domingo, 2 de março de 2008

Minha Terra, Minha Gente!

A foto acima é uma vista aérea do sítio mais lindo do mundo e foi escolhida para preenchimento do fundo do ambiente de trabalho do meu computador. Deste modo, todos os dias me detenho ali por instantes e volto a percorrer os trilhos da minha juventude.
A descrição da paisagem é simples. À esquerda os montes da Gave, onde se divisa perfeitamente o extenso e íngreme caminho que liga esta localidade até à formosíssima Branda de Aveleira, por detrás do planalto acima, ao centro. À direita a extensa cumeada que se eleva desde Riba de Mouro até ao Alto das Chaldetas, no mesmo planalto, em cima, ao centro e por detrás do qual fica a Branda de Santo António de Val de Poldros, a raínha das Brandas da Serra da Peneda. Sobre a cumeada serpenteia a estrada que foi a primeira via de comunicação dos tempos modernos a ligar Cavenca ao resto do Mundo.
Ao centro do profundo e estreito vale, fronteira entre as freguesias da Gave e de Riba de Mouro e, cumulativamente, dos concelhos de Melgaço e Monção, situa-se o talvegue por onde escorrem ligeiras as cristalinas e gélidas águas do Rio Pequeno, na origem do qual se destaca, imponente, a "Cabeça da Fraga", o medonho tergo onde todas as águas se separam e de onde escorrem, como dois enormes membros, as cumeadas que se desvanecem ao fundo, no vale do Rio Mouro, já fora do alcance da objectiva.
Na vertente esquerda da cumeada mais à direita, bem ao centro da foto, voltado a nascente e semi-encoberto pelas sombras do entardecer, situa-se o lugar de Cavenca, como que a esconder-se, envergonhado, das luzes do progresso...

Que linda é minha terra
Vestida de verde
A gente se perde
Bombiando horizontes
A água das fontes
Murmúrios suaves
E o canto das aves
Além pelos montes

Que linda é minha terra
Enfeitada de flores
Eu canto os primores
Dos verdes confins
Eu canto aleluia
Das tardes amenas
Cobertas de penas
Cheirando alecrim

Permita meu deus
Que eu morra cantando
Ao pango entoando
Canções regionais
Que parta feliz
Alegre cantando
Aos campos e as varzeas
Dos pagos natais

11 comentários:

Anónimo disse...

Lindo,lindo,lindo!!!
Não tenho palavras para comentar,sò
digo que tenho muitas saudades de ver aquelas encostas!!!
Jà me esquecia as quadras são fantasticas vou imprimi-las para que sua Madrinha possa le-las,està de acordo comigo tio?
Atè breve!!!

Eira-Velha disse...

Claro que estou de acordo contigo :)
Se seguires a ligação que se encontra no início do texto vais encontrar muitas fotografias aéreas de Riba de Mouro e, claro, também de Cavenca. Vale a pena visitar...
Um beijinho.

Anónimo disse...

Dessa não sabia Eu ;gostei muito de ver as fotografias.
Notase bem as casas e os canpos ,da parap matar um pouco as saudades.
Um beijinho para si tambem Tio !!!

Antonio Romano disse...

Caro Boaventura
Interessante como a net nos permite reencontrar pessoas que já há muito não vemos. Já há algum tempo descobri e acompanho este teu espaço tão interessante. Sendo ribamourense e com uma costela de Cavenca (neto do Adriano), acho muito bonita a ternura com que descreves aquelas nossas "bandas".
Um abraço
A. Romano

Anónimo disse...

Que Santo António me perdoe, ma a branda da Aveleira, com Nossa Senhora da Guia a protegê-la (aos nossos emigrantes também) é a mais linda do mundo…)
Agora, ainda mais a sério:
Amigo Eira Velha, obrigado por tudo o que tem escrito nestas suas/nossas memórias. Apesar de não o conhecer pessoalmente acredite que agradeço a Deus por ter descoberto este magnifico blogue. Foi um poema que aqui me trouxe. E que grato que eu estou à poesia…! de tal forma que faço minhas as palavras do A. Correia de Oliveira, (cujo poema lhe deixo na íntegra) lidas e relidas num livro que me foi oferecido ,há 25 anos, na Gave, por um amigo falecido pouco depois, mas que recordo sempre com amizade. E quando vou ao cemitério, visitar os meus familiares, passo também na sua campa para lhe dizer olá. Foi ele que em vida, a chorar junto ao leito, me pediu para nunca o esquecer e ir ao seu funeral quando morresse. Fui. O destino permitiu que estivesse de férias quando Deus o chamou. Fomos eu e a minha esposa. Na missa o Padre Xavier fez-lhe o elogio fúnebre merecido. E passados estes anos recordo-o com imensas saudades. Por isso é justo que deixe aqui o nome e a alcunha: Chamava-se Justino Domingues - Veiga. Que Deus o tenha!
Aqui fica o poema. Espero que goste.
CAMINHOS DA JUVENTUDE

Lembram-me, agora, de quando,
- Ave já solta do ninho, -
Ia de várzea em outeiro
E de caminho em caminho.

