quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Para um Novo Ano

Que o Novo Ano tenha 12 meses, 52 semanas, 365 dias (as noites incluídas);
Que acordemos todos os dias com o céu da boca quente e os pés a mexer;
Que o padeiro continue a deixar o pão na porta todas as manhãs (excepto domingos e feriados);
Que os meus amigos continuem a ser meus amigos;
Que eu continue a ser amigo dos meus amigos;
Que venha frio, calor, chuva e sol;
Que as minhas roseiras voltem a florir;
Que as toupeiras me larguem a horta;
Que a bicicleta se aguente por mais um ano (o pai natal não se mostrou generoso a esse ponto e o Menino Jesus não recebeu a minha carta);
Que o Aníbal, ou o Manuel, ou o Coelho, ou lá quem for, seja eleito à primeira volta (evitamos ter de aturar nova campanha e novo acto eleitoral);
Que o actual governo vá à merda;
Que venha depressa o FMI (há muita gente que terá mais razões do que eu para se preocupar com isso)...
...
Sejamos felizes!!!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sem Honra nem Glória

Longe dos centros de poder, procuro diária e avidamente actualizar-me acerca do que de importante se passa pelos bastidores da organização para a qual trabalhei activamente durante aproximadamente trinta e três anos (a idade de Jesus Cristo quando foi crucificado). E fiquei ontem a saber que o actual Comandante-Geral, Tenente General Nelson Santos vai transitar para a reserva em Janeiro e, consequentemente, abandonará o cargo. Mas fica no ar a sensação que não será esta a única razão. A ser verdade, sairá da estrutura da Guarda, sem honra nem glória, um homem em quem se depositaram elevadas expectativas.
De facto, o Tenente General Nelson Santos era um militar bem conhecido e conhecedor da Instituição e, depois de um longo período marcado por um Comando distante das bases e demasiado politizado, que culminou com uma profunda alteração orgânica, seria a pessoa mais habilitada a fazer serenar os ânimos e recuperar os índices de confiança e de coesão interna que sempre foram apanágio da Guarda Nacional Republicana.
Assim não aconteceu. A conjuntura não lhe foi favorável mas também não se terá apercebido que a Guarda que veio encontrar não era a mesma que tinha deixado alguns anos antes.
Com efeito, tomou posse como Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana em 6 de Maio de 2008, em pleno curso daquela que foi, talvez, a maior e mais traumática e complexa reestruturação interna operada desde 1911.
Esta reestruturação, imposta pelo poder político e tendo na génese uma visão economicista e civilista, sustentada num estudo encomendado ad hoc e levado a efeito por uma empresa de consultoria externa e que permitiria aligeirar a estrutura de comando e colocar no terreno mais efectivos, acabou numa coisa híbrida entre o que fora proposto e o que vinha do antecedente, feita muito em cima do joelho e com um impacto extremamente negativo no moral dos efectivos especialmente daqueles que, integrando a extinta Brigada de Trânsito com um comando centralizado nas Janelas Verdes e células operacionais dispersas por todo o território continental, se viram de um momento para o outro na dependência técnica e funcional dos Comandos Territoriais criados nas sedes de Distrito, ficando assim em pé de igualdade com os oficiais do mesmo ofício mas para quem sempre olharam com sobranceria e diria até que com algum desprezo: os militares do serviço rural (como se dizia antigamente), os generalistas que sempre foram pau para toda a obra mas que ultimamente, por isso mesmo, foram muito desconsiderados.
A agravar a situação, verificou-se de seguida uma violenta greve contra o sucessivo aumento dos combustíveis, levada a cabo por várias empresas e associações ligadas ao transporte de mercadorias que colocou o país num estado caótico. E numa fase em que se impunha um comando forte e actuante perante os continuados ataques criminosos ao estado de direito a Guarda, a quem compete assegurar a legalidade democrática e garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, ficou-se "nas covas", limitando-se a ser um mero espectador sem saber como agir e deixando a iniciativa da acção nas mãos da tutela administrativa.
A partir daqui nunca mais se "viu". Com uma estrutura superior pesada e ainda muito entorpecida, num comando espartilhado por diversas "quintas" e mal dado a trabalho coordenado, foi notória a falta de liderança que, tradicionalmente, era um importante factor de agregação e de confiança.
Se, como é dado a entender na magra notícia que refere o abandono do elevado cargo para o qual foi mandatado, houver outras razões para a decisão que não seja a passagem à reserva por limite de idade mais frustrante será a sua passagem pelo Comando Geral da Guarda porquanto um militar que se preze não foge das dificuldades, antes pelo contrário, aceita-as naturalmente como mais um desafio que importa superar.
E a ocasião não podia ser pior do que no momento actual em que se perfilam vozes a favor da sua extinção, revertendo os despojos para um corpo de polícia único, a criar, e para o Exército que vê nas missões internacionais levadas a cabo pela Guarda, com elevado mérito, uma ameaça às suas competências.
Além disso, têm vindo a verificar-se constantes e por vezes soezes ataques à Instituição, aos seus órgãos e aos seus militares, como foi o "caso Nilton" e a queixa do Director Nacional da Polícia de Segurança Pública contra elementos da ANOG (Associação Nacional dos Oficiais da Guarda) a propósito de um comunicado sobre a aquisição de diverso equipamento, nomeadamente veículos blindados, para aquele Corpo de Polícia. No primeiro caso houve uma ténue reacção que me parece ter ficado pela intenção de levar o autor do "adopte um gnr" a prestar contas na justiça. No segundo sou de opinião que na verdade não deve o Comandante Geral imiscuir-se nos assuntos das associações. Mas uma manifestação de solidariedade do General para com os militares "acossados" nem lhe ficaria mal. Até porque o que foi dito no comunicado da ANOG espelha o sentimento de milhares de cidadãos e não será com um processo judicial que a "família" Pereira vai limpar a imagem degradante que resulta de todo aquele imbróglio.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Assim como quem não quer a coisa, aproximamo-nos a passos largos dessa data mágica, o Natal. Para mim o Natal, mais do que ao nascimento de Jesus, reporta-me à infância e à família, à perspectiva de alimentação melhorada e de um certo calor que não procedia apenas da lareira bem sustentada com grossas achas de carvalho.
Não me entendam mal. Eu gosto da ligação do Natal ao nascimento de Jesus, é bonita a imagem do presépio, os Reis Magos, o burro e a vaca mas... todos sabemos que este evento não tem qualquer sustentação histórica e, remotamente, algo nos diz que o nosso papel está mais próximo daqueles inocentes cordeirinhos...
Bem... Para diluir um pouco o fel que deitei sobre as rabanadas deixo-vos uma musiquinha bem alegre, do álbum Christmas in the Heart, desse velho judeu Robert Allen Zimmerman, mais conhecido como Bob Dylan...
A todos os meus leitores deixo também os votos de um feliz Natal.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A Hidra

Há um monstro terrível à solta que mina as instituições, descredibiliza a política e corrói a sociedade. Toda a gente o sente bem perto, toda a gente o teme e toda a gente acaba por se conformar com a sua daninha companhia. Esse monstro chama-se corrupção.
A corrupção já abalou nações, já fez cair governos, já levou pessoas à cadeia mas em Portugal institucionalizou-se. E quando alguém tenta contrariar esse instituto acaba por trilhar os pedregosos caminhos de um calvário que lhe deixará marcas para o resto da vida.
E enquanto cruzarmos, com desdém, os inertes braços a hidra, essa maldição tão antiga, continuará a envenenar a vida de cada um de nós.
Hare baba!!!

