quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Para um Novo Ano

Que o Novo Ano tenha 12 meses, 52 semanas, 365 dias (as noites incluídas);
Que acordemos todos os dias com o céu da boca quente e os pés a mexer;
Que o padeiro continue a deixar o pão na porta todas as manhãs (excepto domingos e feriados);
Que os meus amigos continuem a ser meus amigos;
Que eu continue a ser amigo dos meus amigos;
Que venha frio, calor, chuva e sol;
Que as minhas roseiras voltem a florir;
Que as toupeiras me larguem a horta;
Que a bicicleta se aguente por mais um ano (o pai natal não se mostrou generoso a esse ponto e o Menino Jesus não recebeu a minha carta);
Que o Aníbal, ou o Manuel, ou o Coelho, ou lá quem for, seja eleito à primeira volta (evitamos ter de aturar nova campanha e novo acto eleitoral);
Que o actual governo vá à merda;
Que venha depressa o FMI (há muita gente que terá mais razões do que eu para se preocupar com isso)...
...
Sejamos felizes!!!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sem Honra nem Glória

Longe dos centros de poder, procuro diária e avidamente actualizar-me acerca do que de importante se passa pelos bastidores da organização para a qual trabalhei activamente durante aproximadamente trinta e três anos (a idade de Jesus Cristo quando foi crucificado). E fiquei ontem a saber que o actual Comandante-Geral, Tenente General Nelson Santos vai transitar para a reserva em Janeiro e, consequentemente, abandonará o cargo. Mas fica no ar a sensação que não será esta a única razão. A ser verdade, sairá da estrutura da Guarda, sem honra nem glória, um homem em quem se depositaram elevadas expectativas.
De facto, o Tenente General Nelson Santos era um militar bem conhecido e conhecedor da Instituição e, depois de um longo período marcado por um Comando distante das bases e demasiado politizado, que culminou com uma profunda alteração orgânica, seria a pessoa mais habilitada a fazer serenar os ânimos e recuperar os índices de confiança e de coesão interna que sempre foram apanágio da Guarda Nacional Republicana.
Assim não aconteceu. A conjuntura não lhe foi favorável mas também não se terá apercebido que a Guarda que veio encontrar não era a mesma que tinha deixado alguns anos antes.
Com efeito, tomou posse como Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana em 6 de Maio de 2008, em pleno curso daquela que foi, talvez, a maior e mais traumática e complexa reestruturação interna operada desde 1911.
Esta reestruturação, imposta pelo poder político e tendo na génese uma visão economicista e civilista, sustentada num estudo encomendado ad hoc e levado a efeito por uma empresa de consultoria externa e que permitiria aligeirar a estrutura de comando e colocar no terreno mais efectivos, acabou numa coisa híbrida entre o que fora proposto e o que vinha do antecedente, feita muito em cima do joelho e com um impacto extremamente negativo no moral dos efectivos especialmente daqueles que, integrando a extinta Brigada de Trânsito com um comando centralizado nas Janelas Verdes e células operacionais dispersas por todo o território continental, se viram de um momento para o outro na dependência técnica e funcional dos Comandos Territoriais criados nas sedes de Distrito, ficando assim em pé de igualdade com os oficiais do mesmo ofício mas para quem sempre olharam com sobranceria e diria até que com algum desprezo: os militares do serviço rural (como se dizia antigamente), os generalistas que sempre foram pau para toda a obra mas que ultimamente, por isso mesmo, foram muito desconsiderados.
A agravar a situação, verificou-se de seguida uma violenta greve contra o sucessivo aumento dos combustíveis, levada a cabo por várias empresas e associações ligadas ao transporte de mercadorias que colocou o país num estado caótico. E numa fase em que se impunha um comando forte e actuante perante os continuados ataques criminosos ao estado de direito a Guarda, a quem compete assegurar a legalidade democrática e garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, ficou-se "nas covas", limitando-se a ser um mero espectador sem saber como agir e deixando a iniciativa da acção nas mãos da tutela administrativa.
