Adeus, dissemos
E nada mais de então ficou
De asas quebradas
Foi a ave branca que voou
Voa lá alto, que eu morro, bem sei, sem voltar
Cantem as aves do monte qu'eu fui ver o mar.. .
Ai,
Não sei de mim;
Ai,
Não sinto nada..
Ai,
E nem,
Voltei.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
A Saia da Maitê
Eu também fui contemplado com o vídeo do "Saia Justa" que vinha acompanhado de um texto escrito por alguém profundamente indignado e quase a exigir que Maitê Proença fosse declarada persona non grata e proibida de voltar a entrar em Portugal. Vi e sorri, pensando cá para mim que era mais um email a rodopiar pela web até se cansar. Mas não. De repente, aquele vídeo é transformado num caso do dia, da semana, do mês, quiçá, do ano.
Essa gente não tem mais nada que fazer? Para quê alimentar uma polémica por causa de uma sátira (se se pode chamar àquilo uma sátira), quando há coisas muito mais importantes para discutir?
É que se continuamos assim vamos ter de pedir perdão aos alentejanos, aos minhotos, aos beirões, aos negros, aos brancos, a Samora Machel (por acaso também era negro), aos ciganos, aos polícias, aos ladrões, aos maric, não, aos gays, às lésbicas, aos hetero, tudo grupos formados por pessoas que constantemente servem de tema para todo o tipo de humor...
Onde pára o sentido de humor deste Povo?
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Evocação de um Crime
Decorreu menos de um mês da data comemorativa de mais um aniversário do 11 de Setembro, não o que todos temos ainda vivo na memória mas outro mais horroroso provocado precisamente pelo ímpeto colonialista daqueles que sofreram o de 2001.
Este aconteceu no Chile, em 1973, e já pouco se fala nele.
Mas agora que ao actualizar as minhas leituras habituais me deparei com o relato cru da forma como foram tratados os prisioneiros políticos no Estádio de Santiago do Chile, aqui vos deixo esta música e ali o texto que certamente vos fará ficar, como a mim me fez, com a sensação de ter levado um soco no estômago.
domingo, 4 de outubro de 2009
Honras Militares
É difícil julgar qualquer caso quando não se tem uma visão completa do problema. Contudo, até que seja prestado qualquer esclarecimento sobre os motivos que levaram o presidente da câmara municipal de Lisboa a "dispensar" a GNR das cerimónias comemorativas da implantação da republica, acto em que sempre participou com brio e profissionalismo, a versão que corre na comunicação social está sintetizada no pequeno extrato do DN online acima referido.
A ser assim, fica-lhe mal, sr. presidente. Essa arrogância só demonstra quão mesquinho é, ao tentar ridicularizar uma Instituição secular que ultrapassou barreiras políticas e ideológicas e continua orgulhosamente a servir a Pátria.
Será a continuação do seu trabalho de descredibilização e descaracterização que iniciou enquanto MEAI?
Será algum trauma de infância, à semelhança de um seu antecessor governamental que dizia constantemente que aquele não era o seu ministério?
Eu aconselho-o a ler, ou mandar ler, o que existe de legislação nesta republica das bananas em que vocês transformaram Portugal. Para ajudar, aqui vão algumas pistas:
Regulamento de Continência e Honras Militares (Decreto Lei n.º 331/80 de 28 de Agosto, alterado pelo Decreto Lei n.º 76/81, de 15 de Abril de 1981)
Art. 11.º
...
3 – Os Presidentes das Assembleias e dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira têm honras de Ministro do Governo da República (categoria III do quadro B do capítulo V) na área das suas regiões.
4 – Os governadores civis têm honras de oficial general (categoria V do quadro B do capítulo V) quando em actos solenes oficiais a que presidam na área dos seus distritos e que exijam essa representação.
5 – Os oficiais estrangeiros, quando em actos oficiais, têm honras iguais aos da mesma patente das forças armadas nacionais.
6 – Nos navios de guerra deve observar-se o que sobre o assunto estatui a Ordenança do Serviço
Lei das Precedências do Protocolo do Estado Português (Lei n.º 40/2006, de 25 de Agosto)
Art. 7.º
...
40) Juízes desembargadores dos tribunais da relação e tribunais equiparados e procuradores-gerais-adjuntos, vice-reitores das universidades e vice-presidentes dos institutos politécnicos de direito público;
41) Presidentes das câmaras municipais;
42) Presidentes das assembleias municipais;
43) Governadores civis;
44) Chefes de gabinete do Presidente da República, do Presidente da Assembleia da República e do Primeiro-Ministro;
...
