quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Militares

«Essa gente pode fazer alguns disparates, mas que poderão ter uma certa repercussão pública não só nacional, mas até internacional e portanto ter também efeitos muito negativos para a nossa democracia avançada e madura»
Veio hoje a lume mais uma das premonições dramáticas do Senhor General Loureiro dos Santos, via TSF, de cuja página online extraí o texto de abertura e onde "essa gente" não é mais do que a mais jovem componente humana da instituição militar.
Por outras vias chegou-me "às mãos" um texto muito mais amplo, atribuído ao mesmo General, onde se lê, a determinada altura:
"Até agora têm falado e agido os mais velhos, logo os mais conhecedores, os mais compreensivos, os mais cautelosos. Mas atenção aos jovens. Os mais jovens são os mais generosos de todos nós, mas são também os mais sensíveis a injustiças, os mais corajosos e destemidos, os mais puros nas suas intenções, os mais temerários (muitas vezes imprudentes)".
À primeira vista parece que subliminarmente ao texto há uma ameaça velada, o que já foi esclarecido pelo Senhor General. Mas não deixa de ser sintomático o facto destas declarações surgirem numa altura em que muito se discute sobre o futuro das carreiras militares, nomeadamente o reconhecimento de um estatuto remuneratório diferenciado que acautele a especificidade da profissão, onde pontifica a permanente disponibilidade para o serviço e a exigência do cumprimento de um juramento que hipoteca a própria vida em prol da Pátria, argumentos por si sós suficientes para lhes dedicar alguma atenção.
Contudo, talvez seja apenas uma forma de exercer pressão, porque outro mérito não me parece encerrar.
É que como dizia um insigne Professor de Ciência Política, existem três vias para aceder ao poder pela via dita democrática: controlar a educação, controlar as forças armadas e controlar a comunicação social. E nesta matéria, ao longo dos ditos 33 anos de democracia, alguns fizeram bem o "trabalho de casa".

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