quinta-feira, 15 de julho de 2010

Festas e Romarias...

O Minho é muito alegre, dizem os que por cá passam, e eu compreendo que assim pensem. Mas a verdadeira essência do minhoto não está assim tão visível e, muitas vezes, aquilo que os forasteiros captam, é apenas uma máscara da realidade.
Todos sabemos que nesta época do ano, em especial, há muitas festas, muito estralejar de foguetes, muita folia e folguedo. Mas à custa de quê? Digo-vos eu, de muito trabalho e sacrifícios. Chega a ser verdadeiramente preocupante atender a quantidade de "pedintes" que, de porta em porta, percorrem as aldeias a angariar donativos para a festa de tantos santos quantas as inúmeras igrejas e capelas que existem nos arredores, muitas vezes a multiplicar por dois ou três, conforme o número de oragos que adornam os respectivos altares.
Há uns anos atrás, ouvi do líder da Diocese de Viana do Castelo dizer numa homilia que deveria haver mais contenção  na forma como se esbanjam recursos nas festas religiosas sabendo-se que ao lado se esconde a pobreza, envergonhada. Acho que foi a única coisa de jeito que lhe ouvi em todo o apostolado que exerceu por terras do Alto Minho mas retive-a porque resume, na perfeição, o que eu quero concluir com todo este arrazoado.
Eu ainda admito que sejamos chamados a contribuir para celebrar algo dentro dos limites administrativos de cada freguesia. Agora, sermos importunados quase diariamente para contribuir, pouco que seja, para alimentar folguedos que pouco têm a ver com o nome dos santos invocados, ainda por cima obrigando-nos a contribuir quase que constrangidos, atendendo ao pretexto invocado, acaba por ser fastidioso e de certo modo muito oneroso.
Por isso digo: quem quiser festas que as faça mas com os recursos que obtiverem em cada célula da comunidade e, por favor, não abusem da boa-fé das pessoas. Para os vossos santos tanto faz que tenham mais ou menos espalhafato...

2 comentários:

redonda disse...

Parece-me muito certo.

M. Caldas disse...

Concordo plenamente consigo. Também eu, quando me apanham na Gave, sou quase obrigado a contribuir. E não adianta nada dizer que já lá não vivo há mais de 25 anos. Se digo que não dou então ainda é pior: zangam-se e equiparam a recusa a uma desfeita pessoal. Por isso, meu caro, dentro das minhas possibilidades, "pago" e não bufo. E fico de cara alegre. Vai ter de fazer como eu. Olhe: esta vida são dois dias. Haja saúde, alegria e… festas!