Artigo 31.º
Presidentes das câmaras municipais
1—Os presidentes das câmaras municipais, no respectivo concelho, gozam do estatuto protocolar dos ministros.
2—Os presidentes das câmaras municipais presidem a todos os actos realizados nos paços do concelho ou organizados pela respectiva câmara, excepto se estiverem presentes o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República ou o Primeiro-Ministro, nas Regiões Autónomas, têm ainda precedência o Representante da República, o Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente do Governo Regional.
3—Em cerimónias nacionais realizadas no respectivo concelho, os presidentes das câmaras municipais seguem imediatamente a posição das entidades com estatuto de ministro e, se mesa houver, nela tomarão lugar, em termos apropriados.
...
Pode ser que o código de posturas municipais da kapital tenha algo mais acerca do tema e se sobreponha às leis que foram aprovadas por órgãos legítimos.
Mas para mim é uma séria tentativa de levar para a praça do município a SUA polícia municipal que certamente lhe satisfará todas as vontades.
sábado, 3 de outubro de 2009
Pobreza
É preocupante mas não transparece. Por aqui deparamo-nos com um aparente nível de vida razoável mas é muito "fogo de vista" que ofusca os sentidos de muita gente. Longe dos centros de poder e de decisão, as gentes do Alto Minho conseguem disfarçar a humilhação de uma realidade já antiga à custa de foguetes, de muito folclore e uma enorme resignação, numa demonstração de invulgar ingenuidade em que são embalados pelos "vendedores de sonhos" que de vez em quando, tal como agora, apregoam aos quatro ventos o advento da "terra prometida".
E no entanto, a pobreza anda por aí, semi-escondida, envergonhada, porque os minhotos não são de dar o flanco, preferem remoer o desprezo a que são votados sem deixar transparecer o que lhes vai lá por dentro.
Os números já colocavam o Distrito de Viana do Castelo na cauda do rendimento per capita do País há muitos anos mas nem o enorme afluxo de dinheiro da União conseguiu reverter a situação. A realidade é que os jovens continuam a denotar falta de qualificações (que de pouco lhes aproveitaria, mesmo que as tivessem) e optam por emigrar, seguindo na peugada dos pais e, já em muitos casos, dos próprios avós.
São as suas remessas que ainda ajudam a disfarçar a crueza dos números que, sem esse contributo, seriam, certamente, muito mais devastadores.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Politicando
Mas no meio dessa confusão toda há uma coisa que me perturba: é a "lata" do partido no poder a fazer de conta que nada se passou nos últimos quatro anos de governação e o entusiasmo da arraia que depressa esqueceu os arremedos totalitários timidamente manifestados.
Mas eu não esqueço o estigma que o "nosso primeiro" e os seus acólitos lançaram sobre a administração pública (AP), antes mais conhecida por função pública. Foi sob a influência política dessa mesma cor partidária que mais se alimentou o "monstro" e foi este (des)governo que “vendeu” bem a ideia de que era ali que residiam todos os males das finanças públicas. E com fortes aplausos de quem estava comodamente instalado atacou em todas as frentes: o ensino, a saúde e a segurança foram áreas hostilmente confrontadas com reformas economicistas e os funcionários em geral subjugados e traídos nas justas expectativas que alimentavam em relação às respectivas carreiras.
Tudo isso para quê?
Para sanear as finanças públicas poupando nas despesas com pessoal.
Todos sabemos o resultado. Perante a instabilidade gerada os que puderam debandar fizeram-no rapidamente e em força, o regime de mobilidade foi um fiasco total que serviu apenas para "encostar" alguns quadros desqualificados e em pré-aposentação, a falta de pessoas para desenvolverem tarefas essenciais foi suprida à custa de aquisição de serviços e assim ficou aberto o caminho para outras formas encapotadas de recrutamento com requisitos estabelecidos à medida.
Até agora os objectivos do défice foram cumpridos e a AP continuou a funcionar.
Só falta saber ao estado a que o Estado chegou quando, depois da euforia da vitória, os futuros governantes adquirirem conhecimento de todas as continhas.
Algo me diz que a "cobra vai fumar".
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Malafaia: Une fois, ça suffit...
Eu fui lá há dias pela primeira vez e gostei. Uma boa organização, óptimo espaço e bem arejado, muita animação, comida e bebida a rodos... Mas para mim basta. Se lá voltar será quando estiver no lar, de fraldas, meio "che-che" e sem poder determinar a minha vontade.
