os presidentes das câmaras municipais, no respectivo concelho, gozam do estatuto protocolar dos ministros.
2—Os presidentes das câmaras municipais presidem a todos os actos realizados nos paços do concelho ou organizados pela respectiva câmara, excepto se estiverem presentes o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República ou o Primeiro-Ministro, nas Regiões Autónomas, têm ainda precedência o Representante da República, o Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente do Governo Regional.
3—Em cerimónias nacionais realizadas no respectivo concelho, os presidentes das câmaras municipais seguem imediatamente a posição das entidades com estatuto de ministro e, se mesa houver, nela tomarão lugar, em termos apropriados.
...
Pode ser que o código de posturas municipais da kapital tenha algo mais acerca do tema e se sobreponha às leis que foram aprovadas por órgãos legítimos.
Mas para mim é uma séria tentativa de levar para a praça do município a SUA polícia municipal que certamente lhe satisfará todas as vontades.

sábado, 3 de outubro de 2009

Pobreza

"Tanto em termos de produtividade como de rendimento o distrito de Viana ou o Minho-Lima, apresenta sinais relativamente preocupantes que devem merecer a atenção de toda a gente", frisa, enumerando "a desqualificação do trabalho" e "a gestão empresarial fraca" como principais factores que estarão na origem da referida improdutividade".

É preocupante mas não transparece. Por aqui deparamo-nos com um aparente nível de vida razoável mas é muito "fogo de vista" que ofusca os sentidos de muita gente. Longe dos centros de poder e de decisão, as gentes do Alto Minho conseguem disfarçar a humilhação de uma realidade já antiga à custa de foguetes, de muito folclore e uma enorme resignação, numa demonstração de invulgar ingenuidade em que são embalados pelos "vendedores de sonhos" que de vez em quando, tal como agora, apregoam aos quatro ventos o advento da "terra prometida".
E no entanto, a pobreza anda por aí, semi-escondida, envergonhada, porque os minhotos não são de dar o flanco, preferem remoer o desprezo a que são votados sem deixar transparecer o que lhes vai lá por dentro.
Os números já colocavam o Distrito de Viana do Castelo na cauda do rendimento per capita do País há muitos anos mas nem o enorme afluxo de dinheiro da União conseguiu reverter a situação. A realidade é que os jovens continuam a denotar falta de qualificações (que de pouco lhes aproveitaria, mesmo que as tivessem) e optam por emigrar, seguindo na peugada dos pais e, já em muitos casos, dos próprios avós.
São as suas remessas que ainda ajudam a disfarçar a crueza dos números que, sem esse contributo, seriam, certamente, muito mais devastadores.