sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Netiqueta - As Boas Maneiras na Rede

Havia, na minha terra, uma forma curiosa de designar "educação", à qual já me referi  algures, embora num contexto diferente do que me leva hoje a alinhavar estas considerações: era a criação. Daqui deriva o termo "malcriado" para se qualificar o comportamento de pessoas lesivo das regras de vida em sociedade.
A verdade é que há um sentimento de impunidade total quando se trata de manifestar opinião através da web de que são o exponente máximo os comentários, em regra anónimos, às notícias divulgadas online pelos diversos órgãos de comunicação social.
Hoje mesmo é notícia uma decisão judicial, ao que parece inédita, relativamente à prática de "crime de difamação" perpetrado através de um blogue supostamente anónimo. E, pasme-se, perpetrado por um médico, facto que, atento o teor da notícia, foi relevante para qualificar os factos e justificar a decisão. O suposto anonimato na internet assemelha-se muito ao trajecto das lesmas quando atacam as couves... Fica um rasto que até um cego o pode ver...
Abstraindo da matéria e da decisão, cujo desfecho ainda não será definitivo, parece-me que há necessidade imperiosa de divulgar, exaustivamente, as regras que devem ser observadas quando temos em mãos uma ferramenta de comunicação tão poderosa quanto esta.
Para o efeito, transcrevo aqui, com o devido respeito pelos direitos intelectuais de propriedade, os 10 mandamentos do Instituto da Ética da Internet:
1 - Não deverá utilizar o computador para prejudicar terceiros.
2 - Não deverá interferir com o trabalho informático de terceiros.
3 - Não deverá vasculhar os ficheiros informáticos de terceiros.
4 - Não deverá utilizar o computador para roubar.
5 - Não deverá utilizar o computador para prestar falsos testemunhos.
6 - Não deverá utilizar ou copiar software pelo qual não pagou.
7 . Não deverá utilizar os recursos informáticos de terceiros sem autorização.
8 . Não deverá apropriar-se do trabalho intelectual de terceiros.
9 . Deverá pensar nas consequências sociais daquilo que escreve.
10 - Deverá utilizar o computador com respeito e consideração por terceiros.
Existem muitas mais "regras" bastando efectuar uma pesquisa através de um qualquer motor de busca e, a título de exemplo, deixo esta ligação para a wikipedia que pode ajudar, quem quiser, a obter alguma informação sobre o assunto, embora me pareça que aqueles dez mandamentos resumam, na perfeição, aquilo que é fundamental observar.
E para quem ainda pensar que a ofensa através destes meios é permitida aqui fica o aviso: a tão propalada liberdade de expressão também tem limites... Mas mesmo que esse limites não estivessem contemplados na lei, bastaria observar uma das velhas máximas que nos eram incutidas na criação para se "navegar" com segurança: NUNCA FAÇAS AOS OUTROS O QUE NÃO QUISERES QUE TE FAÇAM A TI.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Dona Banca

Maria Branca dos Santos, conhecida por Dona Branca, era uma lisboeta de origens humildes e de escassa formação académica mas muito "esperta" para os negócios. A sua habilidade inata para gerir dinheiro levou-a a construir um império financeiro nunca visto utilizando o esquema conhecido por "pirâmide", julgo que semelhante ao que actualmente se chama "bolha". Na década de 80 do século passado a sua popularidade, que lhe valeu a alcunha de "Banqueira do Povo", varreu o País de lés a lés e a sua engenharia financeira foi uma autêntica mina para quem lhe confiou as suas poupanças, chegando a fazer tremer todo o sistema bancário nacional.
Só que quando as coisas são construídas num alicerce frágil mais cedo ou mais tarde hão-de colapsar. E o império da Dona Branca colapsou não só porque na verdade estava sustentado numa organização de legalidade duvidosa mas também porque se rodeou de pessoas que se movimentavam no submundo do crime e, de forma decisiva, devido ao pânico dos investidores.
Foi usando este termo de comparação que Campos e Cunha, o primeiro ministro das finanças do consulado socrático, se referiu recentemente ao comportamento do Estado nos últimos dez anos. E comparou o momento actual do país a "um carro desgovernado, com os pneus carecas, a duzentos à hora numa auto-estrada".
Se algumas dúvidas ainda subsistissem elas estariam agora dissolvidas. Melhor do que isto só com bonecos animados. Mas parece que ainda há quem não acredite...