De negativo foi o ruído excessivo, o desperdício de alimentos (verdadeiramente chocantes as quantidades enormes de costela, frango de churrasco e outras "especialidades" da casa que iam direitinhas para os sacos do lixo) e a péssima qualidade dos rojões, das pataniscas e dos pastéis de bacalhau, que do fiel amigo nem rasto...
Mas as sardinhas, o bailarico e o "camboinho" a abanar o cu acabaram por superar os pontos fracos.
De resto, quem nunca lá foi deve ir... pelo menos uma vez.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Cansaço
Por essas razões, por aqui não há nada de novo.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
A Subsidiodependência
Perdão: mas existe alguma força policial do tipo GNR, em qualquer lado do mundo, que não faça escalas, prevenções, plantões e patrulhas? Que não faça investigação criminal? Que não tenha comando? Não estão aqui reunidas, afinal, todas as funções e tarefas da GNR, começando por ser a de uma 'força de segurança'? Se cada uma das suas tarefas tem direito a um subsídio especial (e todos eles cumulativos, afinal), o que resta de um GNR que não seja subsidiável pelo Estado - o uso da farda, o transporte em viatura, os danos auditivos do toque da corneta?
Os militares das FA estão justamente revoltados com tanta benesse a favor da GNR. E, portanto, querem bani-las? Não, querem igual...
Miguel Sousa Tavares in Expresso
O texto acima, da autoria de Miguel Sousa Tavares (MST), faz parte de um artigo de opinião publicado no Expresso online de 8:00 Segunda-feira, 10 de Ago de 2009 e revela a bandalheira que se instalou no sector da administração pública.
Sei, por experiência própria, o que é a "caça" aos subsídios e suplementos e os efeitos nefastos que isso importa às organizações. Por isso, e apesar do estilo mordaz e de alguma falta de rigor da sua análise, vejo-me forçado a concordar com MST na crítica que faz ao sistema remuneratório que se criou para a GNR e às movimentações assolapadas das diversas associações profissionais das Forças Armadas que pretendem seguir na mesma "onda".
Já dizia um antigo magistrado que exerceu as elevadas funções de Inspector Geral da Administração Interna (IGAI), com uma dignidade e um brilho até agora inigualável, que as forças de segurança não tinham necessidade de ter um subsídio de risco porque a profissão é em si uma profissão de risco pelo que deve ser remunerada em conformidade.
O subsídio de risco nunca foi criado, apesar das múltiplas reivindicações das organizações associativas, mas foram criados inúmeros suplementos e subsídios, distribuídos muitas vezes a esmo, que serviram não só para "calar a boca" às associações profissionais mas também para colmatar sérias lacunas e derrapagens salariais verificadas principalmente no decurso da última década.
E quando tudo fazia prever que o novo estatuto remuneratório iria colocar um ponto final nesse problema, eis que a subsidiodependência surge agora, com maior ênfase, no projecto recentemente aprovado em Conselho de Ministros, agravado com a inclusão, no estatuto profissional, de um horário de referência de 36 horas semanais. Mal comparado, tudo isto se assemelha à guerra do recentemente extinto e já saudoso Raul Solnado, em que uns atacavam às segundas, quartas e sextas e os outros às terças, quintas e sábados. E ainda tinham um dia de descanso!
Não sei quem fez os estudos nem quem discutiu estes diplomas com o poder político. Posso, porém, afirmar que quem os fez não ponderou todos os inconvenientes do ponto de vista do interesse público. É que a segurança de pessoas e bens não tem um tempo definido, as funções policiais não se compadecem com um horário de referência, o seu exercício não se esgota num giro de seis, sete ou oito horas diárias, a distribuição de meios implica deslocações territoriais e desagregação familiar por longos períodos de tempo e a constante necessidade de auto formação concorre com os períodos de tempo de descanso ou de convívio familiar. Aliado a tudo isto há o dever de disponibilidade permanente, os juramentos de bandeira e de fidelidade e ainda o compromisso de honra, onde se promete servir a Pátria mesmo com o sacrifício da própria vida, a renúncia a muitos direitos cívicos e a proibição do exercício de actividades incompatíveis com a função. Sempre foram estas particularidades que deram legalidade aos responsáveis pelas forças de segurança para conceder aos seus elementos um salário superior ao de algumas franjas do leque de servidores do Estado e excepcionais condições de aposentação e aos agentes a necessária legitimidade para reivindicar melhores condições económicas.