Sob o docel do arvoredo,
Sobre os tapetes do atalho,
Passavam, de enxada ao ombro,
Pobres gentes do trabalho.

Subindo a encosta entre pâmpanos
E a alegre rudeza antiga,
Os carros de bois gritavam,
Sua bárbara cantiga.

Nos velhos muros, Alminhas,
Ardendo em chamas. Ao vê-las,
Ternas heras orvalhadas
Choravam com pena delas!

Rebanhos, flautas, cantigas,
As campainhas tlintando;
Subia o fumo dos lares,
Voavam pombas em bando.

- Lembrai-vos da minha infância,
Velhos caminhos, lembrais?
- Lembramos… réstea de sol:
Passou e não volta mais!
A.Correia de Oliveira
(A nossa terra)

Um abraço do conterrâneo da Gave
M. Caldas

Anónimo disse...

Olá mano!!
Mais uma vez Cavenca...sempre Cavenca...adorei, adorei...
Tem pessoas que não entende porque adoramos aquele pedacinho de terra no fim do mundo. Mas, nós sabemos bem porquê e ponto. Quantas saudades de tudo e de todos!!
Beijo mano.

Para o M. António Romano
Você não nega as suas raízes...você é especial.
Beijinhos

Para o Manuel Caldas

A coruja também disse à águia para não comer os filhos dela... pois eram os mais lindos...captou
a mensagem?...rsrsrsrsrs
Brincadeirinha... Santo António e Aveleira, são igualmente lindas!!
Um abraço.

Ah... adorei Caminhos da Juventude.

Eira-Velha disse...

Mais um visitante conhecido... É para mim um enorme prazer pressentir por aqui a presença de alguém que sabe do que falamos. O Romano, além de ser um homem das nossas "bandas" também foi um exímio trompetista da extinta Banda da terra. Obrigado pela visita e volta sempre, António Romano.

Amigo Manuel Caldas, não vamos aqui estabelecer qualquer braço de ferro por causa das brandas. Como bem diz minha irmã, são todas lindas...
Agora, esta forma de falar do nosso cantinho tem a ver com marcas, cicatrizes, cravadas na nossa alma. E por mais voltas que uma pessoa dê não há forma de as apagar. Já o deixei dito por aí, algures, que aquelas pedras, aquelas veredas, aqueles odores... tudo aquilo "fala" connosco e ademais... o melro puxa sempre para a silvareira, não é?
Os poemas de António Correia de Oliveira são idílicos...
Um abraço

Mana Tá, como sempre estás carregada de razão. Temos muitas razões, todas e mais algumas, para não ter saudades daquele cortiço mas como esquecer? As marcas, como já disse antes, são muito profundas, incrustadas a fogo na nossa alma. Não tem cura.
Um beijinho e abarço para o Júnior.
Espero que esteja melhor.

O Pinoka disse...

Embora eu seja do sul, basta olhar para esta foto para que se justifique perfeitamente a paixão que tenho pelas paisagens minhotas e as suas gentes. Ah! E gastronomia, claro.
Um abraço

Anónimo disse...

Oh...! Sr. Eira-Velha, não leve demasiado a peito tudo aquilo que aqui tenho escrito, pois, apenas o faço para "provocá-lo" um pouco, no bom sentido do termo, e espicaçar assim o seu génio/amor à terra e à profissão. Nada mais que isso.
Abraço

Para a Any:

Tem razão no que diz respeito às brandas. São todas belas.
Beijo

M. Caldas

Anónimo disse...

Ola
espero que esteja tudo de bom com voce e com a famila. nos os que vivemos em cavenca vemos todos os dias aas belas paisagens de que voce fala. gosto do que voce escreve neste blg pois fico a saber mais sobre a familia de minha mãe e soabre cavenca

beijos claudia

para a virginia a ver se me telefonas ja tenho sasudades tuas

nandokas disse...

Olá eira-velha,
Não sou de Riba de Mouro nem de Cavenca [sou tripeiro...], mas fico deliciado com estes teus textos. Pelas descrições e também por alguns dos termos que utilizas. Parabéns!
Abraço.