A partir daqui nunca mais se "viu". Com uma estrutura superior pesada e ainda muito entorpecida, num comando espartilhado por diversas "quintas" e mal dado a trabalho coordenado, foi notória a falta de liderança que, tradicionalmente, era um importante factor de agregação e de confiança.
Se, como é dado a entender na magra notícia que refere o abandono do elevado cargo para o qual foi mandatado, houver outras razões para a decisão que não seja a passagem à reserva por limite de idade mais frustrante será a sua passagem pelo Comando Geral da Guarda porquanto um militar que se preze não foge das dificuldades, antes pelo contrário, aceita-as naturalmente como mais um desafio que importa superar.
E a ocasião não podia ser pior do que no momento actual em que se perfilam vozes a favor da sua extinção, revertendo os despojos para um corpo de polícia único, a criar, e para o Exército que vê nas missões internacionais levadas a cabo pela Guarda, com elevado mérito, uma ameaça às suas competências.
Além disso, têm vindo a verificar-se constantes e por vezes soezes ataques à Instituição, aos seus órgãos e aos seus militares, como foi o "caso Nilton" e a queixa do Director Nacional da Polícia de Segurança Pública contra elementos da ANOG (Associação Nacional dos Oficiais da Guarda) a propósito de um comunicado sobre a aquisição de diverso equipamento, nomeadamente veículos blindados, para aquele Corpo de Polícia. No primeiro caso houve uma ténue reacção que me parece ter ficado pela intenção de levar o autor do "adopte um gnr" a prestar contas na justiça. No segundo sou de opinião que na verdade não deve o Comandante Geral imiscuir-se nos assuntos das associações. Mas uma manifestação de solidariedade do General para com os militares "acossados" nem lhe ficaria mal. Até porque o que foi dito no comunicado da ANOG espelha o sentimento de milhares de cidadãos e não será com um processo judicial que a "família" Pereira vai limpar a imagem degradante que resulta de todo aquele imbróglio.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Assim como quem não quer a coisa, aproximamo-nos a passos largos dessa data mágica, o Natal. Para mim o Natal, mais do que ao nascimento de Jesus, reporta-me à infância e à família, à perspectiva de alimentação melhorada e de um certo calor que não procedia apenas da lareira bem sustentada com grossas achas de carvalho.
Não me entendam mal. Eu gosto da ligação do Natal ao nascimento de Jesus, é bonita a imagem do presépio, os Reis Magos, o burro e a vaca mas... todos sabemos que este evento não tem qualquer sustentação histórica e, remotamente, algo nos diz que o nosso papel está mais próximo daqueles inocentes cordeirinhos...
Bem... Para diluir um pouco o fel que deitei sobre as rabanadas deixo-vos uma musiquinha bem alegre, do álbum Christmas in the Heart, desse velho judeu Robert Allen Zimmerman, mais conhecido como Bob Dylan...
A todos os meus leitores deixo também os votos de um feliz Natal.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A Hidra

Há um monstro terrível à solta que mina as instituições, descredibiliza a política e corrói a sociedade. Toda a gente o sente bem perto, toda a gente o teme e toda a gente acaba por se conformar com a sua daninha companhia. Esse monstro chama-se corrupção.
A corrupção já abalou nações, já fez cair governos, já levou pessoas à cadeia mas em Portugal institucionalizou-se. E quando alguém tenta contrariar esse instituto acaba por trilhar os pedregosos caminhos de um calvário que lhe deixará marcas para o resto da vida.
E enquanto cruzarmos, com desdém, os inertes braços a hidra, essa maldição tão antiga, continuará a envenenar a vida de cada um de nós.
Hare baba!!!

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Coronel

Tive hoje acesso a uma excerto da gala da TVI de 09 do corrente mês em que actua Pedro Abrunhosa envergando um dólmen que faz parte da farda de gala de um coronel de cavalaria da GNR. É uma peça de vestuário emblemática apesar de, por vezes, incómoda e um dos poucos símbolos da "velha" Guarda que ainda não sofreu depreciação.
Não critico a atitude do cantor. Só lamento a anuência, para tal, do titular daquela peça de vestuário que, com esse gesto, revela que também nas cúpulas da hierarquia existem alguns stronzos.