segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um Homem não Chora?


Chora sim. Mesmo que não se vejam as lágrimas chora. E é uma ideia brilhante, mostrar às pessoas, às gerações diversas, que nós humanos manifestamos sentimentos adversos e erramos.
Penso que todos passamos pelas fases mais contraditórias. A visão deste vídeo evocou-me bem a falta de paciência que quase sempre manifestava para atar os cordões das botas de meu Pai, porque ele não conseguia lá chegar devido a uma deficiência crónica após um trágico acidente, e recrimino-me por isso. Lembrei-me também do esforço que ele fazia, deitado, com a perna esquerda dobrada apenas pelo joelho para conseguir chegar aos atacadores, sempre que decidia fazê-lo ele sem nos aborrecer, ou quando nos enfastiávamos com as suas conversas, porque era um conversador nato e fazia-lhe falta conversar, e também me recrimino por isso.
Só que de nada vale esta auto-flagelação ou auto-comiseração. Hoje teria procedimentos e atitudes diferentes mas... é tarde. Muito tarde...
Desculpa Pai.


PS: Um agradecimento especial à Catarina C. pela sua postagem que me indicou o caminho.

4 comentários:

Manuel Caldas disse...

Também eu me recrimino de muitas coisas!
Acabei mandar o link aos meus filhos para verem, lerem e reflectirem.

Obrigado pelo post, amigo Eira-Velha.

redonda disse...

Vim pedir desculpa também aqui e depois comovi-me com o filme e com o texto.
Tenho pavor de que as pessoas de quem eu gosto comecem a andar devagar. Quando era criança queria andar depressa e a minha avó andava devagar.

Bocanegra disse...

Duras realidades amigo Eira-Velha! Duras realidades! E o mais interessante é que todos nós de uma forma ou de outra passamos por isto! A capacidade de faltar ao respeito é imensa e inata no ser humano. O Egocentrismo é uma lei da natureza e por isso os outros são quase sempre os figurantes que vão surgindo no brilhante filme das nossas vidas.

No meu caso não foi o meu pai que, graças aos deuses, ainda está vivo, mas sim uma avó que viveu os seus últimos anos na nossa casa. Isto nos anos finais da minha santa adolescência! Ah! como eu gostaria de ter só mais um dia com esta minha avó! Para nada! Só para lhe pedir desculpas pelo meu comportamento tantas vezes estúpido, parvo e sobranceiro; e sobretudo para banhar-me uma vez mais no esplendor do seu sorriso.

Abraços meu amigo.

Tais Luso de Carvalho disse...

Este vídeo retrata a nossa realidade. Ah se eu pudesse fazer voltar o tempo... O azar é que só chegamos a pensar de forma diferente quando não há mais jeito. Quando já se foram. O egoísmo é próprio do ser humano: recebemos, exigimos, gritamos e pouco retribuímos. É um ciclo, essa vida; e os filhos nunca fazem o bastante. Mas o bom é quando conseguimos mudar o curso.Beleza de vídeo.

Fico contente com visitas novas; obrigada, será sempre bem-vindo.
Um abraço
Tais luso