sábado, 9 de maio de 2009

De puta madre!!!

A história tem-nos ensinado que nem sempre as coisas são o que parecem. São inúmeros os casos em que os elementos dos grupos de resistência armada pela libertação de um determinado território ou pela autonomia de um povo são designados de terroristas para mais tarde serem venerados como heróis. Foi assim em Israel, em Angola, em Moçambique, na Guiné Bissau, o mesmo acontece actualmente na Palestina e no País Basco e muitos outros exemplos poderíamos apresentar...
Em regra são movimentos armados que desencadeiam uma guerra com os meios de que dispõem e com objectivos bem definidos. Outros casos há cujos objectivos se revestem de contornos obscuros e que mais parece tratar-se de meros criminosos cujas acções servem apenas para roubar e extorquir grossas maquias, mesmo que para tal deixem um rasto de sangue hediondo.
Parece-me ser este o caso do Grupo de Resistência Antifacista Primeiro de Outubro (GRAPO) que opera na vizinha Espanha desde 1977. Três elementos deste grupo estão a ser julgados pelo assassinato da empresária Ana Isabel Herrero em 2006 e um deles, dirigindo-se ao fiscal, figura que corresponde no nosso ordenamento judicial ao Delegado do Ministério Público, atirou-lhe com este mimo: "Arrepentido estará tu puta madre, gran hijo de puta. No vuelvas a decir eso, cabrón, eso es una provocación".
Até para se ser terrorista é preciso ter nível...

1 comentário:

francisco disse...

Ainda que me pareça existir muita criminalidade oportunista em torno dos combatentes nacionalistas espanhóis, o facto é que a Espanha possui dois grandes problemas por resolver, um estrutural que radica na integração forçada das distintas nações no Estado espanhol, o outro conjuntural que concerne às feridas, ainda em aberto, da Gerra Civil. Se este é complicado resolver, ou outro mais ainda. Diz-se que em democracia a maioria impõe a sua vontade e eu aceito isso por defeito, mas há questões que, me parece, transcendem a Democracia. Pode uma maioria decretar o fim da sua independência como nação? Se, sim, pergunto onde fica então a democracia dessa nação que perde a possibilidade de se tornar num estado, é absorvida pela democracia de um Estado mais poderoso? E isto é uma resolução democrática? E pode uma maioria declarar a extinção, ou a perda da autonomia/independência? Em quase todas as estruturas que associam pessoas ou comunidades tais decisões obrigam a uma maioria esmagadora que quase torna impossível chegar a essa decisão, justamente por se tratar de uma "negação", uma destruição. Eis porque este problema estrutural espanhol me parece tão complicado de resolver.

Não sei se é nível ou agressividade pura, paranóia ou convicção profunda. Sei é que peremptória, como peremptória é a pulverização física das pessoas que sofrem os efeitos das bombas que estes senhores fazem explodir.