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Coronel

Tive hoje acesso a uma excerto da gala da TVI de 09 do corrente mês em que actua Pedro Abrunhosa envergando um dólmen que faz parte da farda de gala de um coronel de cavalaria da GNR. É uma peça de vestuário emblemática apesar de, por vezes, incómoda e um dos poucos símbolos da "velha" Guarda que ainda não sofreu depreciação.
Não critico a atitude do cantor. Só lamento a anuência, para tal, do titular daquela peça de vestuário que, com esse gesto, revela que também nas cúpulas da hierarquia existem alguns stronzos.

domingo, 7 de novembro de 2010

Fusões e Infusões

Em tempos de aperto não faltam fazedores de opinião a dar palpites sobre como e onde "cortar" nas despesas, como "emagrecer" a administração, como extinguir órgãos e serviços, até já há quem tente delinear um novo mapa administrativo. Em regra são pessoas bem instaladas e as medidas que propõe não as beliscam minimamente. E, com o uso massivo das novas tecnologias, de imediato é estabelecido o debate em fóruns de discussão das matérias onde, quase sempre sob a capa do anonimato, é permitido tudo.
Esta introdução tem a ver com uma notícia publicada num jornal nacional há algum tempo que tratava de uma eventual fusão entre diversas forças e serviços de segurança com vista a criar uma só polícia de âmbito nacional. A ideia colheu adeptos entre agentes das diversas forças policiais, cujas motivações assentam mais na probabilidades de colherem benefícios individualmente (principalmente no domínio das colocações) do que na convicção de que daí resulta qualquer vantagem para a melhoria do serviço prestado.
Foi desse fórum que nasceu a ideia da petição pública (outro instrumento de difícil concretização sem o recurso às novas tecnologias), cujo destino será a Assembleia da República para apreciação.
Assim se pode compreender que uma notícia, aparentemente avulsa e sem indicação de uma fonte credível, se transforma rapidamente num movimento corporativo visando forçar uma decisão política num caso concreto.
Mas se as motivações não parecem muito claras, o conteúdo ainda o é menos. E, a meu ver, começa mal, muito mal.
O primeiro parágrafo da petição define o objecto "Esta petição visa à extinção dos seguintes OPC´s: PSP; GNR; Policia Marítima e SEF".
Fiquei perplexo. Afinal o que significa aquela sigla que eu sublinhei e relevei a negrito?
Perguntar não ofende e no final da petição deram-me a possibilidade de desfazer a minha dúvida. Perguntei ao autor o que significa e a resposta, dada por um (ou uma) tal ORY é esta: OPC´s sao Orgãos de Policia Criminal (ao seja no fundo é cada uma das policias, a PSP é um OPC a GNR é Outro e por ai...
Perfeitamente esclarecido!!!
Perante isto não digo mais nada. No entanto, aconselharia os promotores da iniciativa a consultar a legislação, nomeadamente o Código de Processo Penal e as leis orgânicas dos respectivos corpos de polícia para ficarem a saber que órgãos de polícia criminal não são sinónimo de Forças e Serviços de Segurança e que a missão das polícias não se esgota na execução de actos ordenados por autoridade judicial conforme é dado a entender erradamente.
Como disse Léon Tolstoi, "a mais potente das armas da ignorância é a difusão do papel impresso". Se fosse hoje certamente  escreveria internet em vez de papel impresso.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Não Choreis os Mortos

Não choreis nunca os mortos esquecidos
Na funda escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
Sobre os seus corpos vãos adormecidos.

E quando, à tarde, o Sol, entre brasidos,
Agonizar... guardai, longe, as doçuras
Das vossas orações, calmas e puras,
Para os que vivem, nudos e vencidos.

Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,
Da multidão sem fim dos que são vivos,
Dos tristes que não podem esquecer.

E, ao meditar, então, na paz da Morte,
Vereis, talvez, como é suave a sorte
Daqueles que deixaram de sofrer.

Pedro Homem de Mello, in "Caravela ao Mar"

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Soneto do amor e da morte

Quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. Quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

Quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Os Castros III

Vamos hoje terminar este tema com o último dos castros das margens do Minho, em território de Monção: É o Castro de São Caetano, localizado no lugar de Outeiro em Longos Vales.
A denominação deste local foi definida pela construção da Capela de S. Caetano, entre os séculos XVII/XVIII. A nível arqueológico este castro apresenta um conjunto de três linhas de muralha, definindo-se assim como povoado fortificado de grandes dimensões. O castro de S. Caetano era um povoado típico da Idade do Ferro, com cerâmica indígena, de importação romana, como a ânfora e a sigillata, bem como materiais de construção de influência romana (tegula e ímbrex). São visíveis habitações circulares e sub rectangulares, o que atesta, conjuntamente com o espólio cadastrado, a importância deste povoado desde o século I a.C. até ao século II d.C(CMMonção).
Classificado como Monumento Nacional por Decreto n.º 735/74, DG n.º 297, de 21-12-1974, foi recentemente este local valorizado com uma magnífica infraestrutura - o Centro Interpretativo de S. Caetano - que certamente muito contribuirá para divulgar este património.
O acesso faz-se pela Estrada Nacional 304 até Longos Vales e depois pela Estrada Municipal 1111, bastando seguir as indicações.

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Os Castros II

Retomando o tema dos castros, vamos hoje mostrar o que mais intervenções já sofreu, permitindo identificar a acrópole e diversos troços de das três linhas de muralha.
O castro da Senhora da Assunção situa-se numa colina, a cerca de 250 metros de altitude, na freguesia de Barbeita, em Monção. O nome deste local é conferido pela existência de uma ermida consagrada a N. Sr.ª da Assunção, no topo deste monte, edificada no século XVI. A nível arqueológico este povoado apresenta um conjunto de três linhas de muralha, segundo Maia Marques, definindo assim este habitat como um povoado fortificado. O sítio já foi alvo de intervenções arqueológicas, ficando visível grande parte da acrópole, várias estruturas circulares e sub rectangulares, arruamentos e pátios lajeados, constituindo assim um perfeito modelo de proto-urbanismo que caracteriza os povoados castrejos.  De notar a existência do topónimo Paço, a Norte, muitas vezes associado a vestígios de ocupação romana (CMMonção).
Por todo o Portugal, é muito comum a existência de capelas no cimo das montanhas e aqui também não se fugiu à regra. A sacralização do monte, que certamente teria outra designação, deu-se pelo Séc. XVI podendo afectar algumas construções castrejas, embora com pouco significado.
O acesso faz-se, partindo de Barbeita em direcção a Merufe pela Estrada Municipal n.º 504. A seguir à Igreja há um caminho à direita, com calçada portuguesa e indicações várias, nomeadamente Campo de Tiro, Campo de Futebol e Sr.ª da Assunção, que permite aceder ao topo de automóvel ou outros veículos motorizados ou, em alternativa, como eu fiz: a butes...

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domingo, 10 de outubro de 2010

Os Castros I

Não, não vou referir-me aos célebres Castros da velha nobreza cá do norte. Vou abordar mesmo a temática daqueles velhos aglomerados populacionais, tão velhos que não sabemos ao certo a data da sua implementação. São, seguramente muitos anos mas também não é isso que aqui vou tratar. Vou falar do abandono e do desprezo pelo património da humanidade cujos vestígios quis o destino que chegassem ao nosso tempo.
São três os castros que se situam na margem esquerda do rio Minho, nos limites territoriais do concelho de Monção: Senhora da Graça, em Badim, Senhora da Assunção, em Barbeita e São Caetano, em Longos Vales.
Hoje vou falar apenas do primeiro e que fica mais para nascente.
O castro da Senhora da Graça situa-se no cimo de uma elevação granítica, com cota a rondar os 315 metros, de perfil cónico. Ainda são visíveis algumas estruturas circulares. Provavelmente ocupado desde o Bronze Final à romanização plena, este castro, conjuntamente com os de S. Caetano e Sra. da Assunção, (...) dominava completamente o curso médio do rio Minho, donde tiraria grande parte da sua subsistência. Quanto a cronologias de ocupação, Maia Marques aponta para uma ocupação que iria entre séc. II a.C. ao séc. I d.C. Sendo este sem dúvida um local já intervencionado e que de algum modo se apresenta como um elemento importante para o estudo da Idade do Ferro e do Bronze no Alto Minho (CMMonção).
O acesso ao local faz-se pela estrada municipal n.º 1124 e, à chegada existe um quadro a informar da sua existência, que é um património em vias de classificação e com recomendações para não o destruir nem deixar lixo no local.
No que ao lixo diz respeito, não vale a pena gastar muito tempo. O "turista" interno é insensível a quaisquer apelos dessa natureza. Então mais acima, em torno da capela, o incêndio que abrasou toda a vegetação deixou a descoberto os incombustíveis dejectos que resultam, ao que parece, dos festejos ali realizados anualmente: são dezenas, talvez centenas de garrafas espalhadas pelo monte.
Mas se aqueles dejectos, no que concerne ao património arqueológico, são inofensivos, o mesmo não se pode dizer da abertura dos caminhos de acesso ao santuário que ocupa o topo da colina. Mesmo na borda da estrada podem ver-se a descoberto troços de paredes e muros do antigo povoado, um dos quais pelo lado de dentro de uma habitação castreja, o que revela bem o "cuidado" que (não) houve em preservar aquele património.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Gelo

Que frio é este
Que me gela o pensamento
Que me trava a razão
Que me paralisa a vontade
Que me faz tremer a mão
Que faz a minha vida um tormento?

