sábado, 26 de maio de 2007

Há Bruxas?

Acredita em bruxas?
Muita gente diz que não, não acreditam nessas coisas, outros dizem que sim, elas existem.
Citando o Padre Fontes de Vilar de Perdizes, quando lhe colocaram a mesma questão: “… como diz o galego, yo creer no lo creo pero que las hay, hay!”
A culpa é da electricidade. No tempo em que não havia luz eléctrica, que faz da noite dia, era possível observar o movimento das bruxas durante a noite, num frenesim constante, daqui para ali, dali para acolá. Eu próprio vi muitas vezes, com estes olhos "que a terra há-de comer", como elas se movimentavam pelas encostas da Cumieira, em Birtelo, Cousso, Pomares, Cela e Cubalhão. Na noite escura, geralmente às sextas-feiras, após se apagarem os frouxos luzeiros das candeias a petróleo no interior dos lares, pouco demorava que tinha início a “dança” das bruxas, uma espécie de pirilampo que se deslocava à velocidade do raio de uma localidade para outra. Por vezes juntavam-se em grupos de quatro ou cinco, permaneciam alguns minutos como que a conferenciar, quem sabe se a acertar alguma estratégia, para de seguida se dispersarem em diversas direcções.
Era possível observar tudo isto da janela da minha casa, mas com muita precaução para elas não desconfiarem de que estavam a ser vigiadas. À menor suspeita desapareciam e ninguém mais as via. E era um espectáculo mágico, fascinante, encantador…
Mas, tudo tem um fim e a electricidade, como já referi, foi a causa do fim destas observações. A iluminação eléctrica fez da noite dia e as bruxas, certamente, adoptaram outra forma de viajar. Em vez de vassouras devem ter propulsores a hidrogénio ou outro combustível capaz de imprimir alta velocidade aliada a uma camuflagem tão eficiente que se tornam invisíveis aos nossos olhos.
Mas provas da sua existência não faltam. Há alguns anos, uma vizinha minha abordou-me e perguntou-me se nesse dia ia à Vila. Respondi-lhe que sim, que depois do almoço ia sair e disse-lhe que se precisasse de algo podia dispor. Ela pediu-me para lhe dar boleia que estava preocupada com o filho e precisava levá-lo ao médico.
O filho era um rapazote dos seus dezasseis ou dezassete anos, fisicamente bem constituído mas, como se diz na gíria, um pouco “pírulas” ou estouvado. Tinha ido trabalhar para a quinta de um tio, um solteirão ex-emigrante no Canadá, mas sentira-se doente e o tio levou-o ao médico que lhe prescreveu a medicação, certamente adequada para o caso. Só que o rapaz, na ânsia de melhorar rapidamente, tomou tudo de uma só vez e ficou ás portas da morte. Foi socorrido a tempo e passado o perigo o tio devolveu-o à família natural. E foi neste contexto que a minha vizinha foi ter comigo. O filho ainda não estava completamente restabelecido, dormia com os olhos abertos e queria ouvir a opinião de quem sabia…
Assim foi. Após o almoço rumamos à Vila, sede do concelho e situada a cerca de trinta quilómetros da aldeia onde morávamos.
Quando estávamos a uns escassos três quilómetros da urbe, a minha vizinha foi-me dizendo que não era bem ao médico que queria ir, que ia a uma bruxa existente nas imediações da Vila, que havia que fazer e não crer, que coisa e tal e eu expus o meu ponto de vista. Que melhor era ir ao médico, que a bruxa não ia fazer nada a não ser iludir a realidade… mas nada, não consegui demovê-la do seu objectivo nem tinha essa pretensão. Chegados ao sítio onde existia a tal “curandeira” eles apearam-se e combinamos encontrar-nos no mesmo local quando regressasse.
Na viagem de regresso lá tive que ouvir a vizinha, encantada com a “consulta”. Tu dizes que não acreditas mas devias ter assistido… ela adivinhou tudo, tudo, tudo, e disse tudo certo… que era inveja de um familiar, que o rapaz ia melhorar e que queria ir para a Suíça e que havia de ir brevemente, bla… bla… bla… E eu, cá para mim, ia pensando: Sim… vai lá vai… há-de ir para a Suíça quando eu for padre!…
Acabaram-se as férias, alguns meses mais tarde regressei à terra. À conversa com os amigos perguntei pelo tal rapaz - Ah… F. … está na Suíça…
E eu nunca fui padre!

