sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mesmo com o sacrifício da própria vida.

O título deste artigo é a parte final da fórmula adoptada para a cerimónia de entronização de todos os militares na vida castrense. É também adoptada na Guarda Nacional Republicana, uma vez que é uma força de segurança de natureza militar, como diz a diversa legislação aplicável. É um juramento em que se hipoteca a própria vida ao serviço da Nação e muitos têm sido postos à prova perante esse supremo compromisso.
Só que a disponibilidade da própria vida não pode servir de pretexto para um agir descuidado, desprevenido ou mesmo irreflectido e uma norma que tem de ser indelevelmente gravada na mente de cada soldado é a segurança pessoal. Mesmo que a adopção dessa norma transmita uma imagem de força exagerada, mesmo que corramos o risco de ser apodados de "cow-boys"... A segurança deve ser a palavra de ordem sempre que haja que intervir em qualquer acção policial, desde a operação meticulosamente planeada para combater o crime organizado à mera operação de rotina no controlo e fiscalização do trânsito ou no apoio à comunidade escolar.
Por isso não compreendo a adopção de medidas impostas por quem está comodamente instalado "lá em cima", no gabinete, e determina que no final do serviço a arma seja entregue e depositada no armeiro.

Sempre me manifestei adverso a essa medida por razões diversas: A primeira é que se trata de "passar" um atestado de incompetência aos guardas, a segunda porque se pretende com essa medida suprir a falta de investimento em equipamento, formação e treino de tiro policial, a terceira porque transmite a ideia errónea de que o serviço terminou com a entrega das armas... A ordem pode ser assim ou na inversa, tanto faz.
Na minha perspectiva, o agente policial que termine a formação inicial e passe a integrar os efectivos na sua plenitude deveria ser dotado do equipamento, inclusive a própria arma, do qual se faria fiel depositário enquanto se mantivesse ao serviço activo ou até que lhe fossem aplicadas medidas restritivas ao exercício pleno das funções.
Poderá não ser este sequer o principal problema das forças de segurança e especialmente da GNR mas, se calhar, adicionado a muitos outros, constitui uma das causas que revelam as fragilidades que se acentuam cada vez mais nas células que mais mal tratadas têm sido nos últimos anos: os Postos Territoriais.

4 comentários:

Manuel Caldas disse...

Também não sei por que é que na GNR não se passa o mesmo que na PSP em relação às armas, sendo certo que nesta última força cada elemento possui de forma permanente uma pistola que lhe é distribuída pelo Estado.
Enfim, manda quem pode...

veloz disse...

Boa tarde.
O grande problema é que os Guardas trabalham no "fio da navalha" (só aqueles que andam no terreno e não os Administrativos). Isto é, em algumas situações se, porventura, algemam e revistam o cidadão estão a utilizar meios não proporcionais á ameça, e se não algemam e se têm o azar de acontecer estas coisas trágicas, são desprevenidos e descuidados. Ou seja, os Guardas são "presos" por ter "cão" e por não ter. Acontece também que, toda a actividade do Guarda( que anda no terreno) é escrutinada por tudo e todos (cidadão, Magistrados, instituição, e...comunicação social). Costumo dizer que cada caso é um caso. Nesta situação particular apenas os intervenientes sabem a razão pela qual não revistaram e algemaram o individuo. Eu não sei qual foi a razão...
No entanto, concordo perfeitamente com o principio da segurança pessoal e deve ser utilizada por todos os Guardas. Têm de haver necessáriamente uma mudança de atitude por parte de quem analisa a actividade operacional deixando de haver criticas quando os militares utilizam bem as medidas de segurança pessoal (revistas, algemas, e outras). Todos nós sabemos que por vezes os militares sentem-se inibidos de ter certas actitudes porque sabem á priori que vão ser criticados pela actitude tomada. Quase que diariamente os Guardas (do terreno) têm inúmeras ocorrências que colocam em causa a sua segurança pessoal. Se fossem a algemar todos os cidadãos que metem em causa a segurança pessoal, a comunicação social (e não só) caía logo em cima a fazer o espectáculo mediatico e apelidavam a GNR como uma força que não respeita as liberdades e garantias do cidadão. Todos nós sabemos que, a nivel nacional, existe um grande numero de militares com processos judiciais por exceço de legitima defesa e abuso de poder!!
A isto chama-se tarbalhar no fio da navalha (no limite).

francisco disse...

Se não posso contar com o Guarda que saiu de serviço (que nem arma leva), porque é que não posso andar com um pau dentro do automóvel? Um amigo meu foi multado em 500€ porque transportava um pau na mala do carro.
Para que não digam que não sou um gajo porreiro ando com dois, mas um tem mais 15 cm que o outro (é o que fica para mim na eventualidade de um conflito, e o outro é para o adversário).
Agora a sério, querem lá ver que vou ser multado por andar com dois paus, que uso por vezes, para estabilizar o tripé da máquina fotográfica em terrenos mais complicados?!
Espero que o agente da autoridade compreenda que, a usar alguma coisa em minha defesa, escolheria o tripé da máquina fotográfica.

Isto é que vai uma crise!

ventor disse...

Pois é! De facto, seria imcompreensível, não fosse o facto de poder observar, de vez em quando, as facetas dos patrões que as polícias têm.

Poucas vezes os olho, mesmo na TV, mas sempre que os consigo observar, tudo se torna perfeitamente compreensível.

Por isso, eu acredito, plenamente, sempre que os olho, que este país se tornará cada vez mais infeliz, com pinóquios destes!
Eles estão bem instalados, confortáveis e tudo o resto é acessório do seu bem estar.
Penso até, que fazem de tudo um entretenimento.
Pelo menos é isso, que me levam a pensar depois de tanto esmiuçar as caminhadas dessa gente.
Desejo-vos, a todos, melhor sorte.