Que tom de cinza é este
Que não me deixa ver o céu
Que esconde as estrelas
Com um véu
De nuvens negras, tenebrosas
Que oculta o horizonte
E seca a fonte
Da minha inspiração?

Olho e não vejo,
Penso e não entendo,
Tacteio e não compreendo
Este torpor
Malévolo, incompreensível,
Indolor
Que tolhe o corpo e a alma
Como letal veneno
Destrói a calma
E a paz

Vila Nova de Cerveira

É, sem margem para dúvidas, a capital das artes do Alto Minho.
De onde quer que olhemos, Vila Nova de Cerveira absorve-nos num afável abraço, convidando-nos a contemplar os seus encantos sem pressas, como se ali o tempo fosse intemporal.
Ali temos a prova de que o progresso não é incompatível com  a tradição e a história.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Visualizador de Slides

O melhor sítio para alojar fotografias e visualizá-las uma a uma ou em slides é, para mim, o Picasa da Google. Mas tem um inconveniente: o espaço disponibilizado à borla é bastante limitado. Então, temos de procurar alternativas. Que são bastantes mas quase todos enfermam dos mesmos defeitos.
Depois de passar pelo SlaidShou, bastante alegre obrigando-nos a suportar uma série de bonecos insuportáveis, acabei por descobrir, através do meu amigo Ventor, de Adrão, o Shutterfly.
E gosto.
Pode não ser o mais funcional mas para mim basta. Permite ordenar as fotografias de diversas formas, atribuir um título e uma legenda a cada uma e visualizar também de diversos modos, de acordo com os gostos ou necessidades de cada um.
É assim... Para já, vou ficar com este.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Caminhos de Longos Vales

Longos Vales é uma das maiores e mais populosas freguesias de Monção. Percorrer os seus caminhos, diversas vezes e nas diferentes épocas do ano é uma permanente descoberta de cores, de aromas, de matizes e de surpreendentes pormenores, além de nos depararmos com a sua história, as suas tradições e os seus monumentos.
Mas mais do que as palavras dirão, certamente, as imagens que aqui vos deixo.

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Obras

Cansado de olhar há anos para o mesmo boneco, deitei mãos à obra e dei uma pintura quase geral, mudei os "móveis" para retirar o "cotão" que se acumulava por baixo e vamos ver se o frio e a chuva outonais me inspiram para mais uns pedaços de prosa, quer sejam recordações do passado, quer sejam impressões da actualidade.
E confesso que, além de me ocupar bastante a deambular por aí, a falta de actualização deste espaço, bem como do Momentos..., não se deve tanto à falta de tempo nem de temas mas mais ao preenchimento deste espaço pelas redes sociais, especialmente o Facebook.
Perante isto interrogo-me: será que as redes sociais ocuparão o espaço dos blogues na web?
Não sei e também não estou muito preocupado com isso. Mas se houver algum leitor voluntarioso que queira discorrer sobre o tema, faça favor...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Do Rio Tua ao Rio Pinhão - Senhora da Piedade

Sanfins do Douro é terra de machos. Dizem os sanfinenses. Porquê? Nunca o soube e, como sempre ocorre em casos análogos, havia várias explicações. Por serem muito viris, diziam uns, por haver muitos mus devido aos extensos vinhedos em cujo cultivo eram empregues desde sempre, chegando mesmo a competir com os modernos tractores agrícolas, pelo menos enquanto não houve combustíveis subsidiados, diziam outros. De uma forma ou de outra, pouco interessa para o caso.
A verdade porém é que também por lá havia alguns burros… Esse gene asinino manifestava-se frequentemente em pequenas “guerrilhas” de cariz paroquial ou associativo mas havia um evento onde uma estranha rivalidade unia toda a população: a festa da Senhora da Piedade.

A Senhora da Piedade é uma imagem enorme da Virgem, lacrimosa, com o filho Jesus ao colo depois de o terem descido da cruz. É também a designação do local onde tem uma pequena capela e onde permanece durante todo o ano, excepto nos dias da festa, local que constitui um magnífico miradouro sobre o vale do rio Pinhão e mesmo de terras de além Douro.
Todos os anos, no segundo fim-de-semana de Agosto, a festa da Senhora da Piedade faz acorrer a Sanfins inúmeras pessoas, quer sejam dali naturais mas que residem fora, quer das terras circunvizinhas, que procuram diversão e cumprir os votos pelas graças recebidas e que são muitas, a avaliar pelas avultadas oferendas angariadas.
Eram três dias e noites de muito trabalho a acompanhar os comissários nos diversos eventos, no ordenamento do trânsito, na manutenção da ordem, enfim, uma colaboração estreita tendo em vista que tudo decorresse da melhor forma, como era apanágio.
Uma das tradições mais peculiares era a arrematação do andor, isto é, obter o privilégio de carregar em ombros o andor da miraculosa Imagem. Para tal, organizavam-se dois grupos, os novos e os velhos, e ganhavam os que arrematassem o leilão pelo maior lanço, chegando a atingir, nos tempos que eu por lá andava, alguns milhares de contos.
Mas o ponto alto da festa era a majestosa procissão.
O cortejo tinha um itinerário perfeitamente demarcado e ao longo do mesmo aglomeravam-se centenas, milhares de pessoas, que ajoelhavam perante a passagem do andor e atiravam os seus donativos para um caixote previamente instalado na base da pesada liteira.
À frente do andor ia sempre a mesma personagem, o senhor Joaquim Cabeça, velho conhecedor dos usos e costumes, sempre atento a umas notas mal acondicionadas no caixotão ou pendentes de algumas mãos que lá não chegavam. As maiores dádivas eram pregadas no celestial manto da Senhora que assim ficava multicolorido, praticamente coberto de papéis provenientes das quatro partidas do mundo.
No final era costume o senhor Joaquim guardar todo o dinheiro, sem contar e mal acondicionado, em diversos sacos de tecido preto que, devidamente escoltado por três ou quatro agentes da autoridade, transportava para a sua residência e ali ficava guardado da sua mão até se fazer a contagem pela semana adiante.
Naquele ano foi decidida uma nova modalidade que foi transmitida por um elemento da comissão de festas, o senhor Porto Sampaio, ao comandante da força policial: o dinheiro seria recolhido em sacos dos CTT, com fecho de segurança, e guardado no cofre da Adega Cooperativa com toda a garantia.
Da nossa parte não havia quaisquer objecções. Se assim o decidiram estava bem decidido e só tínhamos que nos preocupar com a segurança das pessoas e bens.
Contudo, assim que o andor recolheu à Igreja constatei que algo não estava certo. Em torno do caixote do dinheiro e dentro de um círculo de segurança por nós delimitado, o senhor Joaquim Cabeça e o senhor Porto Sampaio, o primeiro com os sacos tradicionais e o segundo com os novos sacos verdes, procediam avidamente à recolha dos donativos, por entre alguns monólogos imperceptíveis, mais parecendo que estavam a disputar o abundante pecúlio.
Perante aquele cenário antecipei-me aos acontecimentos e ordenei: dois acompanham o senhor Joaquim Cabeça e os outros dois o senhor porto Sampaio.
Assim foi e, como sempre, não se registaram quaisquer incidentes.
Já em casa o senhor Joaquim, aliviado da pesada tarefa e enquanto nos deliciávamos com uma fatia de bola de carne e uma pinga da reserva pessoal, foi confessando as suas amarguras: que sempre tinha sido ele a fazer aquele serviço, que nunca tinha sido colocada em causa a sua integridade e honestidade, que sabia melhor do que ninguém como conduzir o cortejo de forma a obter mais donativos, que não merecia aquela desconsideração…
Penso que a intenção da comissão tinha mais a ver com a transparência do processo e até a própria protecção do senhor Joaquim do que com quaisquer dúvidas acerca da sua honorabilidade. Infelizmente assim não foi por ele aquilatado e a verdade é que há coisas, exigências de procedimentos modernos, que não são fáceis de entender por pessoas como o senhor Joaquim, um veterano membro da comissão cuja conduta nunca merecera qualquer reparo. E compreende-se.


