sábado, 10 de julho de 2010

Desabafos de um Guarda

"Nos anos 80 fui colocado numa "velha" companhia da raia terrestre alentejana da, então, muito prestigiada Guarda Fiscal - comparando, claro está, com a, então, mais que obsoleta GNR, que ainda andava de mauser, camisa verde exército, e polainas".
Texto completo aqui.

Começa assim o teor de um email de autor desconhecido que veio parar à minha caixa de correio, não sei se para me divertir se para me aborrecer. A verdade é que fiquei com uma vontade enorme de responder ao autor mas, como é desconhecido, vou tentar com que por esta via oiça o que tenho para lhe dizer.
Começa mal, o senhor guarda, com a comparação que faz logo no início e isso vai afectar todo o discurso. De facto, a Instituição que ele apoda de "obsoleta" era, na altura, e ainda é, uma organização coesa, disciplinada, prestigiada, respeitada e, acima de tudo, reconhecida socialmente. Tanto que ainda prevalece, ao contrário da sua muito "prestigiada" Guarda Fiscal que, como bem se sabe, está morta e enterrada.
Mas que razões estarão subjacentes a este "desabafo"?
À primeira vista tem a ver com o facto de haver refeitórios separados para as diferentes categorias mas... se ficássemos só por aqui eu calar-me-ia e ficava na minha. Contudo, o indignado guarda vai mais longe, muito mais longe, e de desabafo em desabafo sempre vai dizendo que no tempo da "falecida" é que era bom, todos muito amigos, andavam à vontade sem "licença" para entrar ou sair do refeitório, havia obras de arte nas paredes e até os filhos dos soldados, dos sargentos e do comandante se divertiam muito...
Bom... na Guarda Nacional Republicana não era assim. Primeiro porque não havia recursos para adquirir obras de arte, segundo porque nunca os locais de trabalho serviram de creche, ou infantário, ou algo assim e por fim, todos sabíamos das diferenças hierárquicas entre os diversos elementos e das obrigações que isso implicava, não causando qualquer constrangimento o facto de ter de se pedir autorização para entrar num local onde estivesse um superior, de acordo com o que estipulavam os regulamentos internos.
Talvez tenha sido esta última a principal razão pela qual uma Instituição sobreviveu e a outra... esfumou-se...

3 comentários:

Ventor disse...

É de facto algo que nos diz que, neste mundo, há sempre a mania das superioridades em alguém. Esse guarda tenta mostrar a superioridade, dizendo que a poesia andava na rua e tudo! Deveria andar de rastos por aí mas, na verdade, quem vive de cabeça levantada, não a consegue olhar. É o meu caso! Mas isto é o desabafo do neto de um Guarda Fiscal que aprendeu a ver a poesia de cabeça levantada e no lugar certo.
Um abraço,

Durval Rodrigues disse...

Nunca pertenci a nenhuma das instituições referidas, mas o argumento que é referido para que se tenha esfumado a Guarda Fiscal não me parece plausível,foi uma opção política não discuto se errada ou não,assim como se esfumou a Guarda Florestal, esta sim posso afirnar opção errada, actualmente não há quem fiscalize nem exerça as funções e o vazio deixado pela extinção desta classe.

Eira-Velha disse...

Nem eu afirmei que foi essa a razão, talvez tenha sido uma das causas e não só. De polícia florestal nem é bom falar. Desde que acabou a política florestal do Estado Novo que não há um plano para as florestas...
Obrigado pela visita e pelo comentário.