Choveu. Não é nenhuma novidade, atendendo a que estamos em tempo de chuva. Voltando a rebuscar nas minhas memórias longínquas, evoco os dias chuvosos e frios de outrora, dias e dias seguidos de chuva intensa que olhávamos das janelas desguarnecidas de vidraças, arrastando para os campos enormes quantidades de dejectos que os animais depositavam pelos caminhos e que serviam de fertilizante natural.
Ao fim de muitos dias de chuva sem parar vinham os estragos – os ribeiros que transbordavam, os valados que ruíam, as bolsas de água acumuladas no subsolo que rebentavam e arrastavam tudo por onde passasse a violenta enxurrada, árvores que caíam, penedos que se desprendiam e rolavam encosta abaixo… Era tempo de esvaziar os palheiros para alimentar os animais, de consumir os proventos acumulados no verão, formigas incansáveis sem tempo para folgar.
Mas de cheias não ouvíamos falar. Lá na minha terra não havia disso e as notícias não se difundiam na hora como actualmente. Mesmo assim, havia um cuidado extremo com a limpeza dos cursos de água, nalguns casos por receio da força da lei, em geral porque havia o sentimento de zelo que impelia as pessoas a se precaverem e a demonstrarem um respeito absoluto pelas forças da natureza. Era inconcebível ousar obstruir os cursos naturais da água ou opor-se ao estabelecimento de gateiras por onde se desviavam as águas pluviais para não danificarem os caminhos, únicas vias de comunicação que existiam na época e de vital importância para as populações.
Contudo, os tempos mudaram e, como disse o poeta, as vontades também. A memória é curta e cometem-se atropelos orográficos e ambientais de bradar aos céus. São esses atropelos que provocam muitos dos malefícios que ultimamente se têm feito sentir como consequência das fortes chuvadas.
Estranho é apenas o facto de em tão pouco tempo, mesmo tendo em conta a intensidade da chuva, ocorrerem enchentes como as que se verificaram nestes dias.
4 comentários:
Sem sombra de dúvida... se em poucos dias ocorreram estas cheias todas, imagino o que aconteceria se as chuvas se prolongassem por mais tempo... é de meter respeito!
Benvindo à blogosfera e obrigado pela visita :)
Volte sempre...
Booooooom diiiiiiiiiiiia!Fui na Blogotinha e vi seu link. Eis-me aqui!
Sou do Brasil e adorei seu espaço!
Um abraço do outro lado do oceano!
Obrigado pela visita TelMoreira. A blogotinha é um bom lugar pra gente ser conhecida... (lol).
Volte sempre.
Abraço
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