Imagem com direitos de autor.

domingo, 29 de agosto de 2010

O Convento de Ganfei

Outra das jóias arquitectónicas do Vale do Minho é o Convento de Ganfei, próximo de Valença do Minho, mas também aqui o património histórico não se encontra bem tratado, tanto pelos organismos oficiais como pelos proprietários.
A fundação do mosteiro consta que se reporta ao período visigótico e, uma inscrição no claustro refere que foi destruído no ano 1000 pelo chefe árabe Almançor, sendo reconstruído em 1018 por um cavaleiro francês de nome Ganfried ou Ganfei, que se tornou um santo, de cujo nome derivam as designações da localidade e do próprio mosteiro
As novas fachada e capela-mor datam de obras realizadas no Século XVIII, mantendo o restante da traça românica.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Orgulho

Um amigo alertou-me, fui à procura e... achei!!!

Pode parecer banal mas a verdade é que ficamos muito "inchados" e com um sorriso de orelha a orelha...
A minha montra de troféus vai ficar um bocadinho mais ornamentada :)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Fogo e a Água

Dois dos elementos que mais têm dado que falar nos últimos dias. O fogo tem devorado áreas enormes de mato e florestas. Mãos criminosas desencadeiam a catástrofe e o tempo, muito de feição, faz o resto. Acredito que os voluntariosos bombeiros fazem o que podem mas sozinhos não conseguem opor-se com sucesso a tamanho flagelo. Para cúmulo o cabo Pereira vem estabelecer comparações e dizer que ardeu menos área do que nos anos tal e tal. Deve sentir-se feliz por isso.
De água, cá pelo burgo, estamos conversados. Todos os anos por esta altura é a mesma coisa: as torneiras só deitam vento. Só que esse fenómeno ocorre apenas nas casas situadas em pontos mais elevados. O argumento das entidades responsáveis é sempre o mesmo: consumos exagerados devido ao número exponencial de residentes com a chegada dos emigrantes. Mas se o problema é dos consumos eu desafio a autarquia a fazer um estudo que demonstre onde e quando ocorreram esses consumos e que o divulgue, para sabermos como é, porque eu desconfio de outras coisas e porque são sempre os mesmos a "pagar a factura" da água que as torneiras não deitam.
E depois aparece uma "jóia" destas na comunicação social: As zonas mais altas das freguesias de montanha de Mazedo e Cortes, no concelho de Monção, estão sem água há cerca de uma semana.
Ora, o que a menina Andreia Cruz designa de "freguesias de montanha" são, nem mais nem menos, duas das freguesias mais ribeirinhas do vale do Minho, cujas cotas mais altas devem situar-se entre os 100 e os 150 metros de altitude. E são as que mais sofrem da falta do precioso líquido, vá lá saber-se porquê...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Festas e Romarias...

O Minho é muito alegre, dizem os que por cá passam, e eu compreendo que assim pensem. Mas a verdadeira essência do minhoto não está assim tão visível e, muitas vezes, aquilo que os forasteiros captam, é apenas uma máscara da realidade.
Todos sabemos que nesta época do ano, em especial, há muitas festas, muito estralejar de foguetes, muita folia e folguedo. Mas à custa de quê? Digo-vos eu, de muito trabalho e sacrifícios. Chega a ser verdadeiramente preocupante atender a quantidade de "pedintes" que, de porta em porta, percorrem as aldeias a angariar donativos para a festa de tantos santos quantas as inúmeras igrejas e capelas que existem nos arredores, muitas vezes a multiplicar por dois ou três, conforme o número de oragos que adornam os respectivos altares.
Há uns anos atrás, ouvi do líder da Diocese de Viana do Castelo dizer numa homilia que deveria haver mais contenção  na forma como se esbanjam recursos nas festas religiosas sabendo-se que ao lado se esconde a pobreza, envergonhada. Acho que foi a única coisa de jeito que lhe ouvi em todo o apostolado que exerceu por terras do Alto Minho mas retive-a porque resume, na perfeição, o que eu quero concluir com todo este arrazoado.
Eu ainda admito que sejamos chamados a contribuir para celebrar algo dentro dos limites administrativos de cada freguesia. Agora, sermos importunados quase diariamente para contribuir, pouco que seja, para alimentar folguedos que pouco têm a ver com o nome dos santos invocados, ainda por cima obrigando-nos a contribuir quase que constrangidos, atendendo ao pretexto invocado, acaba por ser fastidioso e de certo modo muito oneroso.
Por isso digo: quem quiser festas que as faça mas com os recursos que obtiverem em cada célula da comunidade e, por favor, não abusem da boa-fé das pessoas. Para os vossos santos tanto faz que tenham mais ou menos espalhafato...

sábado, 10 de julho de 2010

Desabafos de um Guarda

"Nos anos 80 fui colocado numa "velha" companhia da raia terrestre alentejana da, então, muito prestigiada Guarda Fiscal - comparando, claro está, com a, então, mais que obsoleta GNR, que ainda andava de mauser, camisa verde exército, e polainas".
Texto completo aqui.

Começa assim o teor de um email de autor desconhecido que veio parar à minha caixa de correio, não sei se para me divertir se para me aborrecer. A verdade é que fiquei com uma vontade enorme de responder ao autor mas, como é desconhecido, vou tentar com que por esta via oiça o que tenho para lhe dizer.
Começa mal, o senhor guarda, com a comparação que faz logo no início e isso vai afectar todo o discurso. De facto, a Instituição que ele apoda de "obsoleta" era, na altura, e ainda é, uma organização coesa, disciplinada, prestigiada, respeitada e, acima de tudo, reconhecida socialmente. Tanto que ainda prevalece, ao contrário da sua muito "prestigiada" Guarda Fiscal que, como bem se sabe, está morta e enterrada.
Mas que razões estarão subjacentes a este "desabafo"?
À primeira vista tem a ver com o facto de haver refeitórios separados para as diferentes categorias mas... se ficássemos só por aqui eu calar-me-ia e ficava na minha. Contudo, o indignado guarda vai mais longe, muito mais longe, e de desabafo em desabafo sempre vai dizendo que no tempo da "falecida" é que era bom, todos muito amigos, andavam à vontade sem "licença" para entrar ou sair do refeitório, havia obras de arte nas paredes e até os filhos dos soldados, dos sargentos e do comandante se divertiam muito...
Bom... na Guarda Nacional Republicana não era assim. Primeiro porque não havia recursos para adquirir obras de arte, segundo porque nunca os locais de trabalho serviram de creche, ou infantário, ou algo assim e por fim, todos sabíamos das diferenças hierárquicas entre os diversos elementos e das obrigações que isso implicava, não causando qualquer constrangimento o facto de ter de se pedir autorização para entrar num local onde estivesse um superior, de acordo com o que estipulavam os regulamentos internos.
Talvez tenha sido esta última a principal razão pela qual uma Instituição sobreviveu e a outra... esfumou-se...

domingo, 6 de junho de 2010

Mosteiro de Sanfins de Valença

Mais uma arrancada à descoberta dos tesouros arquitectónicos que ainda se podem apreciar pelo Vale do Minho mas que o ostracismo a que são votados parece destinar a fazer desaparecer.
Desta vez atravessei o Vale do Gadanha, rumei a Alderiz, Lara, Gondomil e desde aqui ataquei a serra, pela Estrada Nacional n.º 101-1. A meio da encosta segui as indicações e virei à direita. O objectivo era ir à descoberta do famoso Mosteiro Beneditino de Sanfins, onde existe um dos melhores exemplares da arquitectura românica do norte de Portugal.
Sobre uma plataforma ergue-se a igreja de uma nave, muito alta relativamente à largura, de grande qualidade construtiva, decoração rica e exuberante, características que fazem desta igreja um dos melhores exemplares do românico português. No exterior, as cornijas da nave e da cabeceira são ritmadas por cachorros e capitéis de poderosa volumetria na escultura e assinalável variedade dos temas (link).


A origem deste mosteiro remonta aos primórdios da nacionalidade, embora o convento seja muito posterior. Mas a degradação é bem evidente e a continuar assim não tardará muito que tudo se resumirá a escombros.
Percorri aqueles trilhos numa manhã sombria e solitária. Apenas os fantasmas do passado me acompanharam no reconhecimento breve que fiz por aquelas ruínas, das quais ainda é excepção a Igreja, principal monumento daquele conjunto.
No sepulcral silêncio, apenas quebrado pelo leve agitar dos ramos das frondosas árvores e pelo sonoro canto das aves que por ali esvoaçam e se reproduzem, um arrepio de medo e de raiva percorreu-me diversas vezes o corpo. Medo por sentir-me um intruso num pedaço de história tão longínquo quanto o é, pelo menos, a nossa nacionalidade. Raiva por constatar a triste realidade a que o ostracismo dos homens votou aquele magnífico monumento.
É pena.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Penha da Rainha

A vida não para. E como a bicicleta não gasta outro combustível que não sejam as calorias que me obriga a perder, sacrifício do qual ainda retiro algum benefício, dou comigo a explorar muitos recantos aqui do burgo, e não são assim tão poucos os que ainda desconhecia e desconheço. E de tudo quanto me foi possível observar posso retirar, desde já, uma conclusão: passamos a vida a passar pelas coisas sem reparar nelas... Mas vamos ao que interessa.



