quarta-feira, 16 de julho de 2008

O Tesouro Encantado (III)

Chegaram finalmente à clareira de relva verde e fresca que bordejava o generoso manancial. Conheciam bem a serra e a nascente onde se dessedentaram vezes sem conta, uma água cristalina e fresca com não havia igual. Até se dizia que detinha propriedades medicinais por causa do ouro que estava depositado nas entranhas da terra donde brotava e já várias pessoas tinham obtido a cura para as suas moléstias mas a noite e as sombras formadas pela luz pálida do luar tornavam o lugar mais sinistro do que alguma vez imaginaram.
Não havia tempo a perder. Sabiam bem o que era preciso fazer e o tempo urgia porque já passava das onze e à meia noite em ponto tinha que se dar início ao ritual. Pousaram os provimentos que carregavam às costas transpiradas quer pela carga, quer pela extensa caminhada, sempre a subir, quer ainda pela emoção e, porque não, por um mal disfarçado medo. Começaram então a preparar o cenário tal como tinham lido no livro e delineado vezes sem conta.
Desenharam um pentagrama, a famosa estrela de cinco pontas de que tanto tinham ouvido falar mas cujos poderes ignoravam, tendo o cuidado de orientar o vértice por forma a coincidir em simultâneo, à meia noite em ponto, com a posição da lua e da nascente de água. No meio do pentagrama construíram toscamente uma espécie de altar onde foram depostas em círculo, depois de degoladas, as cinco galinhas pretas que tinham desaparecido misteriosamente mas que ali reapareceram prontas a serem sacrificadas às forças ocultas que guardavam o cobiçado tesouro. No meio do círculo formado pelas carcaças ensanguentadas das galinhas foi colocado o gato preto da Ti Ana que, por causa do seu mau feitio, já tinha sido sacrificado no dia anterior. À volta do enigmático altar foram acesas as cinco velas que completavam o quadro.
Ficava assim concluído o cenário onde decorreria a função que lhes havia de trazer a almejada fortuna.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ai que esta história está de arrepiar, he,he...Vamos esperando o desfecho.
Beijinhos

Bocanegra disse...

Aposto que os farsantes vão ter uma acagaçadora surpresa!

Força na berga, pois está a ficar um conto de se lhe tirar o chapéu.

Abraços