Coimbra, 26 de Maio de 2007

8 comentários:

Anónimo disse...

Nunca vi a dança das bruchas ,quando eu nasci jà existia a electricidada.
Talves nao se veem tantas como antigamente .
Mando-lhe um abraço da parte da sua Madrinha e de toda a familia de Cavemca : por minha parte mando um forte abraço de Montpellier ;
beijinhos para todos.

Eira-Velha disse...

Virginiaaaaaaaaaaaaaaa... manda o contacto, e-meil, telefone, qualquer coisa...
Beijinhos
Ah... claro que não viste as bruxas a dançar... isso era só no meu tempo :)
... mas que as há, há...

Any Toalhas disse...

Falou muito bem Tura. No "meu nosso" tempo, acreditavamos piamente que existiam bruxas e omitos...rsrs Na minha infânçia estive muito doente e nossa madrinha, dizia que eu ia morrer, pois, já viam o meu omito. Pssados 45 anos, ainda aqui estou...será que existem mesmo???
Muitos beijinhos a todos com saudades.

pin gente disse...

bem, um tema polémico, pois eu tenho uma no meu leque de amizades.
pelo menos ela gosta de assim se intitular.

eu vim aqui fazer um convite. preciso de críticos para o meu trabalho desta semana - dedicado às crianças. não tenciono falar de bruxas, morcegos ou monstros mas de assuntos mais iluminados.
posso contar com a sua visita e respectiva crítica?
agradeço, quer venha quer não.

Anónimo disse...

Omeu numero de telefone é:0467704668 . O e-mail é o seguinte :virginiapires_34@hotmail.fr

ou

antonio.pires2@free.fr


Nao sei se vai marghar por enquanto nao tenho muita pratica para escrever . Foi a minha mae que me disse que voçe escrevia coisas da nossa terra ,que ela mesma o souve por a Adriana quando esteve a ppassar uns dias com elas.
Tenho um recado para lhe dar da parte do Abilio ,mostreilhe o que voçe escreveu e ele gostou de as ver e de ler ,prguntoume se nao falava da banda de musica de quando começou até que acavou e para meter uma foto da banda,se nao a tiver vai a Cavenca que là deve aver alguma.
beijinhos .

Anónimo disse...

No meu lugarejo não havia luz elétrica e muito se falava em bruxas. Havia uma senhora conhecida que diziam ser uma e ela sempre me queria adotar. Eu morria de medo. Nunca pude comprovar se era ou não verdade, mas que contavam muitas histórias sobre elas, isso contavam.

Rubia disse...

até atribuiam essa frase célebre "... pero q las hay, hay" ao Fidel Castro, (tristemente) célebre galego...
E EU ACREDITO!

Noz Moscada disse...

mira yo acredito em brujas si.
Sabes só ao 32 anos descobri que a minha avó paterna era a curandeira lá da freguesia onde nasci, dizem que passou o dom a um dos meus tios, mas não sei se lhe deu bom uso, mas a verdade é que há dois anos fui de visita a minha terra e encontrei um senhora que vivia na cidade e tb nasceu nessa aldeia ainda está viva tem setentas e tais, e que me disse pois se não fosse a tua avó eu tinha morrido. A verdade é que quando era criança e ia para o campo para casa dos meus tios, havia sempre alguem que me tirava pela pinta e dizia, lá vai a filha do violante, pois Violante era a minha avó e pelos vistos bem respeitada e temida lá por aquelas bandas.
bjs