Bocage
Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei amores,
Que Inês morreu.
Mísero esposo,
Desata o pranto.
Que o teu encanto
Já não é teu.
Sua pura alma
Nos céus se encerra:
Triste da terra
Porque a perdeu!
Contra a cruenta
Raiva ferina,
Face divina
Não lhe valeu.
Tem roto o seio,
Tesouro oculto;
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
De dor e espanto
No carro de ouro
O Numen louro
Desfaleceu.
Aves sinistras
Aqui piaram,
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei amores,
Que Inês morreu.
Afonso Lopes Vieira
1 comentário:
Um beijo para ti...
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