sábado, 10 de abril de 2010

A Luta de Valença

Veio para ficar a resistência da população de Valença do Minho (ou Valencia do Miño) ao encerramento do Serviço de Atendimento Permanente no Centro de Saúde local.
Os argumentos são muitos e até tiveram a "sorte" de ver morrer um velhinho à entrada do Centro de Saúde, mesmo ocorrendo a horas em que era suposto aquela unidade estar a funcionar plenamente.
Mas para mim, o principal argumento é a "subordinação" da novel cidade a uma Vila.
A história, se é que há alguma história neste imbróglio, começou com a reforma da rede nacional de cuidados de saúde implementada pelo ministro Correia de Campos que, por causa dela, foi sacrificado em prol de uma política mais popularucha. Na altura era presidente da autarquia valenciana um membro do "clã" no poder e a coisa decorreu sem muitas ondas apesar de ainda ter havido contestação e pelo menos uma acção de "corte" da Ponte, um ponto de grande sensibilidade estratégica que a Guarda tenta estoicamente manter desobstruído.
Entretanto - não sei foi alguma contrapartida pelo encerramento do SAP ou não - Valença foi elevada a cidade e com a "nova ordem" do poder autárquico a voz do descontentamento ganhou mais força mesmo não se sabendo bem para que lado pende a posição do presidente que por um lado diz defender os interesses dos habitantes de Valença mas por outro discorda das bandeirinhas espanholas (ficava muito melhor a galega) nas varandas e falta saber se apoia ou não as criminosas investidas sobre a ponte.
Que Valença aspirava há muito ser cidade já se sabia. Desde que a urbe se expandiu anarquicamente para fora das muralhas essa nova zona comercial e habitacional passou a ser designada por "Cidade Nova". Mas as condições legais para tal nunca foram reunidas devido, principalmente, à extinção das barreiras alfandegárias com a adesão de Portugal e Espanha à CEE.
Mesmo sem condições para tal, a verdade é que a elevação a cidade é uma realidade e o orgulho dos valencianos sofre com a perda de influência e do SAP em detrimento dos vizinhos de Monção.
No entanto, são vários os factores que favorecem a implementação do SUB em Monção: melhor centralidade (convém relembrar que Melgaço também faz parte da área coberta por este Serviço), uma infraestrutura pensada e criada pata tal fim e, essencialmente, uma densidade populacional muito superior, conforme se pode ver do quadro seguinte.

De resto, dizer-se que os pacientes têm de andar para um lado e depois no sentido inverso para Viana do Castelo, só serve de arma de arremesso porque, na verdade, se o problema urgente for resolvido em Monção o percurso inverso é apenas o necessário para regressar a casa.
Poderão os meus leitores alegar que defendo a actual situação apenas porque estou do lado dos mais favorecidos mas eu digo que tal não corresponde à verdade. Eu preferiria sempre deslocar-me alguns quilómetros para ter acesso a um serviço que de facto me providenciasse os cuidados necessários e urgentes com qualidade a ter um SAP ao pé da porta apenas para emitir uma "guia de marcha" para outras paragens.

2 comentários:

M. Caldas disse...

Em Melgaço, pelos vistos, não fechou nada. Tudo caladinho. Pudera!

Concordo com a luta das pessoas de Valença. Acho que não devem baixar os braços. E também concordo consigo no que toca à bandeira. A galega ficava melhor!

Entretanto, haja vida e saúde para vermos onde tudo isto vai parar. E relembremos o Eça : "Este governo não cairá porque não é um edifício, sairá com benzina porque é uma nódoa.

Cumprimentos

SOD, o Pérfido disse...

Mesmo quem tem urgências hospitalares próximas, corre sempre o risco que, tratando-se de um hospital pequeno, apenas sirva como triagem para recambiar para outro serviço hospitalar...