sábado, 1 de novembro de 2008

Todos os Santos


Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram

Ninho e filhos e tudo, sem piedade...

Que a leve o ar sem fim da soledade

Onde as asas partidas a levaram...


Deixá-la ir, a vela que arrojaram

Os tufões pelo mar, na escuridade,

Quando a noite surgiu da imensidade,

Quando os ventos do Sul se levantaram...


Deixá-la ir, a alma lastimosa,

Que perdeu fé e paz e confiança,

À morte queda, à morte silenciosa...


Deixá-la ir, a nota desprendida

Dum canto extremo... e a última esperança...

E a vida... e o amor... deixá-la ir, a vida!


Antero de Quental

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostei, sim senhor...

Anónimo disse...

Lindíssimo poema. E a música é perfeita!
Um abraço

Ferina*izil* disse...

Lindo poema, e tão verdadeiro
parabéns pela escolha.
izil

susana disse...

Não sei se sabes, mas as Deusas são seres imortais,daí tanto faz que faça sol, ou chova. E não me venhas com ares de púdico, porque eu sei que adoras aquele tipo de postagens ehehe!
Poema muito propício ao dia. Quando nada nos diz, a morte não parece assim tão má...
beijinhos