A partir do momento em que pretensamente se aproximem e equiparem as diversas carreiras profissionais e o seu efectivo exercício tudo é possível que venha a acontecer, inclusivamente aguentar com o pau, porque as costas já as puseram a jeito.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Brandas ou Verandas?
O saudoso Padre Bernardo* foi um acérrimo defensor da Veranda. E justifica: "A palavra correcta é veranda, de verão, e bem o justifica o fenómeno etnológico de Castro Laboreiro onde a maioria do povo tem duas povoações, a saber, a veranda onde passa o verão e a maior parte do ano e a inverneira onde passa o inverno" .
Então porquê o uso tão comum de Branda? O mesmo Padre Bernardo explica: "A pronuncia estropiada de branda em vez de veranda compreende-se. Cá na região o povo substitui facilmente a letra v pelo b e diz binho, baca, cabalo, bista, o que explica a troca de pronúncia da primeira letra de veranda. A segunda letra da palavra, um «e» mudo antes de «r», esvai-se facilmente antes da pronúncia como em palavras semelhantes, ao menois cá no região onde o povo diz: esp'rança, pref'rência, ref'rência ..."
Pessoalmente inclino-me para Branda, que me desculpe o eminente teólogo, porque é assim que a minha gente pronuncia, porque é mais fácil, soa muito bem e assenta perfeitamente na paz de espírito, na brandura do clima e no sossego que ali se vive.
Para quem não souber, as brandas são (eram) pequenos aglomerados de casas simples, em geral com uma só divisão, quatro paredes e um tecto de telha vã, sem outro conforto que não fosse uma lareira para cozinhar e um cama, um catre de madeira com um enxergão de tomentos cheio de palha de centeio, eventualmente uma arca para guardar as provisões.
Em torno das casas ficam os campos de feno e as "tapadas", pequenas propriedades cercadas com muros de pedras soltas onde se recolhiam os animais para pastar e pernoitar, embora o maior manancial de pastagens venha dos extensos baldios que se alongam pela serra. Regra geral, em todas as brandas existe uma capela dedicada a um santo ou santa.
O acesso a esses lugarejos era feito a pé ou em carros de bois e apenas eram habitados pelos "brandeiros" após as sementeiras de Maio, regressando em Setembro para fazer as colheitas e também porque o aproximar do Inverno tornava a vida ali impossível.
Como bem escreveu Miguel Torga, "preparava a casa de inverno para quando chegasse a hora da transumância e toda a família —pais, irmãos, gados, pulgas e percevejos— descesse dos cortelhos da montanha para os cortelhos do vale, abrigados das neves".
A maior e talvez a única concentração de Brandas situa-se na Serra da Peneda, na confluência dos concelhos de Melgaço, Monção e Arcos de Valdevez, sendo as mais conhecidas a de S. Bento do Cando, a de Aveleira e a minha preferida, Santo António de Val de Poldros.
Outras existem, ou existiram, mas que vão perdendo significado porque vão sendo abandonadas: o meu Outeiro, Covelo, Mourim, Bouça dos Homens, Furado, Junqueira, Gorbelas, Bordença... e a Peneda, que foi branda mas o culto da Senhora das Neves transformou no maior centro mariano de peregrinação do Alto Minho.
Nesta época do ano aqueles lugarejos fervilham de vida, porque ali está-se de bem com Deus e com a Natureza.
E só agora fiquei a saber, através de uma telenovela realizada em Arcos de Valdevez por um conhecido canal privado de televisão, que os lobos são terríveis predadores de galinhas!!!
*PINTOR, Padre Manuel António Bernardo, Obra Histórica, Monção, 2005
terça-feira, 21 de julho de 2009
Perplexidade...
Trata-se de um "Procedimento Concursal para ocupação de um posto de trabalho na carreira/categoria de Assistente Operacional, na modalidade de Contrato de Trabalho em Funções Públicas por Tempo Indeterminado" e ainda constituir uma reserva de recrutamento válida por dezoito meses, o que vai gerar, certamente, muitas expectativas para quem procura um emprego.
Mas o que mais perplexidade causa é a descrição de funções e o grau de exigência das provas que os candidatos(as) têm de superar, bem como a catrefada de diplomas legais que têm de estudar para as mesmas.