Se um dia passarem por Monção e perguntarem onde fica a Penha da Rainha o mais certo é ouvirem dizer que tal coisa nunca por cá existiu. E, no entanto, ainda a povoação de Monção não fora criada e já Penha da Rainha era um Julgado com o mesmo nome, cuja área abrangia o actual concelho de Monção até ao rio Mouro, a terminar em Merufe e a referência mais antiga ao seu castelo surge na Crónica do Imperador Afonso, relativamente à campanha de Val-de-Vez.
A realidade é que não se vislumbram no enorme maciço rochoso quaisquer vestígios de construção como seria natural dada a importância que certamente teve. Da ermida, sagrada pelo bispo de Tui D. Pedro I em Junho de 1204, nada resta e a actual, supostamente feita no mesmo local da primitiva, datará de tempos não muito afastados dos Séculos XVIII ou XIX.
Com a criação de uma linha de fortificações ao longo da fronteira, as fortificações situadas mais para o interior perderam importância e foram mesmo votadas ao abandono e as ruínas do castelo de Penha da Rainha foram aproveitadas pelo pároco de Abedim para as obras da sua igreja.
S. Martinho da Penha situa-se no termo da freguesia de Abedim, concelho de Monção. Na Estrada Nacional n.º 101, que liga Monção a Arcos de Valdevez, existe sinalização adequada e depois é sempre em frente, com cuidado porque, além da estrada ser muito estreitinha, há uma bela paisagem para observar.


Fonte Histórica: Pintor, Padre Manuel António Bernardo, Obra Histórica,I, Rotary Clube de Monção, Monção, 2005.
Fotografias minhas.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Carneirada...

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.


A única riqueza do mundo é o trabalho e o poder supremo reside nas mãos dos operários mas as coisas nem sempre estão como seria justo. É que a "albarda" pesa tanto que os "burros" já nem força têm para ouvir poemas... Assim, mais cómodo é mesmo seguir o rebanho e não levantar "poeira".
Será que os "CEO" que embolsam milhões têm consciência de que sem os "burros de carga" os objectivos negociados por eles e pelos conselhos de administração iam todos por água abaixo?
Para distribuir riqueza não contam mas para pagar os desmandos dessa cambada sim, contam e muito. O povo é sereno...
O poema é muito profundo e a letra foi por mim copiada para ali.

terça-feira, 4 de maio de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Comunicado

A propósito de comentários, importa esclarecer que desde o início, e já lá vão alguns anitos, optei por não colocar trancas, isto é, activar a moderação, e também por não responder àqueles que vão aparecendo. Não é pelo trabalho que isso me daria, que bem poucos eles são. São várias e variadas as razões mas para resumir todas em duas palavras é porque não me apetece.
Claro que há excepções e sempre que sou interpelado de alguma forma tento responder.
Não foi o caso relativamente ao último artigo que aqui plasmei. Ainda me estava a coçar das picadelas apanhadas durante a minha excursão à procura dos moinhos de Boivão e já alguém, anonimamente, me estava a "azucrinar" por causa de um "lapsus" de escrita relativamente ao nome que vulgarmente se dá às sarças.Realmente estava convencido que o nome seria silves e porquê eu não o sei.E com as canelas a arder respondi com o sentimento de quem sente na pele os efeitos de miríades de picadelas. Não estava para suportar mais uma.
A verdade é que mais do que eu, o autor do comentário acusou o toque e veio esclarecer a sua posição e pedir desculpa...
Não havia necessidade.
Em primeiro lugar porque estava coberto de razão e depois porque eu não me melindro tão facilmente.
Mas uma coisa deixo clara: não gosto de comentários anónimos e acho de muito mau gosto que alguém, seja com que autoridade for, se dê ao trabalho de corrigir os erros ortográficos que, deliberadamente ou porque de melhor não somos capazes, possamos cometer.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Moinhos do Minho

O meu fascínio por moinhos vem desde muito pequeno porque meu Pai, um perito na arte de "afinar" os moinhos, levava-me sempre como ajudante por variadas razões: primeiro porque dadas as suas limitações físicas, precisava de alguém para carregar as ferramentas; outra porque era muito mais hábil para aceder ao inferno pelo cabouco e efectuar as correcções no registo que ele comandava; outra ainda porque a minha agilidade quase felina permitia-me percorrer o açude para desviar a água, voltar a dirigi-la para o cubo, e repetir estas operações quantas vezes fosse preciso...
Foi assim que, sem ser perito na matéria, apreendi muitas das designações das peças, dos mecanismos, das ardilosas formas de corrigir os desvios do eixo da mó, picar e repicar as pedras, de muitos outros "truques" que faziam o moinho funcionar como novo. Algumas coisas ainda as retenho, outras estão arquivadas numa zona sombria do cérebro de onde talvez nunca voltem a sair...
aqui me referi, com muita mágoa, aos moinhos de Cavenca, os moinhos que praticamente apenas existem na minha memória e nas minhas "Memórias" porque uma violenta enxurrada destruiu-os quase todos.
E as mágoas continuam mas ainda há esperança. Uma página no Facebook denominada Moinhos de Portugal avivou a minha curiosidade e tenho percorrido Ceca e Meca à descoberta desse tipo de engenhos. E tem sido muito gratificante a procura. Montado na "ginga" e num raio de dez a quinze quilómetros já recolhi imagens de cerca de duas dezenas de moinhos, alguns deles com "sinais de vida" mas a maior parte irremediavelmente arruinados.
Hoje mesmo desloquei-me a Boivão, Valença, onde me constava existir uma concentração considerável desses engenhos. E quando me preparava para demandar a ribeira que daquela aldeia escorre até ao Rio Minho alguém me disse que a direcção certa era em sentido contrário. Tinha de subir à serra em direcção às pedreiras. O esforço foi grande e bem avisado fui de que não valeria a pena porque estavam todos "escangalhados". Mas que importava? Fui lá para ver moinhos e havia de ver moinhos.
No cimo da íngreme montanha, cansado e com as pernas todas cravejadas dos espinhos que me açoitaram, dei por bem empregue a caminhada mas prevaleceu uma imensa tristeza: O que resta dos moinhos de Boivão são escombros. Dos doze referenciados há um que estará a funcionar, outro com possibilidades de voltar a funcionar, todos os outros, pelo que pude observar, o que não foi destruído pelas chamas terá sido saqueado. Restam as paredes, os cubos, as canles e pouco mais.
Uma particularidade é que aqueles moinhos não se situam num curso de água natural. Estão dispersos pela encosta abaixo, numa escalada descendente de forma a aproveitar o único e abundante manancial que fornecia a energia para funcionarem. O que seria em tempos uma levada é agora uma moderna conduta em vinil com ramificações para cada um dos engenhos e que ainda serve para regar os campos e hortas de Boivão.
O mundo mudou muito depressa.
Os vestígios existentes indicam que ainda não há muitos anos deviam fazer farinha a rodos. Agora é o abandono e o mato a cobrir quase tudo...

domingo, 25 de abril de 2010

Um Contributo para a Democracia

Ao comemorar-se mais um aniversário da Revolução dos Cravos, não pude deixar de recordar os já longínquos anos setenta do Século XX.
Tinha decorrido um ano após a destituição do regime do Estado Novo e procurava-se dar corpo aos desígnios da revolução então iniciada. Foi a 25 de Abril de 1975 que ocorreram em Portugal as primeiras eleições livres e através do voto directo e secreto o Povo ia escolher os seus representantes à Assembleia Constituinte.
Foi um dia histórico não só pelo civismo mas porque foram, até hoje, as eleições mais concorridas da nossa história.
Nesse dia, eu encontrava-me a prestar serviço militar obrigatório na Escola Prática de Engenharia, em Tancos, e, como todos os outros militares, não me foi possível exercer o direito de voto por me encontrar empenhado na gigantesca operação montada pelas Forças Armadas para garantir que aquele acto eleitoral decorresse sem incidentes.
Incidentes não houve, que eu saiba. O que houve foi um enorme entusiasmo da população pela participação activa na vida pública. Foi um dia de trabalho que só terminou cerca da meia noite a ter de aturar um sargento bêbado mas também uma data para mim inolvidável.
Valeu a pena? Claro que sim! Apesar de tudo hoje vive-se, de longe, muito melhor do que antes.
O que faz falta é apenas fazer sentir aos senhores que estão no poder que a política não deve ser usada como trampolim para outros objectivos, que em política não pode valer tudo e, muito especialmente, aos políticos não basta serem honestos, têm de parecê-lo.

