quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Alvarinho

O vinho "alvarinho" é de Monção. Até podem vir cá dizer que já não é, que agora também é de Melgaço e tal... Não tenho nada a ver com isso, até porque apenas sou consumidor ocasional e estou à vontade para dizer o que me der na gana. Conforme é de Melgaço também se pode dizer que é de Valença, ou de Vila Nova de Cerveira, ou da Galiza, que também por lá o há, ou de Penafiel que a Sociedade Agrícola e Comercial Quinta da Aveleda também produz e comercializa vinhos dessa casta.
O que me leva a alinhavar estes considerandos é que, sendo o vinho da casta alvarinho um produto sub-regional, de superior qualidade e de produção muito limitada, deveria demarcar-se dos seus congéneres não só na fama mas também nos preços. Acontece que a caça desenfreada à "galinha dos ovos de ouro" acabará por matá-la ou então passará a ser uma galinha vulgar que apenas porá ovos normais. Eu explico.
Como é fácil de constatar, aparecem vinhos da casta alvarinho em todas as grandes, médias e pequenas superfícies comerciais, das mais diversas marcas, sendo que a origem (ainda) é a sub-região de Monção e Melgaço, a preços que eu considero perfeitamente banais e que oscilam entre os três e os seis euros a garrafa. Bem vistas as coisas, são preços comuns e situam-se na média dos vinhos expostos nas prateleiras da generalidade dos estabelecimentos comerciais. Esta "vulgaridade" surgiu com a explosão de novas plantações e novos produtores e engarrafadores, associada à introdução de novas técnicas de produção e ao apuramento da casta que a tornou muito mais produtiva do que a ancestral videira que produzia minúsculos cachos com pequenos e raros bagos, como se pode observar nas poucas explorações que ainda não sofreram transformação.
Será esta a política mais acertada? Haverá muitos argumentos a favor e ando eu, que de vinhos pouco ou nada entendo, a correr o risco de ficar isolado contra o resto do mundo a defender o que não tem defesa...
Não? E se vos disser que aqui bem perto há uma quinta que produz e comercializa a sua própria marca a preços cinco vezes superior ao valor mais baixo de que vos falei mais acima?
Pois é verdade. O alvarinho Quinta da Brejoeira é, realmente, um produto excepcional que se revela no preço e no copo. E, pelo que me consta, mesmo sem concorrer a feiras ou concursos, os estoques esgotam-se com facilidade.
Esta é que deveria ser, em meu entender, a via a seguir.

4 comentários:

Lúcia disse...

completamente de acordo. a massificação acabou com a individualidade regional

Ivy disse...

É a tal lei da oferta e da procura... Pelo que constatamos ser bom, procuramos mais e pagamos mais caro! Como já diziam os antigos: "mais vale um gosto que um tosaão no bolso!"
Será? :))

Unknown disse...

É alógica meu caro.
No entanto os vinhos dessa grande quinta, feita de história e falada dentro e fora das nossas fronteira tambem vende, muitas veses o povo compra o nome esquecendo a qualidade, é verdade que o alvarinho poderia ser um produto regional só de Monção,mas e há sempre um mas, se reparar melgaço e a sua feura de enchidos e vinhos faz mais pelo Alvarinho que a região de Valença na sua tutalidade.
são opiniões mas se ficasse-mos só com Alvarinho em Monção eu não poderia apreciar uma das grandes iguarias deste país, seria algo só para alguns, e esses muitas das vezes esquecem rápidamente a sua qualidade, como têm € em demasia preferem dar nas vistas e optam por marcas vindas de fora sem a minima qualidade.
espero que não se perca a qualidade mas prefiro que esteja acecivel a todos.

Cisfranco disse...

Não está sozinho, não, senhor! Concordo com o que diz. Parece-me que está a ver bem a coisa...