No âmbito das funções a desempenhar "Compete genericamente ao Assistente Operacional, tal como previsto na caracterização da respectiva carreira no Mapa anexo à Lei n.º 12 -A/2008 de 27 de Fevereiro, funções de natureza executiva, às quais corresponde o grau de complexidade 1, de carácter manual ou mecânico, enquadradas em directivas gerais bem definidas e com graus de complexidade variáveis, a execução de tarefas de apoio elementares, indispensáveis ao funcionamento dos órgãos e serviços, as quais podem comportar esforço físico, implicando responsabilidade pelos equipamentos sob sua guarda e pela sua correcta utilização, procedendo quando necessário, à manutenção e reparação dos mesmos, designadamente, em conformidade com o estabelecido no Mapa de Pessoal da Inspecção -Geral da Administração Interna e tendo em conta as atribuições, competências e actividades da Secção de Processos e Expediente Geral, da Secção de Pessoal e de Economato, do Serviço de Inspecção e de Fiscalização, do Núcleo de Apoio Técnico e do Secretariado de Apoio à Direcção, tais que a reprodução de documentos e execução de todas as tarefas de apoio geral aos serviços e actividade da referida Secções e Serviços".
O resto pode ser lido aqui, se tiverem interesse e pachorra para tal.
Em duas palavras eu diria que o assistente operacional é o "burro de carga" o "pau para toda a obra", o correspondente numa concepção algo fora de moda a "mainato(a)".
Quase arriscava afirmar que os requisitos para ocupar cargos importantes nos órgãos superiores de direcção e administração das grandes EPs não são tão exigentes.
Pelo menos não consomem tanto espaço no DR.
sábado, 11 de julho de 2009
O Pote do Caldo
Foi o que me aconteceu uns dias atrás quando passeava descontraidamente pela pacatez e aconchego da histórica e secular vila de Monção. Na esplanada do Escondidinho encontrei dois “velhos” conterrâneos, vizinhos de Modelos e amigos: o Nelo do Púcaro e o Armando do Senso. Ambos fazem parte de uma geração um pouco anterior à minha e experimentaram o sabor amargo da emigração, no tempo em que se ia “a salto” para terras gaulesas por diversas razões mas principalmente devido a enormes carências económicas.
E foi em torno desta problemática que a conversa fluiu, quer em termos de análise da actualidade, quer recordando aqueles tempos e estabelecendo termos de comparação.
Naquele vasculhar e avivar de lembranças de outro tempo, discorremos sobre as lavradas (fiquei a saber que a última, no lugar de Modelos, era a do Jeremias, com direito a lançamento de um foguete e para a qual era feito convite através de uma criteriosa selecção), sobre os incidentes no exercício da pastorícia com as vezeiras que povoavam a serra, a asfixia dos povos da montanha com a política florestal implementada pelo Estado Novo e os proveitos que essa política também levou àqueles confins do mundo, as dificuldades por que passaram as famílias numerosas, nas quais nos integrávamos tanto eu como o Nelo, compostas por agregados familiares a rondar a dezena de elementos…
Aqui, o Armando, talvez porque na família dele, um agregado familiar de reduzida dimensão (seriam três ou quatro irmãos), não se teria feito sentir muita aflição para prover o sustento de todos, exclamou sorridente:
- Eh, pá! Devia ser complicado alimentar aquela gente toda!
Com o conhecimento de causa que a minha memória conserva retorqui:
- Não era nada, era só uma questão de fazer mais ou menos caldo…
Acrescentou o Nelo:
- É verdade, minha mãe tinha dois potes, um de sete e outro de nove tigelas…
sábado, 4 de julho de 2009
Raly Sprint (quê?)
Nada me move contra estes eventos mas o local para esta realização é que não me parece nada adequado.
Como se pode verificar no prospecto do programa, o percurso inicia-se junto da escola primária de Riba de Mouro, uma infraestrutura que se encontra encerrada por causa das novas políticas educacionais, desenvolve-se numa primeira fase, em jeito de aquecimento, até ao Monte do Santo e dali, em competição, até Bogalheiras .
O que certamente muita gente desconhece é que o itinerário assenta num antigo caminho florestal que rasgou a serra de Riba de Mouro até ao Batateiro, passando por Cavenca, Santo António de Val de Poldros e Aveleira e pelo caminho é fácil encontrar pessoas
E a designação "Alvarinho" será a propósito de quê?
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Opróbio II
A reacção foi firme e adequada.
Parece que, finalmente, a razão começa a prevalecer sobre a ignomínia e o Provedor do Espectador veio agora sugerir aos responsáveis que peçam desculpa à GNR. Isto já depois de o vídeo ter sido removido do site da RTP e do Sapo Vídeos.
