domingo, 29 de junho de 2008

Fidelidade

"... juro por minha honra que estou integrado na ordem social estabelecida pela Constituição Política de 1933, com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas".

Esta era a fórmula mágica que abria as portas da administração pública e alimentava a esperança de uma vida menos agreste de muita gente. E por enquanto não há problemas porque os ingressos na função pública, além de não oferecerem uma profissão aliciante, estão em "banho maria", para não dizer congelados porque ainda há excepções. Mas se os comunistas continuarem a atazanar a vida "daquele cujo nome não se pode pronunciar" ainda há-de haver quem se lembre de a repristinar.
Abrenuntio!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Uma Ponte para a Paz ou mais uma Passagem para a Discórdia

Foi inaugurada ontem em Jerusalém a Ponte dos Cabos, mais um belo exemplar da fabulosa obra arquitectónica de Santiago Calatrava.
Parece que custou a módica quantia de $ 65 milhões e não será, seguramente, uma obra favorável à consolidação da paz com os palestinianos. É que, como se sabe, Jerusalém continua a constituir um obstáculo ao processo de paz por ser reivindicada como capital histórica quer de Israel, quer da Palestina.
Mas ela lá está, imponente, indiferente às questões políticas que a rodeiam.
E, apesar de ser notícia em inúmeros jornais e sites estrangeiros, por cá ainda não descobri qualquer referência a este evento.
Imagens:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL613828-5602,00.html
http://www.farodevigo.es/

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Honras Fúnebres?

"A alegada utilização indevida de meios humanos e de veículos da PSP, durante o funeral do sogro do ex-comandante metropolitano do Porto, está a ser investigada pelo Ministério Público, que já iniciou as inquirições".
Certo. Não era polícia, não era um acto de serviço, era apenas uma expressão de solidariedade para com o chefe. E distrair homens e meios para fins que não aqueles para os quais são remunerados poderá ser crime. O Ministério Público faz bem investigar. Mas investiguem tudo. TUDO, TUDO, ouviram?

sábado, 21 de junho de 2008

A Pia

Já era do conhecimento geral que o dr. Manuel Seabra, que foi vice-presidente e presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, foi convidado e aceitou o convite para exercer as "altas" funções de Chefe de Gabinete de António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Também é do conhecimento geral que esse mesmo senhor foi um dos protagonistas do tristemente célebre “Caso da Lota” e por isso impedido pelo PS de se candidatar à presidência da Câmara de Matosinhos.
O que terá passado despercebido é que o referido senhor
vive, durante a semana, no Sheraton Lisboa Hotel & Spa, onde a pernoita mais barata custa 165 euros.E desloca-se para Matosinhos, onde reside, com o motorista da autarquia. E também o facto de, fazendo fé na mesma notícia, ali pernoitar por sua conta e pagar um precinho especial, apenas €75,00 por noite, menos de metade do que paga o comum dos mortais!!! Pelos vistos a administração do Hotel está muito magnânima...
Já o uso do motorista, e já agora, da viatura que está à sua disposição, nas deslocações de Lisboa para Matosinhos, é reconhecido que o faz apenas duas ou três vezes por mês e justificado porque perdeu o comboio.
Falta saber se essas deslocações se podem considerar integrantes das funções que se encontra a desempenhar. É que eu por bem menos já vi funcionários "sentarem o rabo no mocho", que é o mesmo que dizer, responder em Tribunal. Porquê? Porque há uma norma penal que considera crime o uso de bens públicos para proveito próprio.
Artigo 376.º
Peculato de uso

1 - O funcionário que fizer uso ou permitir que outra pessoa faça uso, para fins alheios àqueles a que se destinem, de veículos ou de outras coisas móveis de valor apreciável, públicos ou particulares, que lhe forem entregues, estiverem na sua posse ou lhe forem acessíveis em razão das suas funções, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias.
Também falta saber se, à semelhança do ministro das finanças, possui residência em Matosinhos e, em função disso, precebe o respectivo subsídio de deslocação que, como é sabido, corresponde a um valor mensal equivalente a três salários mínimos nacionais.

A Justiça aqui ao lado...

