Embrenhávamo-nos nos pinhais, para os lados da Pegada, e meu Pai pesquisava, no meio do tojo e da imensa caruma, as pequenas folhas douradas que recolhia com cuidado e guardava numa bolsa de tecido. Eu colaborava na recolha mas nem sempre acertava na planta certa, pois havia muitas parecidas e só o poder de observação e experiência, atributos que em mim escasseavam, permitiam distinguir as verdadeiras das falsas.
A sua designação comum é Craveiro-do-monte, Cravo-do-monte ou Ouropeso. Segundo Vandelli, pertence à espécie Simethis mattiazzi, ordem Liliales, família Asphodelaceae, classe Liliatae (Monocotyledoneae), subclasse Liliidae, divisão Spermatophyta, subdivisão Magnoliophytina (Angiospermae).
Muito embora se refira que possui imensas propriedades medicinais, as nossas conhecidas relacionavam-se apenas com as purgativas. Ministrava-se em infusão para desembaraçar os intestinos e libertá-los do que era nocivo.
Contudo, o resultado nem sempre seria o desejado. Contava-se, em surdina, que uma viúva lá do lugar tinha ido à procura da planta milagrosa para preparar uma limpeza intestinal ao marido que estava de cama sem “obrar” havia muito tempo. O chá que ela lhe ministrou foi de tal ordem que se acabaram de vez as maleitas do desditoso homem… diziam as más línguas, em jeito de galhofa, que fora o “desempate”. Para mim não foi mais do que um acto de amor que apenas não produziu o resultado desejado, ou talvez sim…
3 comentários:
:)
Já não me lembro bem se é a planta que na minha terra chamam de abrótegas. Ha anos que não vejo essa planta e tenho dúvidas, mas vou confirmar com gente que nunca esquece (minha mãe, por exemplo!). Abraço e é sempre um prazer ir lendo as tuas crónicas neste-mundo-que-do-outro-nada-se-sabe!
Antunes
Poderá ser porque, como dizem os meus vizinhos galegos, ali também se chama "abórtiga".
Mas as "minhas" abrótegas, e tamém dos meus vizinhos, são estas: http://www.novasgz.com/pdf/arevista44.pdf...
Só mesmo vendo e comparando :)
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