Sobre o mesmo assunto foi igualmente publicado um artigo na versão impressa do JN de hoje, da autoria de Dina Margato, que procurou obter as reacções da RTP2, tendo-lhe sido dito que "nunca se pensou que o vídeo em questão pudesse ser interpretado fora da nota humorística que caracteriza o programa" e também do autor do "sketch" que se limitou a dizer "compreendo que possam ter-se sentido ofendidos, mas não foi minha intenção", entre outras "graças" de gosto duvidoso. É pouco, muito pouco, quer da parte da RTP2, quer da parte do autor.
O mínimo que se pode exigir é, efectivamente, um pedido de desculpas inequívoco já que os danos da ofensa irão prevalecer ligados à maléfica frase "adopte um gnr" e só o tempo determinará a real dimensão dos efeitos produzidos.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Opróbio
Espero encontrar os responsáveis no único sítio onde se dirimem estes casos ou então deixarei de acreditar em conceitos como justiça, honra, dignidade, carácter, respeito...
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Ponto Final
Agora surge o apelo à comunidade internacional com vista a angariar fundos para trasladar os cavalos para o Brasil e dali rumar a casa.
Aqui ficam as referências para o caso de alguém querer ajudar...
Banco (Bank en alemán) : Volksbank Nahe-Schaumberg eG
Nombre del poseedor: Guillermo Neis
Cuenta (Konto, en alemán) Nr.: 333913
IBAN: DE 40590995500000333913
BIC: GENODE51NOH
Motivo de la Transferencia: Eduardo Díscoli
terça-feira, 23 de junho de 2009
A Alguém que já não volta
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!
Antero de Quental, Sonetos
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Para Aquecer
Entusiasmado com os incentivos apregoados para a aquisição de sistemas alternativos para aquecimento de águas sanitárias, pesquisei informação na internet e sondei alguns instaladores certificados.
Na internet está tudo bem explicadinho:
***
O Sol quando nasce é para todos. E a energia solar também.
Beneficie do programa de incentivo à utilização de energias renováveis, com condições especiais e garantia de poupança.
Vantagens na aquisição:
- Serviço "Chave-na-Mão": financiamento, equipamento e instalação;
- Manutenção e Garantia do equipamento assegurada durante 6 anos;
- Comparticipação imediata do Estado no valor fixo de € 1.641,70;
- Benefícios fiscais de 30% do custo do investimento em sede de IRS com máximo de €796;
- Cerca de 20% de poupança na factura do gás;
- Facilidade no processo de encomenda;
- 100% de financiamento em Crédito Individual/Pessoal com condições especiais:
- Euribor a 3 meses + 1,5%;
- Só pagará juros após instalação do equipamento;
- Possibilidade de pronto pagamento.
As Marcas:














Os Bancos:
Banif
BES
BPI
Caixa Geral de Depósitos
Crédito Agrícola
Millennium BCP
Montepio
SantanderTotta
Os preços (clique na imagem para aumentar):
Fonte: http://www.paineissolares.gov.pt/incentivo.html
***
Até aqui correu tudo bem, mas quando contactei alguns fornecedores e instaladores de equipamentos da mesma marca e nas mesmas condições fiquei estupefacto: É possível adquirir os mesmos produtos fora do programa de incentivos a preços inferiores aos praticados pelos bancos aderentes, mesmo contando com o desconto da parcela financiada pelo Estado. E ainda acresce o benefício fiscal através da dedução no IRS...
Afinal, a quem beneficia esta autêntica "banha da cobra" tão cara ao nosso primeiro?
Monção em Festa
No início da semana deparei-me com esta coisa em plena Praça Deuladeu, o antigo Terreiro, que constitui a "sala de visitas" da urbe.


Dúvidas que se dissiparam de seguida e no seu lugar repousaram por algumas horas a Coca Rabicha e a sua filha, fruto do casamento daquela com o dragão de Redondela.



Paralelamente, o alvarinho ia pregando as suas partidas... Para quem não sabe, deixo aqui um conselho: o vinho alvarinho deve beber-se de pé porque se estivermos sentados corremos o risco de não nos conseguirmos levantar.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Panga
A aquacultura será, num futuro muito próximo, a única forma de colocar peixe no mercado para alimentação humana mas saberemos bem o que vamos ter na mesa na hora da refeição?
Vem isto a propósito de um email que me enviaram a dar conta da existência no mercado de "peixe-gato" que sabe a... àquela coisa... e da origem desse produto. Eu próprio já consumi disso, adquirido a muito bom preço no Jumbo, numa daquelas promoções com 60% de desconto e confesso que até gostei.
