E diz o ilustre ribamourense que a Igreja "... cuja idade desconhecemos, é muito antiga".
Bom, não o deve ter feito por mal, certamente viveu muito tempo longe, mas eu conheço a história da Igreja.
A actual Igreja foi construída nas décadas de sessenta a oitenta do século passado sobre uma mais pequena mas que também não exibia indícios de ser muito antiga e ficou a dever-se ao querer e à teimosia de um Padre que marcou indelevelmente a vida religiosa e social de Riba de Mouro, o Padre Bernardo, mais conhecido por Padre Bernardo Pintor.
A primeira parte foi a torre. Uma torre imponente que, embora pareça estar ligada à Igreja, na verdade está separada, é, portanto, uma construção independente. Toda construída em granito, tem a altura aproximada de 30 metros e foi, ao tempo, ainda será, a mais alta construção do género em todo o vale do Minho.
Depois foi a Igreja, do mesmo material, pedra a pedra, vi-a crescer pelas mãos calejadas e hábeis de pedreiros e canteiros da freguesia, onde sobressaía a arte do mestre Joaquim Puga, homem simpático que denotava uma contagiante alegria e um gosto extraordinário pelo seu trabalho.
A história da construção desta obra ficou contada nas páginas de um jornalzito que o próprio Padre Bernardo dirigia, redigia e editava, o quinzenário "A Voz da Nossa Terra". Ali foram contabilizadas todas as dádivas e doações, todas as migalhas que com um esforço titânico conseguia arrancar mesmo das bolsas mais pelintras.
O Padre Bernardo era uma força da natureza. Moldado pela rusticidade típica de Castro Laboreiro, sua terra natal, era capaz de fazer valer a sua autoridade à custa do poder persuasivo da uma arma de defesa que possuía e que não hesitava em exibir se preciso fosse.
Não foi pacífica a empreitada, como não foi pacífica a aceitação do Padre como pároco da freguesia. Mas a sua tenacidade venceu. Conseguiu mobilizar e empolgar a população, em geral, havendo mesmo acesos despiques entre os diversos lugares da freguesia na organização de cortejos de oferendas para custear as obras.
O Padre Bernardo deixou o seu nome ligado indelevelmente a Riba de Mouro e à sua Igreja que, embora não se possa considerar uma obra de arquitectura excepcional, não deixa de ser imponente e motivo de orgulho para todos os ribamourenses.