sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Caminho de Bruxelas

Há muitos problemas para resolver neste País que nós, portugueses, tanto amamos. Um deles, talvez o mais premente, é o das justiças. A justiça que (não) se faz nos Tribunais, a justiça tributária e também a justiça social.
Eu aprecio as pessoas que se batem para que lhes seja feita justiça, não os justiceiros, mas aqueles que sofrem as injustiças da justiça, seja ela qual for.
São muitos os casos, alguns até hilariantes, em que a administração não faz justiça àqueles que são a sua principal razão de existir mas que se resolvem de uma penada logo que o escândalo é denunciado pelos órgãos de comunicação social, principalmente a televisão: ninguém quer passar para a opinião pública uma imagem de incompetência...
O caso que hoje me inspira é merecedor da máxima divulgação porque revela o que de mais sórdido pode suceder numa sociedade que, apesar de se reconhecer evoluída, me parece estar mais próxima da idade média.
José Leones Lima é um cidadão minhoto, nascido na Ribeira Lima e a residir em Viana do Castelo, detentor de uma força de vontade daquelas de "antes quebrar que torcer". A força quebrou, sim, num vil acidente de trabalho que o atirou para uma cadeira de rodas com uma incapacidade parcial permanente de 80%, mas a vontade redobrou.
Por força disso foi-lhe atribuída pela Segurança Social uma reforma de 180 euros e um complemento de dependência no valor de 97 euros, uma miséria comparada com as rendas de várias centenas atribuídas a mandriões preguiçosos e oportunistas através do RSI, não se sabe com que critérios.
Só que o Homem não se acomodou à cadeira e tem recorrido a tudo que lhe é possível para viver com dignidade. Escreveu vários livros e criou a sua própria editora , o que lhe permite amealhar mais alguns trocos. Porém, o "Big Brother" está de olho nele e por causa das rendas "astronómicas" que deverá andar a angaria como resultado da sua actividade literária e empresarial vai de lhe retirar o complemento de dependência, já que na reforma não se pode tocar.
Assim se cumpre a lei, dizem, mas o que talvez não estivesse nas conjecturas de quem tomou tal decisão é que o Homem tem argumentos de sobra para colocar em causa não só as pessoas mas o próprio sistema.
Já efectuou uma volta a Portugal em cadeira de rodas (VPCR ) para denunciar a falta de oportunidades e de infraestruturas que contemplem as necessidades especiais das pessoas com deficiência e agora propõe-se percorrer, pasme-se, a distância de 2300 quilómetros, até Bruxelas, para denunciar este acto da administração que acreditamos estar de acordo com a lei mas que humanamente está ferido de uma imensurável injustiça.
Força JOSÉ!

1 comentário:

susana disse...

Grande coragem! Apesar do motivo que o move ser de força maior, vai a caminho de uma cidade maravilhosa, com pessoas divertidas e simpáticas. Vai gostar quando chegar...cuidado é que eles bebem cerveja como quem bebe água!
Relamente tanta gente a mamar segundos ordenados, já reformados e ele tem de se arranjar com essa miséria que lhe ofereceram, não é justo!
Pena eu não o poder fotografar que fazia-lhe uma postagem!