Como também já consumi e gostava muito de trutas grelhadas, sim dessas que se criam em tanques e se alimentam com umas rações esquisitas. Gostava, disse, porque após ter ido a uma dessas explorações e ter visto a forma como são alimentadas fiquei com vómitos e deixaram de fazer parte da minha dieta.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Alto Minho
Um conterrâneo de Tangil tem um acervo fotográfico do melhor que há, como se pode observar em diversos álbuns e sítios da web.
Aqui podemos apreciar uma das facetas mais lindas das nossas "montanhas lindas" e também outras coisas belíssimas, entre as quais as últimas realizações da autarquia de Monção no sentido de tornar o parque das Caldas um local ainda mais aprazível.
Ao Silvano um muito obrigado.
Novo Contador
Como podem verificar, a partir de agora estou "de olho" em vocês;)
Claro que apenas dá indicação das visitas recebidas a partir da sua colocação que ocorreu em 23 do corrente mês mas isso nem sequer é muito importante. Importante é a certeza de que as minhas visitas são as melhores do mundo!
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Um Homem não Chora?
Chora sim. Mesmo que não se vejam as lágrimas chora. E é uma ideia brilhante, mostrar às pessoas, às gerações diversas, que nós humanos manifestamos sentimentos adversos e erramos.
Penso que todos passamos pelas fases mais contraditórias. A visão deste vídeo evocou-me bem a falta de paciência que quase sempre manifestava para atar os cordões das botas de meu Pai, porque ele não conseguia lá chegar devido a uma deficiência crónica após um trágico acidente, e recrimino-me por isso. Lembrei-me também do esforço que ele fazia, deitado, com a perna esquerda dobrada apenas pelo joelho para conseguir chegar aos atacadores, sempre que decidia fazê-lo ele sem nos aborrecer, ou quando nos enfastiávamos com as suas conversas, porque era um conversador nato e fazia-lhe falta conversar, e também me recrimino por isso.
Só que de nada vale esta auto-flagelação ou auto-comiseração. Hoje teria procedimentos e atitudes diferentes mas... é tarde. Muito tarde...
Desculpa Pai.
PS: Um agradecimento especial à Catarina C. pela sua postagem que me indicou o caminho.
domingo, 24 de maio de 2009
Espanholês?
Os aplausos e os sorrisos estampados no rosto da distinta assistência são, seguramente, para os dotes oratórios do nosso primeiro em espanholês. Assim é que é falar...
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Do Rio Tua ao Rio Pinhão - Arguido
Se gostaram deste excerto, podem continuar a ler. A história integral encontra-se aqui.
domingo, 17 de maio de 2009
O Apóstolo do Kamasutra
Diz o venerando capuchinho que "El matrimonio puede demostrar su amor de todas las formas posibles. Esto puede incluir estimulación manual u oral" e que "Todo acto, caricia o posición sexual que tiene como objetivo la excitación del cónyuge está permitido, y agrada a Dios. Durante el acto sexual, el matrimonio puede demostrar su amor de todas las formas posibles, y brindarle al otro las caricias más deseadas".
Assim é que é falar. Não tenho a mais pequena dúvida que a pregar assim não lhe vão faltar "ovelhas" para apascentar.
E se o Agostinho foi santo, este também merece o seu lugar entre os oragos mais distintos.
Se quiserem ver mais podem ler aqui, comprar o livro, ou ir ao seu site, ou de férias até ao mosteiro de Stalowa Wola que é onde ele recebe quem recorre aos seus serviços.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
A Caminho de Bruxelas
Eu aprecio as pessoas que se batem para que lhes seja feita justiça, não os justiceiros, mas aqueles que sofrem as injustiças da justiça, seja ela qual for.
São muitos os casos, alguns até hilariantes, em que a administração não faz justiça àqueles que são a sua principal razão de existir mas que se resolvem de uma penada logo que o escândalo é denunciado pelos órgãos de comunicação social, principalmente a televisão: ninguém quer passar para a opinião pública uma imagem de incompetência...
O caso que hoje me inspira é merecedor da máxima divulgação porque revela o que de mais sórdido pode suceder numa sociedade que, apesar de se reconhecer evoluída, me parece estar mais próxima da idade média.
José Leones Lima é um cidadão minhoto, nascido na Ribeira Lima e a residir em Viana do Castelo, detentor de uma força de vontade daquelas de "antes quebrar que torcer". A força quebrou, sim, num vil acidente de trabalho que o atirou para uma cadeira de rodas com uma incapacidade parcial permanente de 80%, mas a vontade redobrou.