sábado, 17 de abril de 2010

O Cantador


A vaguear por aí descobri esta magnífica interpretação que partilho com vocês, na esperança de que gostem tanto ou mais do que eu.

sábado, 10 de abril de 2010

A Luta de Valença

Veio para ficar a resistência da população de Valença do Minho (ou Valencia do Miño) ao encerramento do Serviço de Atendimento Permanente no Centro de Saúde local.
Os argumentos são muitos e até tiveram a "sorte" de ver morrer um velhinho à entrada do Centro de Saúde, mesmo ocorrendo a horas em que era suposto aquela unidade estar a funcionar plenamente.
Mas para mim, o principal argumento é a "subordinação" da novel cidade a uma Vila.
A história, se é que há alguma história neste imbróglio, começou com a reforma da rede nacional de cuidados de saúde implementada pelo ministro Correia de Campos que, por causa dela, foi sacrificado em prol de uma política mais popularucha. Na altura era presidente da autarquia valenciana um membro do "clã" no poder e a coisa decorreu sem muitas ondas apesar de ainda ter havido contestação e pelo menos uma acção de "corte" da Ponte, um ponto de grande sensibilidade estratégica que a Guarda tenta estoicamente manter desobstruído.
Entretanto - não sei foi alguma contrapartida pelo encerramento do SAP ou não - Valença foi elevada a cidade e com a "nova ordem" do poder autárquico a voz do descontentamento ganhou mais força mesmo não se sabendo bem para que lado pende a posição do presidente que por um lado diz defender os interesses dos habitantes de Valença mas por outro discorda das bandeirinhas espanholas (ficava muito melhor a galega) nas varandas e falta saber se apoia ou não as criminosas investidas sobre a ponte.
Que Valença aspirava há muito ser cidade já se sabia. Desde que a urbe se expandiu anarquicamente para fora das muralhas essa nova zona comercial e habitacional passou a ser designada por "Cidade Nova". Mas as condições legais para tal nunca foram reunidas devido, principalmente, à extinção das barreiras alfandegárias com a adesão de Portugal e Espanha à CEE.
Mesmo sem condições para tal, a verdade é que a elevação a cidade é uma realidade e o orgulho dos valencianos sofre com a perda de influência e do SAP em detrimento dos vizinhos de Monção.
No entanto, são vários os factores que favorecem a implementação do SUB em Monção: melhor centralidade (convém relembrar que Melgaço também faz parte da área coberta por este Serviço), uma infraestrutura pensada e criada pata tal fim e, essencialmente, uma densidade populacional muito superior, conforme se pode ver do quadro seguinte.

De resto, dizer-se que os pacientes têm de andar para um lado e depois no sentido inverso para Viana do Castelo, só serve de arma de arremesso porque, na verdade, se o problema urgente for resolvido em Monção o percurso inverso é apenas o necessário para regressar a casa.
Poderão os meus leitores alegar que defendo a actual situação apenas porque estou do lado dos mais favorecidos mas eu digo que tal não corresponde à verdade. Eu preferiria sempre deslocar-me alguns quilómetros para ter acesso a um serviço que de facto me providenciasse os cuidados necessários e urgentes com qualidade a ter um SAP ao pé da porta apenas para emitir uma "guia de marcha" para outras paragens.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pare, Escute, Olhe...



Do mesmo autor do famoso "Ainda há Pastores", este documentário sobre a linha do Tua é fantástico.
Só quem nunca andou por aquelas paragens é que pode ficar indiferente ao que aquela linha ferroviária representava e ainda representa para as populações que a ladeiam. Mas talvez mais do que isso são as magníficas paisagens que cada viagem permitia descobrir ao longo do imenso vale do Tua.
Um património que daqui a alguns anos apenas será possível visitar através das imagens que Jorge Pelicano recolheu.

sábado, 3 de abril de 2010

De a Caballo al Mundo...

Em finais do Verão de 2006, em Coimbra, fiz as "honras da casa" ao corajoso ginete argentino Eduardo Discoli que durante cerca de nove anos percorreu o Mundo com os seus cavalos deixando por onde passava um rasto de simpatia e admiração pela ousadia.
Com mais ou menos dificuldades foi andando de continente em continente, de país em país, até que casualmente se meteu num beco sem saída: Israel.
Ali foi obrigado a deixar os três cavalos com que se fazia acompanhar e demandou a Europa à procura de apoios financeiros para resgatar os animais. Mas o dinheiro anda caro. E faz falta muito para promover o transporte dos bichos...
Só que o Homem não desiste facilmente e continua, arduamente, a desenvolver diligências no sentido de concretizar o seu sonho.
O seu objectivo inicial era chegar a Marrocos, passar ao Brasil e dali regressar a casa. Só razões de uma política estúpida o impediram de prosseguir mas o que ficou para trás valeu a pena.
Continuo a desejar-lhe sorte D. Eduardo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Até Quando?

http://niviaandres.blogspot.com/2009/02/cinismo-puro.html

Os Estados salvaram os bancos e não exigiram contrapartidas. Os bancos recuperam uma renovada força contra os Estados.

Ver mais...

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Portal da Quinta do Crasto

Quem percorre a Estrada Nacional 101 de Monção para Valença, quase na divisória dos dois concelhos e das freguesias vizinhas de Lapela e Friestas, depara-se subitamente com uma imponente frontaria de granito que tem desafiado o decurso dos séculos. É o celebrado portão da Quinta do Crasto, ou de Castro, porque a primeira designação e aquela pela qual é mais conhecido não é mais nem menos do que o mesmo nome que apenas sofreu uma inversão na sua estrutura (metátese), fenómeno muito comum nesta região norte de Portugal.

A sua descoberta, quase repentina, no meio de densa e verdejante vegetação, leva muitos transeuntes a parar no largo fronteiro e indagar do que se trata, talvez alimentando a esperança de poder efectuar uma visita à propriedade que, com uma entrada daquele quilate, se antevê grandiosa e interessante.
Porém, depressa essa expectativa se desvanece. Os ferrugentos portões encontram-se fechados, não há qualquer dispositivo de chamada e não se vislumbra vivalma para fornecer qualquer explicação.
A grandiosidade do portão contrasta com o resto da propriedade que terá pertencido à aristocrática família  Pimenta de Castro, cuja genealogia se perde na memória dos tempos e com a qual não vou perder tempo nem quero fazer "concorrência" nesta matéria ao meu ilustre amigo Alberto Magno Pereira de Castro que, seguramente, já anda a vasculhar nas raízes dessa antiquíssima árvore...
De facto, a casa que agora tem vindo a ser alvo de obras de restauro e se projecta já com uma volumetria solarenga, não passava até há poucos anos de uma modesta habitação rural cercada de vinhas e leiras de cultivo.
À escassez de informação credível sobre a misteriosa quinta, contrapõe-se a lenda e a sabedoria popular consubstanciada em duas narrativas que, como todas as lendas, enfermam de escassa credibilidade.
A primeira é que na freguesia vizinha de Gondomil, dois homens envolveram-se numa contenda por causa dos marcos que dividiam as respectivas propriedades.À boa maneira do norte, o homem que se considerava roubado, puxou da enxada e desferiu um golpe na cabeça do vizinho, matando-o. Entretanto foram chamados os guardas da Rainha para prender o homicida. Este, conhecedor dos direitos e privilégios do Portão da Quinta do Crasto, fugiu e dirigiu-se para ali perseguido pelos guardas e pela população. Chegando lá, agarrou-se ao portal conseguindo eximir-se à justiça porquanto, todos aqueles que se protegessem junto do portal expiavam os crimes cometidos.
A segunda reza que, perante a ameaça das tropas napoleónicas que invadiram Portugal pelo Norte, os proprietários da nobre Quinta reuniram todo o dinheiro e jóias que possuíam e entregaram o fabuloso tesouro a um fiel criado incumbindo-o de o colocar em segurança. O criado apareceu mais tarde morto mas do tesouro nunca mais se soube, o que leva a considerar duas hipóteses: uma que teria o fiel servo escondido o tesouro em local seguro e levado o segredo do seu esconderijo para a eternidade, outra que aponta a possibilidade de ter sido morto e roubado pelos invasores.
Eu quero acreditar mais na primeira e não me espantará se, algum dia, alguém vier a confrontar-se com um achado fabuloso tornando-se em mais um excêntrico, qual vencedor do euromilhões.