"Barrientos y su mano derecha ingresan en prisión acusados de tráfico de influencias, malversación y blanqueo."
O primeiro era o presidente da câmara, o segundo o seu chefe de gabinete, em Estepona, Málaga. Lá como cá os governos autárquicos estão eivados de vícios, sendo extenso o rol de crimes cometidos no exercício de funções públicas. A corrupção, abuso de autoridade, tráfico de influências, favorecimento pessoal e mesmo o branqueamento são os mais comuns e andam de braço dado com os titulares dos cargos públicos. As relações promíscuas estabelecem-se, quase sempre, em torno de interesses económicos poderosos: a construção civil, a gestão do espaço (PDMs), o património colectivo... Mas há uma grande diferença em relação à forma como são tratados judicialmente. É que neste jardim à beira mar plantado são muito escassos os casos judiciais instaurados e muito mais ainda os que efectivamente terminam com uma decisão punitiva.
Fica-se com a sensação que as instâncias judiciais não funcionam como se vê com frequência aqui ao lado. Ainda não há muitos dias, um manifestante que agrediu um agente policial durante a greve no sector das pescas foi julgado e condenado a vários meses de prisão menos de uma semana depois, se fosse cá teríamos caso para mais de três anos. O processo do 11M foi concluído (investigação e julgamento) em menos de dois anos (o julgamento do caso Casa Pia já dura três). E o juiz decretou prisão preventiva para um jovem que atropelou mortalmente um indivíduo, considerando que, dados os antecedentes, a sua liberdade constituía um perigo público.
Há sempre o argumento de que as leis portuguesas são muito permissivas, ou que o direito processual penal é demasiado garantístico, ou se não forem estes serão outros, tudo para justificar a inércia do funcionamento das instituições...
E assim se cria um sentimento de impunidade que chega a ser confrangedor. Veja-se a arrogância, a sobranceria, a forma despudorada como figuras públicas, que ocupam ou ocuparam cargos públicos, afrontam o sistema judicial.
E atente-se no que escreveu aqui um conhecido advogado. E também nos comentários...
Se nada for feito em relação a isto será caso para gritar: ÀS ARRRRRRRMAS!!!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O Bloqueio

"A Procuradoria Distrital de Lisboa quer investigar todos os crimes que ocorreram durante as manifestações de camionistas dos últimos dias".
Toda a gente percebeu que o Estado de Direito tremeu. E de nada serve especular sobre as possibilidades de incriminação penal dos responsáveis. Poderíamos aqui enumerar uma série de atropelos à lei, a começar pela lei fundamental, a CRP de 1976 com os retoques que sofreu ao longo dos 32 anos de vigência, tendo em conta as acções e omissões relatadas em directo pelas televisões, mas deixamos isso para as instâncias próprias.
O que me causa alguma estupefacção é que parece que o poder executivo só agora se apercebeu que a economia portuguesa anda sobre rodas.
Se isto ocorreu apenas com a paralização dos transportadores de mercadorias, o que não seria se simultaneamente houvesse greve e acções de protesto dos pescadores, dos taxistas, dos agricultores, dos trabalhadores da administração pública, enfim, uma generalização da contestação contra o aumento brutal dos combustíveis...
Será este um cenário assim tão irreal?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Monção em Imagens - II

Porta de Salvaterra (outra perspectiva)

Toponímia (entrando pela Porta de Salvaterra, à esquerda)

Enquadramento paisagístico da Deuladeu

Muralha e Alameda dos Néris , o Rio Minho e a Galiza, à esquerda
Deuladeu de Cutileiro (pormenores da outra face)

Todas as fotografias são propriedade do autor.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Monção em Imagens

Os nossos mortos na Guerra do Ultramar


A Galiza mailo Minho - João Verde



Deuladeu de Cutileiro



Outra perspectiva de Deuladeu de Cutileiro


Legenda alusiva à Deuladeu de Cutileiro

Porta de Salvaterra


Todas as fotografias são propriedade do autor.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Prece

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.

Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia -,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

A minha pequena homenagem a Fernando Pessoa, no 120.º aniversário do seu nascimento.
In Mensagem, Planeta de Agostini, Lisboa, 2006




Imagem: http://amrrm.blogs.sapo.pt/arquivo/Prece.jpg

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Do Rio Tua ao Rio Pinhão - A Senhora Guarda

Estava quase a atingir a reforma e era um Guarda a denotar cansaço das patrulhas, da farda e de muitos anos de constante stresse, diligente o suficiente mas não extremamente dedicado. Era visível a "erosão" do tempo mas mesmo assim não regateava uma ordem nem se eximia às responsabilidades.
Naquele dia era o único elemento disponível para exercer a função de motorista numa das minhas frequentes rondas pelas povoações e, mesmo sabendo da sua limitada aptidão para aquela tarefa, lá tive de o incumbir daquela missão.
Assim iniciamos um périplo por diversas aldeias: Granja, Favaios, Sanfins do Douro, Cheires...
E foi aqui que a coisa "azedou"...
Àquela hora do dia a simpática aldeia, onde se produz o melhor vinho generoso do mundo, estava deserta. Descemos pela rua que atravessa a localidade, em plena urbe descrevemos uma curva à esquerda, um desvio à direita e eis-nos no adro da pequena capela. À direita fica o Quartel dos Bombeiros Voluntários, à porta do qual se encontrava um jovem, talvez de plantão, certamente um pouco aborrecido por não ter nada para fazer.
O velho Guarda entra no largo da capela e descreve um semi-círculo para inverter a marcha. Como o espaço não permitia efectuar a manobra de uma só vez, teve necessidade de engrenar a marcha "à ré" e recuar um pouco. Só que a manobra não saiu bem e o motor "foi-se abaixo". No silêncio absoluto ouviu-se nitidamente a voz do jovem Voluntário: Nabo!
Sem perder a compostura, lentamente, como era seu apanágio, o condutor colocou o motor em acção, terminou a manobra e reiniciou a marcha em sentido inverso. Ao passar novamente em frente ao Quartel dos Bombeiros onde o jovem voluntário permanecia como se nada se tivesse passado, o veterano condutor parou e chamou-o: - Óhhh, venha cá faz favor...
Nitidamente preocupado, o jovem aproximou-se e o Guarda interpelou-o com cara de poucos amigos: - O que foi que você disse há bocadinho?
A resposta foi espontânea e pronta: - Eu disse que vinha aqui a senhora guarda!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Crise...