Por força disso foi-lhe atribuída pela Segurança Social uma reforma de 180 euros e um complemento de dependência no valor de 97 euros, uma miséria comparada com as rendas de várias centenas atribuídas a mandriões preguiçosos e oportunistas através do RSI, não se sabe com que critérios.
Só que o Homem não se acomodou à cadeira e tem recorrido a tudo que lhe é possível para viver com dignidade. Escreveu vários livros e criou a sua própria editora , o que lhe permite amealhar mais alguns trocos. Porém, o "Big Brother" está de olho nele e por causa das rendas "astronómicas" que deverá andar a angaria como resultado da sua actividade literária e empresarial vai de lhe retirar o complemento de dependência, já que na reforma não se pode tocar.
Assim se cumpre a lei, dizem, mas o que talvez não estivesse nas conjecturas de quem tomou tal decisão é que o Homem tem argumentos de sobra para colocar em causa não só as pessoas mas o próprio sistema.
Já efectuou uma volta a Portugal em cadeira de rodas (VPCR ) para denunciar a falta de oportunidades e de infraestruturas que contemplem as necessidades especiais das pessoas com deficiência e agora propõe-se percorrer, pasme-se, a distância de 2300 quilómetros, até Bruxelas, para denunciar este acto da administração que acreditamos estar de acordo com a lei mas que humanamente está ferido de uma imensurável injustiça.
Força JOSÉ!
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Alvarinho e fumeiro
Pelo que me foi dado observar, por ali tudo continua a "navegar" sem grandes turbulências e fiquei impressionado não só com a imensa massa humana que demandou o recinto situado nas bordas do antigo burgo mas pelo contagiante consumismo desenfreado que estava instalado em torno de tudo que se relacionava com comidas e bebidas.
E também me foi referido, por quem lá esteve durante todo o evento, que o primeiro dia esgotou os stoks de fumeiro. Talvez por essa razão "enfiei" um barrete enorme quando consegui uma pequena dose do famoso presunto de Castro Laboreiro, que evidenciava o escasso tempo de cura e sal a mais.
Penso que naquelas circunstâncias mais valia venderem "jamon" galego, salvaguardando devidamente a proveniência, que seria consumido com o mesmo agrado e resultaria também em excelente negócio, sem adulterar um produto que se requer genuinamente regional.
Do vinho não vale a pena falar. O alvarinho bebe-se sempre com prazer. Surpresas só para quem desconhece as suas virtualidades e pensa que é água.
A picanha no "Sabino" também estava boa e o proprietário, novel confrade da Confraria do Alvarinho, demonstrou atenção e disponibilidade para a vasta clientela fora do comum, o que fica sempre bem.
Veremos o que nos reserva Monção, de 10 a 14 de Junho.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Deserção
"... passo tempo a falar com os meus netos a dizer-lhes que têm de ir trabalhar para fora de Portugal. Quando aconteceu o 25 de Abril, organizei debates com os meus filhos para lhes explicar o que eram os partidos e a democracia. E agora estou a tentar fazer o mesmo com os meus netos".
"A corrupção é o que de mais perigoso existe numa empresa. A uma dada altura, você não sabe quem é o corrupto, se os locais se os seus funcionários. Em segundo lugar, existem problemas gravíssimos de desalfandegamento das mercadorias nos portos. E depois, como é que se distribui em Angola? É preciso camiões, estradas, segurança. E nada disso existe. As pessoas quando falam em Angola, pensam só em Luanda. E ainda é preciso poder de compra. Não são só meia dúzia de clientes".
Quem falou assim foi Alexandre Soares dos Santos, presidente do grupo "Jerónimo Martins", numa entrevista concedida ao novo jornal diário "i" e que podem ver na integra aqui.
O homem não tem papas na língua e já não é a primeira vez que mete a boca no "trombone" para denunciar a incompetência e a mesquinhez da classe política portuguesa.
De facto, sempre que se verifica uma mudança de governo assistimos à "rotação" de cadeiras, à formação de novos lobies, à defesa de novos interesses, a reformas de mobiliário dos gabinetes e da frota automóvel, como se fosse necessário estar sempre a começar do nada, e se a tesouraria mirrar aplica-se mais um imposto ou uma taxa. Em relação ao médio e longo prazo, é como diz o povo: o futuro a Deus pertence...
E não deixa de ser dramática a afirmação de que os netos terão de estar preparados para emigrar.
Infelizmente penso do mesmo modo, por muito que isso me venha a doer no futuro.