domingo, 21 de março de 2010

Ecopista do Rio Minho - de Cortes até Friestas

Percorrer a ecopista do Rio Minho é uma actividade sempre regeneradora e aliciante. Contudo, pode-se tornar ainda mais aliciante se nos dermos ao trabalho de abandonar a pista propriamente dita e efectuar pequenos desvios numa espécie de "caça ao tesouro".
A recompensa aí fica, pedindo desde já a melhor compreensão para a qualidade do registo que se deve, exclusivamente, à natural falta de jeito do fotógrafo...
Este conjunto de fotografias foi recolhido num pequeno troço da magnífica via, entre o Apeadeiro de Cortes, em Monção, e a Estação de Friestas, já no termo de Valença.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Direito de Petição

"O direito de petição é o direito de apresentar exposições escritas para defesa de direitos, da Constituição, da lei ou do interesse geral. Pode ser exercido junto de qualquer órgão de soberania (à excepção dos tribunais) ou de quaisquer autoridades públicas, sobre qualquer matéria desde que a pretensão não seja ilegal e não se refira a decisões dos tribunais".
Está muito em moda, criar petições online por tudo e por nada, banalizando-se um direito que visa reforçar a cidadania e dar voz às pessoas no sentido de levar a administração a tomar, adoptar ou propor determinadas medidas.
Tem-me chegado à caixa de correio electrónico, por diversas vias e de proveniências que considero insuspeitas, o pedido de subscrição de uma petição pública em que é pedida a libertação de um militar da Guarda Nacional Republicana (GNR), condenado judicialmente em pena de prisão por, alegadamente em legítima defesa, ter morto um jovem de dezoito anos.
Seria uma iniciativa muito louvável se viesse acompanhada de toda a informação necessária para podermos aderir à mesma sem reservas.
Contudo, essa informação não existe e, por isso, fui obrigado a vasculhar a web à procura dela. E o que encontrei não me convenceu, muito pelo contrário, induziu-me a pronunciar-me aqui sobre o mérito da mesma e a pedir que deixem de me enviar pedidos desta natureza porque o meu sentido de camaradagem e de defesa de interesses corporativos não me permite agir cegamente nem apoiar incondicionalmente todas as iniciativas que digam respeito ao grupo profissional em que me encontro inserido.
A primeira constatação é que apenas colhe algum apoio em fóruns ou blogues relacionados com movimentos extremistas de direita, o que por si só é suficiente para me suscitar sérias reservas. Outro motivo de desconfiança deriva da análise de alguns comentários que os subscritores adicionam, que denotam muita paixão mas pouca capacidade de análise de matéria tão delicada.
O que está em causa, no caso em apreço, não é uma mera pena de prisão aplicada a um militar da GNR, é uma decisão judicial proferida num órgão de soberania em relação à qual o cidadão dispõe de mecanismos de defesa próprios e que também desconhecemos se foram ou não desencadeados.
Por isso mesmo, a Lei pela qual se rege o Direito de Petição exclui, do seu âmbito, os Tribunais.
Assim sendo, atrevo-me a formular algumas questões que gostaria de ver respondidas:
  • Quem desencadeou a referida petição?
  • A quem é dirigida?
  • Quais os fundamentos para, eventualmente, fazer reverter a decisão do Tribunal de Loures a favor do militar da GNR?
  • Qual a posição dos quadros de topo da GNR em todo este imbróglio?

Pelo que nos é dado observar através da comunicação social, o jovem assaltante que terá arrancado um fio de ouro ao militar foi abatido com três(?) tiros nas costas. A pena aplicada foi a que corresponde ao homicídio simples, à qual acresce uma outra pena por ofensas corporais simples já que um disparo atingiu a perna de uma jovem que passava no local. Perante este cenário, sejamos realistas, isentos e responsáveis, qualquer juiz teria, necessariamente, de condenar o autor dos disparos.
A quem não concordar comigo lanço apenas este repto: imagine que a vítima era vosso irmão, filho, pai ou parente... independentemente de ser um marginal, branco, negro, cigano ou alentejano.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pigs or Stupid's?

O diabo que escolha. Qualquer dos acrónimos em título não é propriamente um elogio para Portugal, nem para os portugueses, nem para os governantes portugueses. Por isso, era bom que o chefe da diplomacia portuguesa, Dr. Luís Amado, explicasse por onde tem andado para justificar o que acabou de referir à comunicação social no regresso de mais uma viagem lá não sei onde...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Estado de Choque

Havia um ditado antigo que dizia: só nos lembramos de Santa Bárbara quando troveja. Ocorre-me este anexim popular a propósito das notícias que nos têm chegado da Madeira e que deixou o País em estado de choque. A verdade é que estamos permanentemente a ser surpreendidos pela ocorrência de catástrofes naturais que, bem vistas as coisas, não constituem qualquer novidade.
Alguns anos atrás alguns instantes de chuva intensa provocaram o caos em muitas zonas do Continente. A esse propósito alinhavei aqui alguns comentários que permanecem perfeitamente actuais. É perfeitamente visível, sem necessidade de lupa, mesmo para aqueles que enfermam de algumas limitações ópticas, que se têm cometido imensos atentados ambientais, com alterações nos solos que afectam a sua permeabilidade e consequente consolidação, com o "encarceramento" dos cursos de água, quantas vezes enfiados em aquedutos com a capacidade mínima para escoar as águas que por ali escorrem normalmente mas extremamente exíguos para deixar passar uma enxurrada que arraste lama, pedras plásticos, matéria lenhosa e toda a sorte de dejectos que se acumulam ao longo do seu curso.
Indiferentes aos "avisos" da natureza, continua-se a colocar os interesses económicos à frente do que devia ser um planeamento e ordenamento territorial que respeitasse todos os aspectos mas com prevalência para os ambientais.
Assim não é difícil vaticinar a ocorrência futura de catástrofes idênticas ou piores da que ocorreu na Ilha.
Com todo o respeito pelas vítimas e pelos seus familiares, a quem endereço os meus sentidos pêsames, acho que, passada a tormenta, é tempo de reflectir sobre as causas, as consequências e fazer algo para que não continuemos a ser surpreendidos por fenómenos que são tão antigos quanto o é a humanidade.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Propósito de Crise...

"Quando há uma nova lei de que não gostam, (...) ou a ignoram ou arranjam maneira de a massajar".
Quem fala assim é um economista alemão a propósito da situação económica da Grécia e gosto especialmente do termo "massajar". É lindo, sim senhor!
Intencionalmente coloquei uns pontinhos entre parentesis, local onde deveria figurar "os gregos", porque se quisermos também lá podemos colocar "os portugueses".
O desprezo pelas leis claras, concisas e precisas já vem de muito longe e aquelas que ainda resistem, se não houver nos alfarrábios forma de as contornar, são logo revogadas e substituídas por outras "à medida".
Mas o que mais me preocupa nem sequer é a crise, é o facto de, sem saber como, estar a dever ao estrangeiro a módica quantia de € 16.000,00. 
Eu juro que sempre que me desloco ali à Galiza para adquirir alguns produtos que me parece estarem mais em conta do que cá, principalmente a "gasosa", pago no acto.
Por isso, exorto os caloteiros para que paguem o que devem e deixem de colocar em causa a honra e o bom nome de quem faz por ter as contas em dia.
E se este apelo não for suficiente ainda hei-de criar um movimento, talvez uma petição online, para que seja publicada uma lista dos devedores, ou melhor, daqueles que sem mandato meu, andam a mexer no meu bolso.
Quanto à dívida, esqueçam, não pago, não pago e não pago...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Congelados

