Mas nestas coisas não há nada melhor do que "falar" com quem sabe...

No meu último "retiro" em Monção adquiri e li um livro fabuloso (para quem se interesse pela história do Alto Minho) que é uma feliz compilação de diversas publicações e textos da autoria do Padre Manuel António Bernardo Pintor, Castrejo de nascimento e Ribamourense por adopção. Trata-se da sua "Obra Histórica I", editado em 2005 pelo Rotary Club de Monção o qual, por ser o primeiro, desperta a curiosidade para os que venham a seguir...
Pois surpreendam-se, como eu, porque a determinada altura, acerca das origens da freguesia de Prado, na periferia de Melgaço, o Padre Bernardo dá conta de um escrito datado de 1323, cujo teor é o seguinte:
"A 1 de Julho o Cabido de Tui aforou a Martim Pires e a Marinha Joanes o Casal de S. Lourenço (...) cujo foro ou renda a pagar era de 10 quarteiros de pão, 6 quarteiros de milho, 3 quarteiros de ceveira e 1 quarteiro de órgia, tudo pela medida de Melgaço, e mais metade do vinho que Deus der, sendo o pão levado à eira e o vinho à dorna.
E mais ainda por direitos vários 10 soldos leoneses e 2 capões pelo Natal, 1 cabrito na Páscoa, 4 lampreias do Ribeiro em meados de março e pelo S. João 2 afusais de linho e 9 soldos velhos de Portugal".
Bem sabendo que esta linguagem iria criar confusão a muita gente, o estudioso Padre explica:
- Quarteiro era a quarta parte do moio e o moio era muito diferente de terra para terra como hoje o alqueire. Desde 16 a 64 alqueires havia muita variedade de moios.
- Nas redondezas de Melgaço existiam diversas medidas para o alqueire sendo que o de Monção tinha 20 litros, o de Valadares 24, o de Melgaço 30 e o de Castro Laboreiro 45.
De salientar a referência ao "afusal", termo que eu ouvia em pequeno e de igual modo relacionado com o linho. Pois o afusal é a quarta parte de uma pedra de linho, ou dois arráteis de linho e o arrátel uma antiga medida de peso de dezasseis onças ou 459 gramas.
Já agora, a onça é um peso antigo, equivalente à décima sexta parte do arrátel, ou seja, 28,6875 gramas.
Para quem não saiba ou não se lembre, o bispado de Tui estendia-se até ao rio Lima, seguindo a divisão suévica do Século VI, situação que se manteve até ao Século XVI, aproximadamente (pág.s 360 e 361 da obra citada).
3 comentários:
É sempre um prazer vir por aqui! Saímos sempre mais ricos. As medidas antigas também me interessam e ando às voltas com as "varas", "braças", "côvados" e outras. Este ano passei uma semanita em Ponte de Lima, só para arregalar os olhos.
Aquela Guerra de família entre mãe e filho arrasou os galegos. Para mim eles continuam a falar português antigo, castelhanizado, mas português.
Um abraço amigo
Só conheço a arroba... tudo quanto puderes
gostei muito de lhe visitar!
vim pelo comentário do i-phode que fez no blog maravilhoso da moura ao luar e por aqui fui ficando... e lendo...
beijos gratos
maria{SS}
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