sábado, 11 de agosto de 2012

A Saque

Santo António de Val de Poldros é uma Branda situada em pleno perímetro da Serra da Peneda. É um local mágico por muitas e variadas razões, começando pelas recordações que evoca aos mais velhos até à beleza da paisagem e do ambiente bucólico que lá se pode fruir.
Localizada a uma cota que ronda os mil metros de altitude, esta Branda diferenciou-se das demais pela grande concentração de um tipo de construções peculiares, todas em rocha de granito e de xisto, com predominância para a segunda.
Subsiste por ali um valiosíssimo património material e imaterial que importa, a todo o custo, preservar e transmitir às gerações vindouras.
Contudo, desde há alguns anos temos vindo a observar alterações à paisagem provocadas pela acção irreflectida de alguns proprietários das cardenhas e tapadas que constituem um verdadeiro atentado contra aquele precioso bem natural e cultural.
Estou a referir-me, como não poderia deixar de ser, à proliferação de modernas habitações cuja finalidade será, estamos em crer, proporcionar alguns momentos de relaxe aos respectivos proprietários e servir, de algum modo, para ostentar riqueza e sucesso no trabalho ou nos negócios.
Tudo começou com alguma abertura (e não sei até que ponto a apropriação abusiva de terrenos baldios) para construção de pequenas casas de montanha, onde deveria pontificar a aplicação de materiais da região, designadamente rochas e madeiras. Depois vieram as acessibilidades e a electricidade e... uma desenfreada procura. Tudo isso sem o necessário acompanhamento pelas entidades que tutelam o ordenamento do território.
Actualmente já por lá podemos observar autênticas "maisons", dignas de figurar na revista Marie Claire Maison, com aplicação de rochas vindas de Marte ou de outro planeta intergaláctico que remetem à insignificância todo o património histórico e cultural que ali perdurou quase integral durante séculos.
Há alguns anos rejubilei com a intenção manifestada pelo executivo municipal de levar a cabo a elaboração de um Plano de Pormenor de Salvaguarda de Santo António de Vale de Poldros. Alimentámos então a esperança de que saísse dali a solução para preservar o importante núcleo de arquitectura vernácula que faz a delícia de quem visita aquele lugar.
Todavia, tal carta de intenções parece não ter passado de mera promessa e cada vez mais aquele espaço fica descaracterizado a ponto de, actualmente, se verificar uma verdadeira disputa entre o ostensivo moderno e o íntegro tradicional, sendo que este está a perder cada vez mais espaço.
As pessoas devem tentar entender que está ali em causa um património que, independentemente do direito de propriedade de cada um, pertence a todos. E se hoje podem exibir, ufanos, o seu poder económico, amanhã serão os próprios filhos, ou netos, ou bisnetos, ou outros a censurá-los pelos danos causados. Mas poderá ser tarde demais.
As imagens falam por si...





5 comentários:

Anónimo disse...

Realmente é pena modicar esta paisagem RUSTICA e singela.
A beleza deste local é caracterizado principalmente pela simplicidade marcante por edificios em que a mão de obra é pitoreca e tosca, e isso sim é que torna este sitio encantador.
Apenas tem de haver consciência para que as coisas sejam feitas de maneira a não prejudicar nada nem ninguém.

Ventor disse...

Não há nada a fazer e não é só em Santo António de Val de Poldros. Na verdade eu não culpo os proprietários. Culpo sim as autoridades que permitem que isso aconteça. Esses são os verdadeiros responsáveis. Temos muita gente a virar a cara para o lado e estão-se nas tintas para as suas obrigações. Mas nós, o povinho, pagamos-lhe bem para não fazerem nada. Não é por acaso que este país está como está. Sai dinheiro mas não entra nada. Nem as coisas mais simples! 90% das leis que há em Portugal deviam ser destruídas como, há muitos anos atrás, eu fazia sos docs. Top Secrets da Força Aérea. Documentos que eram esmagados por uma máquina e depois assados num caldeirão. Corria com os 30% dos deputados da Assembelia que se dizem experts em leis e mandava-os a eles e os funcionários responsáveis lá da área partir granitio e xisto, paralisndo assim os vai-véns marcianos. Começava logo por aí. Mas isso era eu!
Bom Ano de2013 com muita saúde e com os cumprimentos do meu Pilantras.

Barba azul disse...

Caro Boaventura Eira Velha

Encontrei esta referência a uma palestra sobre as brandas, promovida pelo Centro de Estudos Regionais, pelo Dr. José Rodrigues Lima, que lhe deve interessar: https://www.facebook.com/groups/252094648179146/permalink/481081801947095/#!/estudosregionais

http://www.cer.pt/

Com os melhores cumprimentos,
Alexandre Sottomayor

Anónimo disse...

Pena é só ostentar riqueza e sucesso no trabalho

Anónimo disse...

Completamente de acordo! Há pessoas que só vivem de aparências! Tudo o que é natural e enquadrado na paisagem tem muito mais valor e isso ver-se-à a curto-médio prazo!