Como era espectável, voltamos a ter mais do mesmo. O Orçamento de Estado (OE) para 2010 trouxe de novo aquilo que já se sabia há muito: há um bode expiatório para todos os males da economia portuguesa que são os trabalhadores da administração pública. Foi assim em 2005 e anos seguintes, aliviou em 2009 porque havia eleições para sobreviver, recomeçamos o ciclo em 2010 porque as eleições ainda estão longe.
E também continuamos a fazer orelhas moucas ao ruído que vem do exterior, à semelhança do que aconteceu num passado recente. Quando todos os sinais exteriores apontavam para a crise que alastrava a nível mundial e afectava as economias mais poderosas os nossos governantes pavoneavam-se com as suas previsões optimistas e defendiam a solidez das políticas implementadas. O resultado foi o que se viu, ou o que ainda não se viu porque o verdadeiro estado das finanças públicas ainda está no segredo dos deuses. Agora são as agências que avaliam o "rating" dos Estados que não sabem fazer contas e mais uma vez podemos ficar descansados porque o nosso primeiro sabe como fazer descer o défice...
Pois sabe, há por aí uns senhores(as) que entram às nove e saem às cinco, com intervalos para café e lanche e almoço e ir ao banco e dar uma espreitadela no mercado da esquina e escovar o chefe e polir as unhas e telefonar aos filhos, à vizinha, à prima, ao namorado(a) e que se proclamam funcionários públicos que vão saber como "elas doem". Pois que se ponham a pau, porque além de não terem salários melhorados nos próximos anos ainda vão ter de seguir o exemplo do ministro das finanças que trabalha vinte e quatro horas por dia,  disse-o ele. Só não disse foi que de noite também se trabalha... talvez para não ter de pagar horas extraordinárias...
O grande problema é que tudo isto não é mais do que "dourar a pílula", como disse aquele senhor, que não sei de que lado está mas seguramente não está do lado do poder.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Xacobeo 2010 - III

Há quem não se importe de empenhar os anéis, de ruby ou de esmeraldas, ou outras preciosidades quaisquer, para ver ao vivo os seus ídolos musicais.
Eu, sendo um consumidor e apreciador de boa e diversificada música, mas especialmente clássica, manifestei o desejo de aproveitar a oportunidade de assistir ao concerto de Mark Knopfle, se tivesse vagar. Vagar tenho, mas infelizmente não tenho t€mpo. É que o ingresso para o concerto a realizar em 28 de Julho no Multiusos Fontes do Sar em Santiago de Compostela custa (apenas) €95,00, além dos promotores cobrarem ainda mais € 30,00 para o envio por correio expresso...
Eu sei que não é nenhuma fortuna mas as minhas prioridades são outras. Além disso o ano é longo e não vão faltar eventos para todos os gostos e todas as bolsas.
E a Galiza é um mundo de encanto e de magia...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Viaturas do Estado

A circulação de viaturas do Estado sem seguro obrigatório foi tema recentemente na comunicação social e deu azo a inúmeros comentários mas sem qualquer reacção oficial.
Sem procuração de ninguém para assumir a defesa da Nação, deixei o meu ponto de vista no sítio do costume.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Gastronomias II

ali me referi a um prato típico de Monção, muito apreciado por quem gosta, e eu sou um dos seus apreciadores. É o cabrito, anho ou reixelo à moda da terra. E também lá plasmei o epíteto porque é conhecido cá no burgo, para o qual existem diversas explicações, qualquer delas capaz de satisfazer a curiosidade de quem quiser saber a razão de tal reputação.
Agora foi dada a conhecer publicamente, pela voz do Presidente da Autarquia, a intenção de se proceder à certificação da "Foda à Monção",  para "evitar que não haja uma delapidação" desse património gastronómico concelhio. E parece que a intenção é certificar esse prato típico assim mesmo, tal como é anunciado nos cardápios dos restaurantes locais.
Sinceramente acho a ideia de muito mau gosto. Não a certificação mas a designação. Foda é um vulgarismo que significa relação sexual, cópula ou ainda coisa desagradável ou insuportável e na verdade um prato de cabrito à moda de Monção não será nada disso, a menos que as suas virtualidades sejam tão corrompidas que os potenciais consumidores acabem os seus repastos com a expressão: - Mas que grande foda!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Brumas


Por entre as brumas matinais vislumbram-se as ameias de uma construção que não sei bem o que é. Situa-se na ilha de Fillaboa, como é designada por nuestros hermanos, no curso internacional do Rio Minho, junto à foz do rio Tea.
Se há algum sítio onde possa esconder-se o saudoso Rei D. Sebastião, esse sítio é mesmo ali. Até me quis parecer que por lá pastava o seu fogoso corcel...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Aneurisma da Aorta Abdominal

Fixem este nome, principalmente os homens com mais de 65 anos. O aneurisma da aorta abdominal (AAA) é uma das principais causas de morte súbita nessa faixa etária. Porquê? Porque se desenvolve silenciosamente, sem dor e sem sintomas específicos, e quando se dá a rotura na "canalização" mais de metade dos afectados não chega ao hospital com vida.
Como é que eu sei destas coisas?
Bom, o facto de dispor de tempo mais que suficiente para cuidar de mim levou-me a ir assistir a uma sessão de esclarecimento realizada anteontem no auditório da Biblioteca Municipal de Monção, realizada por um especialista em Cirurgia Vascular do Hospital de S. João no Porto com o patrocínio da Medtronic, uma empresa do ramo das tecnologias médicas.
A aula tinha como público alvo, especialmente, os alunos da Universidade Sénior de Monção mas era também aberta a quem quisesse participar, mediante inscrição prévia. Foi o que eu fiz e não dei o pouco tempo que lá permaneci por mal empregue.
Quais são as causas para o desenvolvimento de um AAA?
Todas aquelas que se relacionam com problemas vasculares, nomeadamente o tabagismo, diabetes, colesterol elevado, hipertensão, doenças cardiovasculares e muito especialmente a aterosclerose.
Como se pode diagnosticar?
Muito simples, através de uma simples ecografia abdominal, que deverá realizar-se anualmente a partir dos 60 anos de idade.
Estranhei foi a escassa participação masculina que não chegava a 1/4 da assistência. De facto, ou a divulgação foi escassa, ou os homens de Monção são demasiado "machos" para se preocuparem com essas "mariquices". Ou então confiam cegamente no antídoto natural produzido nesta região para todas essas doenças, como referiu, gracejando, o senhor Presidente da autarquia que fez questão de estar presente, numa clara alusão ao famoso "alvarinho".
E ainda fiquei a saber que o célebre nobel da física Albert Einstein morreu vitimado por um AAA...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Casamento ou União de Facto?

Em Monção já existe há muito tempo um monumento com um célebre poema de João Verde, poeta regionalista que nos fala de um namoro antigo entre o Minho e a Galiza mas cujo casamento não se pode realizar porque os pais não o permitem.
Vendo-os assim tão pertinho
A Galiza mailo Minho
São como dois namorados
Que o rio traz separados
Quasi desde o nascimento.
Deixá-los pois namorar
Já que os pais pera casar
Lhes não dão consentimento.
O mesmo poema foi recentemente integrado num painel que se encontra do outro lado da fronteira, junto à ecopista que ladeia a margem direita do Rio Minho, à entrada do magnífico parque "A Canuda", acompanhado por um outro mais optimista da autoria de um poeta galego de nome Amador Savedra e que reza assim:
Se Dios os fixo de cote
um pra outro e teñem dote
Em terras enparexadas,
Pol'a mesma auga regadas
Con ou sin consentimento
D'os pais o tempo ha chegar
Em que teñam que pensar
Em facer o casamento.
Penso que Savedra era um visionário e um optimista, talvez fruto de um sentimento nacionalista que via no norte de Portugal um prolongamento natural da Nação Galega. Se bem que não houve casamento, existe na realidade uma verdadeira união de facto entre as duas regiões, o que na prática vai dar ao mesmo. E nem foi preciso a Assembleia da Republica legislar ad hoc.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Geada na Lama


Durante o início da noite passada choveu e de madrugada caiu gelo em cima do solo encharcado em água. Diziam os mais velhos da minha terra: geada na lama, chuva na cama. E parece que tudo se conjuga para que assim seja ainda já que as grossas nuvens que agora encobrem o sol radioso com que se iniciou este dia prometem chuva em abundância.
Mas apesar do frio, o sol matinal convidava a sair e eu assim fiz. Dei início à minha caminhada em direcção a Salvaterra e à medida que me aproximava do rio mais me embrenhava no manto de nevoeiro que cobria o seu caudaloso leito.
O frio era muito e era bem evidente pela fumaça que saía das minhas "ventas" mas isso não fez esmorecer o meu entusiasmo.
Valeu a pena.
Não é todos os dias que se vê desaparecer a ponte em lado nenhum...