"...Portugal já estava mal, muito mal, antes deste terceiro choque do petróleo. Há praticamente oito anos que Portugal vem perdendo, em termos absolutos e relativos. A verdade é que a “nossa” crise é em geral muito superior à dos parceiros europeus. Quer isto dizer que somos os principais culpados. Desperdiçámos anos, recursos e oportunidades. Perdemos com a ditadura e a guerra. Perdemos com a revolução e a contra-revolução. Perdemos também com três décadas de facilidade e demagogia. Assim chegámos ao ponto de perceber que ninguém virá em nosso socorro, que não há mais soluções fáceis e que, de fora, não virá mão redentora. Só de nós próprios virá qualquer remédio. E isto não significa orgulho, nem raça. Muito menos talento ou história. Significa tão simplesmente estudo, persistência e organização. E, sobretudo, trabalho".
António Barreto tem razão, a solução é simples, trabalho. O pior é que os factores que determinam a subida imparável dos produtos petrolíferos e, consequentemente, tudo que tem a ver com a vida das pessoas são comandados externamente e de nada serve clamar pela baixa dos impostos ou por preços especiais para isto ou para aquilo. Alguém terá de pagar a crise e, como sempre, esse alguém tem rosto e tem nome - P O V O .

Foto: http://catedral.weblog.com.pt/arquivo/pescador-2.jpg

domingo, 1 de junho de 2008

Arraianos - Do Castro Laboreiro ao Castro Laboreiro

O dia 6 de agosto erguinme moi cedo para facer a romeria da Nosa Señora da Peneda, camiñando a través das poulas, das gramas, da gándaras; polos cotos onde pacen, ceibes,as vacas piscas. Ía eu na compaña dos meus pais e mais duns cantos da mina aldea de Casardeita, incluído o abade, aos que, axiña, se xuntaron outros camiñantes de Leirado que levaban a mesma rota. Estabamos moi ledos todos nós. Eu gozaba aquelas vacacións escolares coma nunca gozara outras. Chegados ao santuario, após de longas horas de duro andar, instalámonos nunhas leiriñas de aló para pasarmos o día e sentirlles cantar o vira ás voces delgadas da raia, que parece que se che espetan na alma. A mamai fora ás misas e o papai presentoume dous señores. Un era baixote, de barbicha arroxada, carecas, que vestía uniforme e resultou ser o Capitán Costa Beirão, da escuadra da Garda Fiscal de Melgaço. O outro, máis mozo, ollos claros e prominentes, alto e de bigode raro, chamábase João de Sousa Mendes; foime fulminantemente simpático e puxémonos a ligar unha improvisada conversa sobre o saudosismo. Desempeñaba, este segundo señor, as funcións de profesor de Primaria en Castro Laboreiro. Pois ben, cando Sousa Mendes se inclinaba para deixar no riacho a folla de bacallau de mollo para o xantar, mentres asobiaba ledamente a Marcha Turca de Mozart, foi agredido por un animal enorme. Un can negro coma o demo que o trabou na gorxa e o deixou morto instantáneo sen que ningún dos presentes fose capaz de lle facer separar as queixadas. Só se detivo o bruto, que era da raza enxebre daquelas serras, cando o Capitán o abateu a tiros da sua arma regulamentar. Pouco antes do ataque e de tan terríbel morte, o infortunado Profesor, ledamente sorprendido polas miñas afeccións literarias, tan excepcionais ou escasas nos países da raia, entregárame, cun sorriso tímido que lle suliñaba a pouca espesura do bigote, un manuscrito narrativo intitulado O castelo das poulas, que tirou ao efecto dun peto do seu casaco. Comprobei, na altura, que o Profesor ía moi perfumado. Tales papeis son os que reproducín anteriormente de modo literal, aínda que lixeiramente modificado
o texto pola transcripción galega. Con todo, conservo, malenconicamente, o orixinal en portugués por se algún esprito cursidoso quixese contrastar. Escuso decer que o luctuoso feito diu moito que falar no estraño triángulo cuxos vértices se sitúan en Celanova, Montalegre e os Arcos de Valdevez.
http://www.arraianos.com/Arraianos%20n1%208-2004%20Web.pdf

Dia Mundial da Criança

Sorria mais, criança, pra não sofrer
...
Espalhe amor por onde for
Quem sabe amar destrói a dor
Seja todo seu viver
Um mundo cheio de prazer.

Imagem:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja6U_Dala1Jxxo1xCUZ0T1xWeeVlGvaLJtN_Wb_hXWudexoHXy-fgR5kMXFzHnyae_2ird5WvxcADOja8_oBlmkkEZU404zTC-GXDApds0L6p-F1_g_SEQF6NxGsN9wK50eFjTKw/s1600-h/sorriso.jpg
Texto:
http://vagalume.uol.com.ar/beth-carvalho/sorriso-de-crianca.html