Socorrendo-me mais uma vez da "Obra Histórica I", do saudoso pároco de Riba de Mouro, Manuel António Bernardo Pintor, diz-nos o estudioso Padre que a Mesa eleita em 1800 para governar o Santuário da Senhora da Peneda apresentou uma despesa de 59$160 (cinquenta e nove mil e cento e sessenta réis) com o pedreiro José Pereira, de Parada, "por novecentos e oitenta e seis palmos de pedra desbastada e carreto para os degraus da obra do fojo e capiamento do corrimão a sessenta réis". E para que não restem dúvidas do significado da medida ali expressa esclarece: "o palmo corresponde a 22 centímetros, a vara a 5 palmos e a braça a duas varas ou sejam 10 palmos".
Ainda da obra citada retiramos o seguinte trecho: "Para cortinados da igreja foram comprados 82 côvados (54,12 metros) de damasco, 120 varas de galão e 58 de retroz (...)". Assim podemos facilmente concluir que o côvado, uma medida cujas referências já surgem em textos do Antigo Testamento, corresponde precisamente a 66 centímetros do actual sistema métrico.
Já a fanega é uma medida que povoa as minhas recordações do tempo em que me esfalfava no cultivo das pequenas courelas de meus pais. Era uma medida utilizada para medir o milho, mais concretamente o quádruplo da quantidade de espigas que seriam necessárias para um alqueire de grão. Falei no quádruplo propositadamente porque na verdade a fanega eram quatro cestos de espigas, feitos à medida. Claro que não eram medidas exactas pois era bem visível a diferença entre o tamanho dos cestos mas aproximava-se bastante daquilo que servia de referência, ou seja, o alqueire de grão. Mas como já vimos em artigo anterior, o alqueire também não era uma medida universal. A mesma medida ainda servia de referencia para avaliar as dimensões de determinado terreno onde se cultivava o milho. E um campo de vinte fanegas já era uma propriedade "enorme", sendo que a maioria produzia entre as 4 e 10 fanegas do precioso cereal.
A este propósito diz-nos o Dicionário Online da Porto Editora que fanega é um nome feminino, regionalismo que significa "medida que leva quatro alqueires de pão, grão, sal, etc.; fanga". E ainda "pagamento em cereais aos pastores e barbeiros". É proveniente do árabe Faniqâ, medida de capacidade.
5 comentários:
As coisas que tu sabes!
Naquele tempo, cinquenta e nove mil e cento e sessenta réis, devia ser muito dinheiro, mas agora era uma pechincha!
Nada de cuscar sem comentar, eheheh!
Não fiques zangado. eu sei que gostas de me visitar, foi só mesmo para te provocar! Não fico com ciúmes da novinha, afinal é sangue do sangue! Vou juntar-te aos meus favoritos, porque se vamos a ver mereces muito mais que alguns.
Fiquei foi sem saber qual era o teu gosto nos vinhos!
beijinhos
Primeiro a sobrinha? Rita;
Segundo a tia? Miss;
Depois Cartuxa e também Duas Quintas. Depois disso tudo qualquer um dos outros serve.
E mais não digo que isto é um lugar público e a web tem ouvidos...
Beijinhos, Miss.
Ainda hoje se utiliza correntemente a braça como unidade de medida nas comunidades piscatórias do norte, nomeadamente em Vila Praia de Âncora.
Os pescadores não dizem "pesquei a x metros de profundidade", dizem "pesquei nas x braças".
Obrigado por nos fazer recordar.
Abraço
seu filho da puta ajudou em nada
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